Girls acabou e agora que tal ler o livro de sua criadora? Não espere encontrar neste livro detalhes sobre a criação ou bastidores da série Girls. Confesso que eu esperava conhecer mais sobre o processo que levou Lena a criar a série da HBO, mas isso não significa que o livro seja ruim, pelo contrário, é um livro que tem de tudo: comédia e drama, é bom.

Desde o início é perceptível que que Hannah é o alter ego de Lena. Várias foram as situações narradas no livro e reproduzidas, mesmo que com algumas mudanças, na série. Assim como Hannah, Lena também conta suas experiências sexuais traumáticas, a vez que ficou em dúvida, mas depois percebeu que foi estuprada, sua historia com a terapia, a forma como lida com seu corpo, entre muitos outros momentos.

Amor e Sexo

Lena conta neste capítulo suas experiências sexuais e isso inclui a perda da virgindade, uma passagem que não foi traumática, mas também não foi muito especial:

Eu não tinha contado a Jonah que era virgem, apenas que nunca havia feito “muito” aquilo. Tinha certeza de que já rompera o meu hímen quando estava no ensino médio e pulei uma cerca no Brooklyn ao perseguir um gato que não queria ser resgatado. ainda assim, doeu mais do que eu esperava e de uma forma diferente também – mais difusa, menos como uma facada e mais como uma dor de cabeça.

Lena também narra sua fase “dividindo a cama platonicamente“, onde passava por uma fase sem a certeza de que gostava realmente de sexo, ressaltando o gosto por preliminares, mas a dúvida pelo ato em si. Entretanto uma coisa ela tinha certeza: gostava de dormir com pessoas e só parou com isso quando estava ficando conhecida na faculdade como a menina que gostava de dividir a cama, mas não fazia sexo.

Se a primeira vez de Lena não foi traumática, não faltaram experiências sexuais estranhas e nada especiais: o republicano que tirou a camisinha e jogou na palmeira que tinha no quarto; Mike, mais preocupado consigo mesmo do que com ela e por fim, importante citar o estupro sofrido por Lena, momento que ela teve dúvidas se aquilo era estupro, até uma amiga dizer “- Você foi estuprada.”

Corpo

Neste capítulo somos apresentados à relação de Lena com seu corpo e suas constantes tentativas de fazer dieta. Quem já fez dieta sabe que não é fácil lidar com isso, principalmente quando se tem uma rotina fora de casa. E aqui a autora não se furta de mostrar toda dificuldade em lidar com esta situação. A mãe de Lena aparenta ter uma dieta saudável e sempre insistiu para que a filha fosse a seu nutricionista, insistência que surtiu efeito após uma subida na balança que indicou 72 kilos, momento que ela achava que tinha uns 64.

Então lá estava eu, na sala de espera do nutricionista da minha mãe, o Vinnie. Depois de todos esses anos, ela tinha vencido.

Ela segue relatando as tentativas frustradas de dieta, anotando inclusive o que comeu durante alguns dias (dizem que isso funciona bem), mas a verdade é que, diferente do que muitos possam pensar, Lena nunca foi bem resolvida com seu corpo. Muitas mulheres não são. A pressão que a mídia e a sociedade imprimem é muito forte, o culto ao corpo perfeito também e estes fatores agravam a situação.

Coisas aleatórias

Há muitos momentos engraçados no livro, parte deles vem das listas que ela faz. Em “15 coisas que aprendi com minha mãe” há alguns itens como: Nunca grite com o filho de alguém. Só fale mal dele pelas costas ou Família em primeiro lugar. Trabalho em segundo. Vingança em terceiro.

Já na lista “O que tem na minha bolsa”, Lena demonstra seu lado hipocondríaco, carregando analgésico, antidepressivo, descongestionante, calmante e antigripal e solta:

“Se você tiver qualquer comprimido sobrando, vou pegar também só para incrementar a diversidade do meu portifólio.”

Trabalho

Aqui ela nos conta a experiência como vendedora de uma loja de produtos para crianças em NY, crianças ricas, diga-se. Nada habilidosa, nada cortês e muito impaciente e irônica. Isso definiria sua passagem pela loja.

Há relatados do início de sua carreira na TV, mas como disse acima: não há muito sobre Girls, sobre o processo de produção, ela apenas dá a entender que o piloto citado seria da série e, ao meu ver, é o ponto baixo e decepcionante do livro.

Ela não se furta de abordar o que muitos já sabem: diretores pressionam por sexo e prometem ajudar na carreira. Este tema vira e mexe aparece por ai, mas nada muito direto. Lena não cita nomes, mas relata várias situações onde homens tinham certeza de que teriam relações com ela, afinal ela queria se firmar no mercado.

Já leu o livro? teve outra impressão? conte para nós nos comentários.