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Maratona Gilmore Girls – 3ª temporada

Por: em 18 de setembro de 2016

Maratona Gilmore Girls – 3ª temporada

Por: em

Este texto será recheado de emoções porque acabei de ver o final da 3ª temporada e ainda estou entorpecido.

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Talvez esta seja minha temporada preferida, principalmente pela maneira como tudo vai sendo desenvolvido, como os personagens são trabalhados. Diferente das duas anteriores, agora temos mais foco em alguns dos coadjuvantes, a percepção sobre a personalidade das garotas já é mais latente e o senso de pertencimento a Star Hollows é bem grande. Digo isso porque, ao acabar esses 22 episódios, eu queria virar a noite assistindo a quarta temporada para saber onde que tudo isso vai dar a partir de agora, já que existirá uma mudança completa de cenário para Rory e também para Lorelai. Bom, vamos dar aquela passada pela trajetória de cada uma das personagens?

 

Rory

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Talvez por ser seu ano de formatura, muito do foco da série se voltou para a garota e o roteiro não poderia ter acertado mais na maneira que tudo se desenvolveu. O que eu curto é perceber como a formação da personalidade de Rory é um dos maiores méritos que Lor pode ter. Apesar da aparente fragilidade, ela consegue lidar com quase qualquer situação, mesmo que isso signifique chorar no colo de sua mãe mais tarde. O grande ponto de atenção nessa temporada foi seu relacionamento com Jess, o que acabou sendo um tanto decepcionante para mim. O personagem é um grande enigma no ano anterior, quase que contrapondo a personalidade da garota e a completando em muitos momentos. Agora, ele não passava de um namorado chato, tinhoso e que pouco acrescentava no desenvolvimento das tramas. Sim, eu sei que vim aqui e shipei há duas semanas, mas a vida é assim, cheia das mudanças – assim como a que Rory fez na hora de escolher a sua universidade.

Esse momento foi especial para mim. Confesso para vocês que dei uma choradinha de leve quando Rory recebe os envelopes das universidades (assim como estava chorando agora pouco com seu discurso na formatura). É como se neles estivessem contidas as vitórias de cada uma das batalhas que aquelas duas lutaram juntas. E, pelo menos para mim, foi bem fácil se identificar com essa trama, porque passar por todo o processo de seleção de uma universidade (que aqui no Brasil é bem diferente, mas tão exaustivo quanto) é uma verdadeira prova de resistência, que só vale quando se colhe o resultado final. Universidade que seria Harvard desde o começo, mas acabou se tornando Yale. Essa mudança na trajetória, além de ser uma maneira de manter a personagem próxima geograficamente para o prosseguimento da série, que jamais conseguiria se sustentar sem a interação entre mãe e filha, é um excelente exemplo de como a gente pode e deve aceitar esses pequenos ajustes no caminho, considerando o bem maior que vai ser tirado dele.

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Ainda sobre a personagem, foi interessante ver a mudança na sua relação com Dean, que tomou contornos de amizade em alguns momentos, mas ainda cercada de muito constrangimento e um tato desnecessário quando tratamos de amigos. A real é que Rory repensou em muitos momentos sua escolha e, não fossem as rápidas transformações na vida de Dean, talvez as coisas tivessem sido um pouco diferentes. O que eu gosto de ver é que, de uma maneira muito nobre, o rapaz foi capaz de reconhecer toda a transformação que a garota trouxe para a sua vida, talvez sendo esse o maior fator motivador para tentar uma amizade. Como eu estou livre de spoilers, ainda não sei se esse foi um adeus definitivo para o personagem, mas espero de verdade que não.

A amizade de Rory com Paris também foi bastante trabalhada, mostrando as muitas camadas dessa garota que aparenta uma “loucura” sem igual. A verdade é que Paris tem a necessidade de chamar atenção para seus feitos porque seus pais não se importam com absolutamente nada. A garota devastada com a recusa de Harvard não tinham em quem se apoiar, o que acabou em um dos discursos mais memoráveis da história. Achei bem bonitinho nesse episódio final ela ter a babá com os filhos latinos na sua formatura, mostrando um lado mais doce da personagem, que não passa de um retrato de como a “falta de amor” pode ser transformadora.

 

Lorelai

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Esse também foi um ano interessante para Lor. Depois de se ver obrigada a recomeçar sua vida amorosa mais uma vez (já que Christopher voltou com Sheryl, que estava grávida), a personagem se mostrou muito vulnerável, talvez de uma maneira que nunca a vimos – principalmente em uma cena lá do começo da temporada, quando ela abre seu coração para Luke. Acho que Lor precisa se redescobrir, para finalmente ter alguém do seu lado. Apesar do namorico que manteve por grande parte da temporada com Alex (?), ela claramente não estava envolvida e nem tinha pretensão de fazer isso. E é uma coisa muito louca perceber que tudo isso é só um reflexo de não ser amada como esperava pelo seus pais.

Seus reencontros com Max Medina (zZz) também não foram muito produtivos. Um resultando em um amasso a ser esquecido e outro em uma conversa estranha sobre afastamento. Lor precisa aprender a colocar pontos finais nos seus relacionamentos e seguir em frente de verdade, não ficar remoendo decisões do passado como se elas pudessem ter outros rumos só porque o tempo passou. Por mais que goste de Max, ele nunca vai ser o cara ideal para ela por suas atitudes e sua maneira de viver. Lorelai é livre demais para alguém como o professor e isso só fica mais claro a medida que o tempo passa. Agora o precisamos falar é essa palhaçada do roteiro com o meu coração shipador de Luke e Lor: não bastava aquele sonho no começo da temporada, precisava colocar um no último episódio também? Cara, eu dei um pulo quando a vi entrando no restaurante e pedindo para ele não noivar, só para depois descobrir que não passava de mais uma ilusão de Luke.

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O relacionamento dos dois continua sendo desenvolvido a passos bem lentos (lentos demais, né?) e isso acaba sendo excelente para o encontro que vão ter no futuro (pelo menos assim espero). Eles partilham os problemas, conseguem escutar uma o outro e, mesmo com todas as esquisitices que estão atreladas as vossas personalidades, acabam conseguindo conversar de igual para igual. Acho muito legal quando vejo o Luke indo arrumar a casa de Lor ou a maneira que eles simplesmente invadem a lanchonete depois da pousada pegar fogo. É uma liberdade conquistada com o tempo e não é a toa que a namoradinha de Luke fica enciumada: existe muito sentimento por trás dessa amizade e eu estou aqui, pronto para ver os dois juntos!

Foi bom também ver que a vida deu um empurrãozinho para que Lor saísse da zona de conforto. Com o incêndio da pousada, ela e Sookie tiveram que dar passos mais largos em busca do negócio próprio, o que foi bastante auxiliado pela morte de Fran, que possibilitou a compra do imóvel onde as duas pretendem abrir uma nova pousada. Fico bastante animado de ver que, assim como Rory vai para a faculdade, Lor terá seu próprio desafio para ocupar a cabeça enquanto vê a filha partir para voos maiores – e foi bem difícil ver ela percebendo que está chegando o momento de se separar e que não será muito fácil lidar com a ausência da filha.

 

Emily e Richard

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Quando comecei a ver essa temporada, me apontaram o episódio 13 como um dos mais legais da série. Confesso que não achei tudo isso em termos de episódio, mas retratar o passado da família Gilmore nos trouxe cores diferentes para o complicado relacionamento de Lor com seus pais. Depois daqueles 40 minutos, ficou mais fácil entender os motivos de todos e o porquê de tanta coisa não dita. Já falei algumas vezes aqui e é bem comum ouvir algum comentário sobre o egoísmo de Lorelai, mas ele claramente veio do fato de ninguém perguntar o que ela queria fazer com sua própria vida quando engravidou. Seus pais (e os de Chris) desesperados com o problema que aquilo traria para a imagem da família, foram tomando uma série de medidas sem a consultar, o que acabou nos levando a situação de uma garota que se dispõe a largar todo o luxo que tinha para provar que pode sim tomar suas próprias decisões. Por isso que pagar a dívida que tinha com os pais era tão importante, por isso que se firmar como dona do seu caminho é importante. Esse episódio traz também uma das contraposições de cena mais tocantes, quando Lor e Chris estão olhando para a maternidade e os flashes variam entre passado e presente, mostrando o quanto, mesmo que internamente, ela ainda sofre por saber que escolheu passar por tudo sozinha.

Mas eu também entendo Richard e Emily. Talvez mais do que nunca, na verdade. Aqueles personagens chatos e intransigentes ficaram lá na primeira temporada e agora mostram toda sua vulnerabilidade em pequenas atitudes. É impossível entender o que eles passaram ao “perder” a filha, ao perder o crescimento da filha e da neta, ao estarem afastados de tudo. Eles realmente estavam fazendo o que lhes foi ensinado como certo, mesmo que não fosse certo para mais ninguém. Aos poucos, a gente vê que eles estão mudando e se tornando um pouco mais flexíveis do que antes. É tão bonitinho ver a emoção dos dois ao descobrirem que Rory vai para Yale ou então a maneira como são homenageados no discurso da menina. Richard e Emily sempre conseguem tudo que querem e, se eles queriam o meu coração, missão mais do que cumprida.

 

Todos os outros personagens…

  • Queridinha que tava pegando o Luke, pode sumir.
  • Kirk ganhando minha admiração a cada dia por trabalhar na cidade inteira e ainda ter tempo para ser transportador de pizza gigante.
  • Por sinal, o episódio do aniversário da Lor é um dos meus favoritos dessa temporada.
  • Meu senhor Jesus Cristo, ainda bem que aquela tentativa de série do Jess não vingou, porque aquilo foi pior que o piloto do spin-off de Gossip Girl que ia mostrar o passado da mãe da Serena.
  • Sookie ficou grávida, mas parecia mais magra no final da temporada – não entendi.
  • Estou sem palavras para o discurso da Rory, porque chorei sim. E não foi pouco.
  • Paris e seu discurso depois de transar: tá de parabéns.
  • Briga entre Jess e Dean: esperei por esse momento desde a segunda temporada. Achei foi pouco.
  • Maratona de dança: me digam que vai ter outro episódio com isso, pelo amor de Alá!
  • Lane! Temos que falar de Lane que foi maravilhosa nessa temporada, arrumou uns pega com o Dave (aka Seth Cohen), tocou batera e ainda conseguiu dobrar a sra. Kim – quem diria não é mesmo?
  • O surto de Jackson quando descobre que vai ser pai: sensacional.
  • Mãe de Richard atormentando a vida de Emily: maravilhosa.
  • “Não parece mais tão assustador, né?” – claro que chorei, tolos.

 


Assim encerramos a terceira temporada e partimos rumo ao quarto ano, que promete muitas novidades pelas quais estou bem ansioso. Nosso próximo encontro fica marcado para o dia 02/10 e eu estou esperando o seu comentário aqui embaixo!

Café, só café para nos guiar nessa jornada.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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