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Kingdom – 2×12 No Fault

Por: em 15 de junho de 2016

Kingdom – 2×12 No Fault

Por: em

Há duas cenas de sexo em “No Fault”, e apesar de Kingdom não colocá-las claramente em paralelo, as diferenças entre elas são essenciais para analisar a importância desses momentos para os personagens da série. Christina transa com seu terapeuta na reabilitação. Nate é envolvido em um ménage com pessoas que não conhece. Mas o que diferencia e define esses dois momentos é a vontade.

A volta da matriarca Kulina para essa segunda metade da temporada é um misto de alívio e caos. Chrtistina está bem na reabilitação, quer dizer… Ela não está usando drogras, está interessada nas atividades da terapia em grupo (mesmo que seja para interromper e apontar a falta de honestidade nas histórias de um companheiro) e tem transado com o psicólogo. Ou seja, Christina está bem para o padrão dela.

Não fica claro porque Christina se envolveu com o terapeura, se é que se pode encontrar uma razão. Pode ser porque ela ganha alguns privilégios e benefícios ou porque está entediada ou porque ela simplesmente quer e ele mostrou interesse. No entanto, o que fica evidente é que o relacionamento é confuso. Casado e com o sogro pagando pela sua graduação, o moço se sente culpado. Christina não divide a mesma culpa. Quando ele diz que essa relação tem que acabar, ela aponta que esse assunto sempre vem à tona, mas que para ela está tudo bem se acabasse.

Mesmo com motivações difusas, a vontade de Christina é o que guia esse relacionamento. É ela que está em cima durante o ato sexual e está na posição de fazer demandas (“Não olhe para mim”). No único momento que o psicólogo tenta se impor, quando no quarto depois do passeio com Jay, ele coloca a mão dela na sua calça; ela aumenta o tom da voz e ele se afasta.

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Todas essas questões – vontade e motivações –  estão ausentes no caso de Nate. O Kulina mais novo é drogado por Bob, que tinha contratado Nate como personal trainer no último episódio, durante uma festa e é levado para transar com um homem e uma mulher que ele não conhece para que o milionário pudesse assistir.

Se os elementos “droga” e “Bob” fossem eliminados da equação, a cena poderia ser um lindo momento em que Nate finalmente se rende a sua sexualidade. A homossexualidade ou bissexualidade do lutador sempre foi um tema tratato pela série com muito cuidado. A lentidão com que Kingdom revela informações sobre os relacionamentos de Nate com outros homens é a mesma com que o personagem lida com isso. Nate nunca se mostrou confortável com a sua própria vontade, então nunca se permitiu explorar isso com honestidade. Os apps de relacionamento, fotos e vídeos estão no celular e os encontros casuais acontecem em segredo, com medo e vergonha. Então, esse poderia ser o momento de Nate, mas ele não tem chance de dizer sim. Na verdade, ele não diz nada.

A cena do sexo é dirigida com muito cuidado e beleza. As imagens com a luz natural e fria do quarto se misturam perfeitamente com as imagens com luz vermelha e revelam a ambiquidade do momento. Os carinhos e beijos são trocados pelos corpos ao ritmo de Anenome na cama, enquanto de longe Bob é mostrado, agora sem trilha e com a luz do quarto, acompanhando a cena que é refletida no espelho.

Nate é acordado no outro dia pelo assistente de Bob, que convenientemente é o homem que transou com ele. O lutador interroga o rapaz sobre ter sido drogado e pergunta onde o responsável por isso estava, mas o assistente não ajuda muito e entrega $10 mil. Nate não quer saber de dinheiro e, provevelmente, não encontrará conforto para o que ele está sentindo em nada que ele conhece. Se Nate nunca se abriu sobre sua sexualidade, acho difícil que ele fale para alguém sobre essa experiência imposta. As coisas só parecem piorar para este Kulina.

E quanto aos outros Kulinas? Bom, mais do mesmo. Jay está preocupado com a luta com seu amigo e agregado da família, Ryan, que machucou o joelho e ficou só no gelo nesse episódio. Mas Ryan decidiu que não vai cancelar a luta que deve acontecer em duas semanas. E Alvey… bom, ele está muito mal. A mistura de solidão, bebidas e luto pelo filho não nascido não vem fazendo nada bem ao ex-lutador, que depois de testar suas habilidades para um filme de Bang Bang com sua arma quase tentou atirar em uma laranja.

Mas ao escolher intensificar o momento psicológico dos homens da série, Kingdom apontou seu holofote para Alicia e deu mais um gostinho de como sua vida pessoal pode ser complicada. A lutadora da Alvey Street recebeu a visita da sua irmã, que decidiu deixar sua carreira de modelo em Miami para tentar a vida em Los Angeles. De longe, Ava (Lina Esco) já parecia problema e aos poucos isso vai se confirmando.

Ava se comporta como se as coisas e pessoas do mundo estivesses dispostas à sua vontade. Sempre segura das suas decisões e vontades, mesmo que sua vida reflita uma realidade bem obscura no momento, a modelo vai tentando dominar os espaços que ocupa. Alicia tem consciência da postura da irmã, mas não tem muito o que fazer. Quando a irmã entra em uma briga boba, ela age por impulso e espanca uma moça na rua. As duas têm que fugir, é claro. Mas esse não deve ser o único problema que elas se involverão.

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Uma das maiores qualidades de Kingdom é entender o peso das situações para seus personagens e saber equilibrar isso em um episódio atrativo. No Fault não é genial, mas é um episódio muito bom que mostra porque essa série é um dos melhores dramas da atualidade. O episódio desenvolve a história de Nate sem deixar que outros personagens ofusquem a importância desse momentos.

E você? O que achou do episódio? Vem comentar com a gente!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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