Há exatos quarenta anos ia ao ar pela primeira vez, na rede de televisão mexicana Televisa, a série que se tornaria um dos maiores sucessos da história: “El Chavo Del Ocho” (se engana quem pensa que o número refere-se à casa do protagonista, na verdade representa o Canal Oito, onde a série era veiculada), que no Brasil se popularizou com a nomenclatura “Chaves”. Foram produzidos aproximadamente duzentos e oitenta e três episódios, levados ao ar entre 1972 e 1980 (nos anos seguintes, até 1992, ainda foram exibidas esquetes dentro do programa Chesperito). Quem não teve a infância marcada pelas histórias do garoto do barril e sua turma? Chaves e seu humor inocente cativaram gerações, e a maioria de nós, apaixonados por séries, fomos introduzidos, mesmo que inconscientemente, ao mundo dos seriados por essa produção. Então, é claro que o blog não deixaria de homenagear esse marco televisivo. Como ficaria extremamente longo se selecionássemos os quarenta melhores episódios (é que ninguém tem paciência comigo!), resolvemos selecionar os oito melhores na nossa humilde opinião. Curta com a gente. Isso, isso, isso, isso!a

O Festival da Boa Vizinhança

Com certeza um dos episódios mais engraçados do seriado. É impossível mencionarmos as melhores piadas de Chaves sem nos lembrarmos da clássica “e volta o cão arrependido (…)”, verso repetido 44 vezes. Ou então quando Nhonho, na peça teatral, nos diz que algo terrível aconteceu com a filha dele e, melhor ainda, Chaves e Chiquinha deixando a poesia de Quico, em homenagens as mães, divertidíssima. Não me canso de assistir a esses episódios (são quatro, que narram desde a preparação do palco até o festival em si). É inegável que Chiquinha e Seu Madruga são o destaque; a garota, causando confusão nos bastidores, atuando na peça e ainda rindo da cara de Quico, e seu pai em seus papéis que vão de carpinteiro a diretor do espetáculo. Claro que o evento não ia funcionar sem ele.

De todos os personagens que aparecem aqui, sem dúvida Chaves rouba a cena, não só pela infinidade de vezes em que ele faz o sinal da cruz ao ouvir qualquer barulho, mas por todas as suas expressões, de um pânico muito engraçado, o que me faz lembrar da minha própria infância. Quando criança eu era ao mesmo tempo muito medrosa e muito curiosa, assim como Chaves. E não há como falar desse episódio sem lembrar da sua melhor sequência nesse capítulo: “Outro gato!”. Coisas que só Chaves seria capaz de fazer.

Quem nunca assistiu esses episódios e sentiu vontade de visitar Acapulco? Como foram divertidos esses momentos da turma na praia paradisíaca, presenciamos momentos cutes, como quando o Senhor Barriga se oferece para levar o jovem Chaves para que ele não fique sozinho, até cenas hilárias, como quando Chaves fica preso na porta giratória. Tem como não amar? As trapalhadas na piscina, Professor Girafales enterrado na areia… E o final da viagem quando eles se despedem um a um, enquanto Chaves permanece sentado em volta da fogueira. Mmomentos inesquecíveis dessa sequência de episódios!

Durante toda a série, Seu Madruga (ou Don Ramón, nas primeiras dublagens) nunca pareceu se preocupar com a idade, até o dia em que chega seu aniversário. O que era para ser um dia feliz se transforma em uma sucessão de incidentes cômicos cheio de frases inesquecíveis (“Seu Madruga, o senhor não vai morrer. Vão matar o senhor!”). E aqui é justamente o aniversariante que rouba a cena não só por entender tudo errado mas pela sua reação ao imaginar o que seriam os preparativos para o seu velório, com direito a café da Dona Florinda e os clássicos bolos da Bruxa do 71. E como não lembrar o inesquecível momento em que ele se olha no espelho e vê seu esqueleto, ao som da Marcha Fúnebre? Mas, como não poderia deixar de ser, tudo termina em confusão. Não sem antes vermos tudo esclarecido.

Episódio que conta com a participação especial do ilustre Héctor Bonilla, que deixa as mulheres da vila babando por ele e os homens, claro, enciumados. Tem como esquecer o professor Girafales indignado com Dona Florinda e tendo até mesmo que se submeter a trocar o pneu do carro do ator? Destaque do episódio, aliás, é Dona Florinda, que se mostra uma noveleira de primeira. Há outros momentos hilários, quando o narrador quase solta um “Bruxa do 71”, mas se corrige a tempo, e a clássica “Sim, te perdôo”. Ah, e o final, também é excelente, já que Héctor se mostra humilde e volta para presentear seu mais novo amigo, Chaves, com uma bola de futebol.

Que Seu Madruga nunca foi muito “chegado” à escola, isso todos nós sabemos, agora o que ninguém imaginava é que ele tinha talento para professor, e é isso o que torna esse episódio hilário e inesquecível. Vê-lo na frente do quadro negro ensinando frações às crianças e usando Quico amarrado a uma linha de trem já é perfeito, mas ver sua explicação para que os alunos nunca chegassem perto de locais ou garrafas contendo caveiras (porque essa caveira significa PE-RI-GO!) é maravilhoso. Tanto que até o próprio Professor Girafalez fica abismado. Se todos os meus professores tivessem dado aulas como a do Seu Madruga aposto que eu nunca teria sentido sono ou desejado secretamente que eles perdessem a hora nas segundas-feiras de manhã…

Quem não se lembra desse episódio? Depois de ganhar uma gorjeta, Chaves resolve investir e criar seu próprio negócio, uma tenda de refrescos, com sabores únicos e exclusivo, como: laranja que parece limão e tem gosto de tamarindo! E não tem de abacaxi, entendeu Quico?! Tudo ia bem, até Quico resolver se tornar um concorrente, com sua barraca high-tec. Mas a confusão é generalizada quando os garotos, ao imaginarem que a Bruxa do… ops, Dona Clotilde, estava enfeitiçando o Seu Madruga, derramam um remédio para insônia na bebida, levando os clientes a pegarem no sono. Claro que também não podemos deixar de lembrar o Quico tomando água suja!

Algumas crianças podem não ter talento algum para o desenho (como é o meu caso), mas o que não falta nessa fase da vida é imaginação, e é disso que o episódio trata – a imaginação das crianças, que transformam qualquer rabisco em uma obra de arte. Escolher o personagem que mais se destaca aqui é um pouco difícil, por isso eu escolho dois: Quico e Chaves. O bochechudo, sem dúvida, por sua máquina de escrever de uma tecla só e o Chaves por seu quadro rabiscado a que ele deu um nome tão complicado que nem o professor sabia dizer qual era. Se bem que não podia deixar de citar o Godinez também, com seu tabuleiro de xadrez para iniciantes, e o autor do texto repleto de “x”, escrito na máquina de escrever com uma tecla só.

__________________

Quarenta anos de exibição ininterrupta, um marco reconhecido até no Guiness. Com tantas histórias divertidas e marcantes, mesmo com as famosas desavenças entre o elenco, o que temos para lembrar da série são apenas coisas boas. Que as próximas gerações possam continuar acompanhando esse fenômeno.

Bateu saudade dessa turma? Não deixe de conferir o nosso especial sobre a série que todos já assistiram.

Parabéns Chaves, e parabéns a nós, que crescemos junto com essa turma.