Após outro longo hiatus, Lucifer retorna com um ótimo episódio. Apesar de não seguir o ritmo de seu antecessor, o capítulo faz bem o trabalho de reinserir o telespectador na trama para que a história possa seguir nos episódios seguintes.

Reprodução/Fox

Desde o início, a dinâmica entre os personagens sempre foi o ponto alto da série. Quando um caso não ia tão bem como esperado, eram as relações entre eles que conseguiam fazer com que a história começasse a fluir. Na segunda temporada, vimos essas relações abrangendo novos horizontes, colocando juntos personagens que antigamente nunca imaginaríamos em um mesmo ambiente. Com essa mistura de núcleos, as possibilidades de tramas cresceram ainda mais, abrindo espaço também para um maior andamento da tão rica mitologia por trás do roteiro. Seguindo a mesma fórmula, temos a possível redenção de algumas relações que antes passavam por tempos conturbados. Entre eles, é importante notar como Lucifer e Charlotte juntos podem interferir em todo o caminho. Até agora, tudo que víamos eram armações e desavenças. Mesmo que ele ainda não a tenha perdoado completamente, esse possível acordo é tudo que esperávamos para ver o lado sobrenatural dar um passo ainda maior. Como irão construir um roteiro capaz de chegar até a vingança contra Deus? Ainda, será que algo do gênero é possível? Por ser um episódio de reinserção, não foi possível notar um grande avanço na história, mas as informações sobre a espada sutilmente reveladas podem mudar completamente os rumos que a série pretende tomar.

Continuando com as relações familiares, temos Amenadiel que parece cada vez mais sem função na série. É triste ver um personagem com tamanho potencial preso a um simples drama, mas tudo indica que ele será essencial para os próximos episódios. Sua lealdade pelo irmão e pela família se mostrou tamanha que ele até mesmo aceitou sua própria queda. Para retomar seu lar, Charlotte precisará de toda a ajuda possível e ele deve se tornar um dos mais importantes para que tal ato aconteça. Também é importante notar como sua relação com o irmão começa a ficar mais clara. Anteriormente, era possível vê-lo relutante várias vezes perante as discussões entre mãe e filho, mas agora ele parece entender melhor tudo que Lucifer está enfrentando. Para proteger a pessoa que mais ama, ele precisou abrir mão de tudo, inclusive dela. É triste, mas certas coisas são necessárias para que algo melhor aconteça. Entretanto, não é certo que essa proteção dure para sempre. Afinal, se Chloe realmente estiver destinada a amar Lucifer, isso acontecerá de um jeito ou de outro, principalmente por estarem próximos na linha de trabalho. Interessante também é ver todo o trabalho do diabo para que a mesma acreditasse em tudo. Mesmo não sendo intencional, quanto mais ele tenta ser o que era, mais humano ele acaba se tornando e suas atitudes só confirmam isso.

Família sempre foi um ponto chave na história da série, visto que o passado e o presente do protagonista correm justamente por acontecimentos familiares. Já entrando em sua reta final, esse deve ser o momento em que veremos os episódios de transição diminuindo, dando espaço para a trama principal trabalhar, enquanto intercala com os casos da semana. Não é possível saber se a tão esperada vingança já será trabalhada nessa temporada ou será apresentada como a trama principal de seu próximo ano. Seja como for, esse promete ser um dos maiores desafios do roteiro. Charlotte, por sua vez, se mantém como uma excelente personagem, mas acaba entrando em alguns pontos negativos. Após tanto tempo na terra, será mesmo tão difícil entender algumas coisas como um anel ou um nickname na internet? Por aparentar ser uma pessoa tão inteligente e chefe de uma advocacia, era de se esperar que a personagem já tivesse evoluído um pouco. Pelo visto, ainda a teremos por um bom tempo como alívio cômico, mesmo com seu potencial. Fora isso, é possível notar que seu amor pelo filho, qual fora tão mencionado nos primeiros episódios, realmente é de verdade. Por ser uma personagem tão misteriosa, era – e ainda é – difícil de acreditar nas coisas que a mãe do demônio dizia, mas parece que, pelo menos no momento, tudo segue como afirmado por ela.

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Fora do lado sobrenatural, temos o núcleo dos personagens comuns que parece continuar funcionando bem. Como sempre, os casos da semana continuam interessantes, mostrando sempre diferentes perspectivas de um crime e sempre pronto para passar alguma lição para quem o esteja resolvendo. O sentimento de Chloe por Dan parece finalmente ter desaparecido, mesmo não sendo possível dizer o mesmo do rapaz. Um possível triângulo amoroso sempre esteve na lista de tramas em potencial, mas parece ter sido melhor isso não ter acontecido por enquanto. Diferente de Lucifer, Dan não parece ter a carisma necessária para entrar em uma disputa como essa. Talvez, agora com o concorrente brevemente fora da jogada, ele consiga tentar alguma coisa. Ainda temos Trixie que, mesmo estando sumida da temporada, é um ponto de ligação entre os dois que pode acabar convergindo para ambos em algum momento da história. Parece que é possível notar uma possibilidade de trama em qualquer direção que se olhe, o que mostra o bom trabalho que o roteiro está fazendo em manter os pés no chão e trabalhar os personagens calmamente.

Claro, conciliar um caso da semana, a trama principal e o desenvolvimento dos vários personagens pode não ser tão fácil como parece, o que acaba por deixar vários personagens interessantes de lado. Do mesmo modo que Amenadiel parece solto no lado mitológico, Linda parece estar solta no lado humano. Por ganhar uma repentina importância no início desse segundo ano, eram grandes as expectativas para o que a psicóloga poderia acrescentar no enredo, mas parece que o máximo que teremos no momento é o retorno para sua posição inicial. Ella, que prometia ser um dos grandes destaques da temporada, continua servindo apenas como alívio cômico e para fazer comentários desnecessários em momentos inoportunos. Por último, sendo o mais triste, temos Maze. A jovem demônio criado por Lucifer possui uma grande capacidade de segurar uma trama própria ou de aparecer mais durante a trama principal, mas parece que o roteiro simplesmente ignora a personagem. Com alguns poucos episódios pela frente, resta esperar que o roteiro consiga trabalhar seus outros grandes personagens.

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No geral, Lucifer continua apresentando uma excelente temporada. Mesmo com um episódio não tão interessante, a história parece saber para onde seguir, principalmente com uma renovação já garantida pela Fox. Agora, só nos resta torcer para que a mitologia seja bem trabalhada e os pontos negativos continuem sendo corrigidos.

Observações:

–Candy é ótima, pena ser apenas uma interpretação de outra personagem.

–Propagandas da CW sutilmente colocadas no plano de fundo.

–Bem estranha a motivação do assassino, mas já teve piores.

–Gente, eu nem me lembrei do retorno da série. Peço desculpas por isso.

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