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Maratona Friday Night Lights – 2ª temporada

Por: em 26 de outubro de 2015

Maratona Friday Night Lights – 2ª temporada

Por: em

Fazer maratona de uma série é aquele misto de emoções. Uma hora você está amando loucamente todos os personagens e as tramas que estão sendo contadas. No momento seguinte, acha tudo um tédio só. Eu só não esperava que isso aconteceria tão rápido com Friday Night Lights. Com um segundo ano mediano para ruim, a série tropeçou bonito em continuar a bela trajetória exposta na primeira temporada.

E foram tantos os erros que fica bastante complicado apontar o principal deles: um protagonista completamente perdido dentro de si, desconstrução dos personagens, tramas superficiais. Parecia outra série, um roteiro feito porcamente. Estava bem difícil entender o porquê disso até eu descobrir que no ano de exibição da segunda temporada ocorreu a maldita greve dos roteiristas. Quem é apaixonado por série há algum tempo, sabe o terror que foi esse ano para todas as séries. Por isso, perdoemos. A fé que tudo ficará bom de novo existe. Mas antes disso, vamos dar uma olhada nos principais desenvolvimentos.

 

A desconstrução de um protagonista

Friday Night Lights - Season 2

Talvez meu maior problema com esse segundo ano venha da desconstrução absurda que ele significou para Jason Street. O ex-quaterback passou de protagonista a mero coadjuvante, vivendo momentos bestas e tramas mais que superficiais. Sua nova condição foi deixada de lado para serem trabalhadas as inseguranças com as escolhas que fez – só que pouco funcionou. Logo tínhamos um personagem perdido e que pouco aparecia. De estrela do time a vendedor de carros, com direito a clichê de superação na hora que deixa seus colegas de trabalho para trás com um discurso manjado para o cliente da loja.

Além de não ter tramas interessantes, Street não interagiu com o resto do elenco. Tirando uma cena ou outra com Lyla, Jason estava só e foi isso mesmo. No final da temporada, ele se jogou na vida louca, transou com uma guria aleatória e acabou descobrindo a possibilidade de ser pai – o que era impossível segundo seus médicos. E agarrado na ideia do milagre, Street abraça com unhas e dentes a ideia da paternidade, mesmo sem pensar nas implicações óbvias que isso teria na sua vida. Perdido no labirinto dos próprios pensamentos, espero que ainda há esperança para uma volta menos traumática no próximo ano.

 

Violência sexual, suas consequências amorosas e o vislumbre de uma nova vida

Friday Night Lights - Season 2

Quando Tyra sofreu a tentativa de violência sexual na primeira temporada, o tema pareceu pouco relevante. A garota escondeu de todo mundo e meio que seguiu com sua vida normal, depois de uma aproximação (quase) forçada de Landry. Eis que logo no começo desta temporada, o tal violentador dá as caras de novo, obstinado a conseguir o que não obteve da outra vez – só não contava com a astúcia do nerd, que deu umas belas porradas e acabou o assassinando. Achei isso bom? Não.

Primeiro, esse foi um recurso estúpido para aproximar de vez. Existiam milhões de maneiras do roteiro fazer isso, sem trazer um assunto tão polêmico e mal trabalhado como esse. Não gostei da maneira idiota como o cara é assassinato, muito menos da conduta assumida por Landry ao jogar o corpo num riacho. Toda a sequência de fatos que partem disso foram de um grande absurdo para mim. O pai dele era policial, mas aceita queimar o carro onde tudo aconteceu só para manter a imagem do filho – só que isso também nunca é descoberto na investigação? Muito complicado. Fora que o personagem do Jesse Plemons pouco me agrada, por ser o tipo de nerd mais forçado que existe.

Isso tudo só serviu para deixar claro de onde surgia a aproximação de personagens tão opostos como Tyra e Landry – e se você shipa os dois, não consigo te entender. Não tinha química, não tinha apelo, não tinha nada ali gente. Eu ficava até um pouco constrangido com as cenas deles juntos. Deixando isso de lado, pelo menos Landry, junto com Tami, conseguiu mostrar para Tyra que ela podia ser muito mais do que a sua família e até ela mesma esperava. Era uma questão de dedicação somente, o que a personagem parece extremamente disposta a conquistar. Com isso, no balanço da temporada, talvez Tyra seja a melhor beneficiada desse ano tão controverso para os demais.

 

Crises no matrimônio perfeito

Tudo estava tão ruim, que até o casamento de Tami e Eric sofreram nessa temporada.

Friday Night Lights - Season 2

Depois de mudar de cidade para treinar um time universitário, o coach percebeu que a vida de idas e vindas não ia funcionar com uma filha recém-nascida (alguém mais queria que fosse um menino?), tendo que dar um jeito de voltar para o Panthers. O nascimento da mais nova membra da família também acarretou em uma crise matrimonial pela abstinência sexual do casal – processo muito comum em casais que acabam de ter um filho. Como sempre, tudo foi resolvido com poucas discussões e mais olhares, como já é típico do casal.

Agora o que azedou de vez naquela casa foi Julie. Senhor, nos ajude a tolerar essa menina, porque nem mais com o Matt ela está. Ainda namorando, flertava com os caras todos. Depois que perdeu Saracen, fez a coitada que foi deixada para trás. Fora seus ataques de criança mimada toda vez que tinha ciúmes da irmã (que vale lembrar: é apenas um bebê!!!!!!). Não foi fácil tolerar não.

 

Saracen e o abandono de todos ao seu redor

Friday Night Lights - Season 2

Se tem uma coisa que a gente tem que concordar é que Matt é a representação da gente na vida, né? Sempre tomando na cara para lembrar que não manda em nada. O coitado perdeu a namorada, o flerte (a moça que cuidava da sua avó), o pai foi embora… tá querendo competir com Meredith?

E enquanto ele foi uma das maiores (e melhores) evoluções na primeira temporada, ficou quase que estagnado no tempo e nas emoções no segundo ano. Sua evolução física também não foi das melhores e teve sua posição no campo contestada por muitas vezes. Saracen chega ao terceiro ano tendo que provar muito de si para todos ao seu redor (o que já deveria estar acostumado), mas agora com a pressão de estar no seu último ano e precisando definir se conseguirá ou não viver do sonho que é jogar futebol americano.

 

Enterrando (ou não) os demônios do passado na religião

Friday Night Lights - Season 2

Será que essa foi a pior trama da segunda temporada? Talvez, mas também foi a que mais fez sentido. O trabalho do roteiro aqui foi tosco, principalmente por não trabalhar o caminho da personagem até a religião. Claro que sabemos os seus motivos, mas o que soa estranho é que, com a passagem de tempo entre as temporadas, fomos apresentados a uma nova Lyla, que pouco lembrava a garra da garota que conhecemos um tempo atrás. Usando de alguns clichês e até uma abordagem excessiva da religião, a personagem se reconstruiu, colocando na fé a força para recuperar e recompensar os seus erros do passado.

A possibilidade de um envolvimento com Riggins é o que mais me anima até aqui. Pode ser impossível, principalmente pela imagem de erro que Tim insiste em apresentar para o mundo sobre ele mesmo, mas é um dos relacionamentos que me animaria muito na série. Ah, teve seu lance com o locutor de rádio, mas nem dei muita importância, porque acho que não vinga – os dois são muito diferentes, Lyla encontrou a religião depois de já ter vivido muitas coisas e isso acaba pesado para como vê a vida e o que que dela. Sério, Katims, manda esse casal para nós!!!

 

A busca despreparada pelo sonho

O que falar de Smash e sua descompostura perante a tudo que enfrenta na vida? Particularmente, acho complicado julgar as ações do personagem, porque ele tende a ser alguém que insiste em provar para o mundo que pode ser mais que o que aparenta, mesmo não tendo as possibilidades que muitos ali tem. Então, é como se fosse um jogo de uma chance só de marcar ponto. Agora ou nunca, desespero que faz com que meta os pés pelas mãos e acabe causando problemas para si nessa jornada. Todo o seu diálogo com as universidades foi bastante problemático e as impliçações disso foram pesadas demais para o sonho que carregava.  Veremos como ele vai se reerguer disso daqui para frente.

 


Ufa. Falei um pouco mal demais, né? É que foi complicado mesmo de aturar. Agora a gente se encontra de novo no dia 10 de novembro para comentar o terceiro ano.

Mas me fala aí: e você, o que achou dessa segunda temporada? Desanimou que nem eu ou gostou? Defenda suas ideias! Me conte tudo, não esconda nada!


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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