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Maratona Gilmore Girls – 7ª temporada

Por: em 18 de dezembro de 2016

Maratona Gilmore Girls – 7ª temporada

Por: em

Primeira coisa que temos que falar neste post: eu sei que estou atrasado.

Um mês atrasado, praticamente. Mas a gente tem que considerar algumas coisas nesse atraso ai. Uma temporada fraca, meses complicados (final de ano é sempre um salve-se quem puder) e Comic-Con Experience. Mas, deixando de lado as justificativas, vamos juntos analisar, pela última vez, uma temporada inteira de Gilmore Girls.

Lorelai Gilmore

Será que eu tive vontade de dar na cara de Lorelai algumas vezes durante esta temporada? Pode ter certeza disso.

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Depois do traumático término com Luke lá no final do sexto ano, parece que as coisas começaram a degringolar de tal maneira que, quando pisquei, estava vendo aquele terrível episódio de Paris, com um casamento apressado e sem Rory. Aquilo foi um erro tão grande e desmedido, que eu nem sei por onde começo a comentar com vocês. Primeiro que Christopher, apesar de jogar o charme e carisma para cima da gente, continua o mesmo bobão. Tá, talvez rolaram umas melhoras pequenas, mas a essência é a mesma: o cara que quer moldar Lorelai como a menina que ele conheceu quando tinha 16 anos. Eles tinham algo muito forte e deixaram passar, esta busca constante por algo que o tempo mudou não faz sentido e o passar dos episódios acaba comprovando isso. Lor estava carente quando aceitou o pedido e, só por isso, acabou indo tão longe. Acabou aceitando o seguro, voltando para o lugar que já conhecia. E ela tentou ser feliz, mas não tem como fazer vingar um relacionamento que já estava fadado ao fracasso em tantos níveis que nem podemos contar.

E, ao se livrar de Christopher (porque um cara como esse, você se livra, não termina), Lor começa a voltar ao eixo e perceber onde mora seu final feliz. Mesmo que leve algum tempo, a reconstrução do seu relacionamento com Luke é um dos poucos momentos da temporada que consigo apreciar. Ver os dois brigando novamente, a luz da amizade sendo acendida mais uma vez. Luke sempre foi o cara para Lorelai, mas o tempo fez questão de algumas brincadeiras bem sem graça no meio do caminho. E, vejam bem, não acho que ele teve as atitudes mais admiráveis ao longo do percurso. Deixar Lor de escanteio porque acreditava que ela faria mal para o seu relacionamento com April – que ganhou uns contornos bem interessantes neste ano, mesmo que mal trabalhados.

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Tudo que eu pontuei como nobre da parte da mãe da garota no nosso último encontro, vou ser obrigado a retirar. Foi mesquinho e ridículo em muitos níveis o que ela fez com Luke ao não querer deixar que ele tivesse acesso a filha nas férias escolares. Isso nem sentido faz. Ela polpou a garota do pai durante toda uma vida, agora que finalmente estava sendo criado um relacionamento, ela quer fingir que nada aconteceu. Louca. Voltando a Lor e Luke, fiquei bem feliz com o final que a série propôs para os dois. Meio que tudo voltando ao normal, como sempre foi e deveria ser. Algo como voltar aos trilhos e isso fez bastante sentido para mim. Fiquei feliz (só queria comentar que: cena do karaokê <3).

 

Rory Gilmore

Apesar da temporada fraquíssima, eu amo o arco de Rory durante este sétimo ano.

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Acho que essa representação da realidade que a série traz com a personagem é incrível. Rory é como nós, que fomos criados como seres especiais, que sabíamos exatamente onde queríamos chegar mas que, ao cruzar a linha de chegada, não tínhamos a menor ideia de para onde estávamos indo. Bizarro pensar que toda essa trama foi escrita há quase dez anos e, ainda assim, é super atual. Consigo me identificar com cada momento, com cada dúvida que ela teve, com o desespero de não conseguir um emprego, com a incerteza que existe quando a gente começa a ver que não é tão especial assim. Inclusive, acho que vivi exatamente o mesmo momento que Rory ao reclamar para minha mãe que a culpa era dela por me sentir assim. Surreal, de verdade.

Vimos muito também do seu relacionamento com Logan. Eu sei que o personagem tem alguns problemas (vários na verdade) e que é quase que uma alegoria do que Christopher representa para Lor, mas eu gosto da sua transição durante todo o sétimo ano. Logan ainda tenta mudar Rory, mas se tornou mais compreensivo e responsável com tempo. Quando olhamos para o babaca da quinta temporada é que conseguimos perceber a evolução que ele teve ao longo da série. E, talvez, seu “final” (rola um revival no nosso caminho) com Rory seja o mais legal que vimos. Ele quer uma coisa, ela quer outra e vê-la escolher sua vida, seus sonhos em primeiro lugar é o que fazia mais sentido. Esse momento é tão importante para a série, para a personagem, que só consegui ficar feliz, mesmo com o término.

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O que gosto demais também é o aprofundamento da amizade entre ela e Lane. Sempre vimos muito das duas, mas a maturidade trouxa algo de diferente e ainda mais bonito para a relação. Ver Lane pedindo para Rory ser a Lorelai dos seus filhos me emociona só de lembrar. Ou então as duas na varanda, antes de Rory partir. Lane foi uma grande personagem e, nos poucos momentos que a série permite seu destaque, ela é querida demais. Não sei o que acontece no revival, mas queria muito ver como a família dela se construiu com o tempo e como estão os gêmeos passado esse tempo. Talvez eu esteja ansioso sim para ver esse revival.

 

Emily Gilmore

Talvez esse tenha sido um ano mais tranquilo para Emily.

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Não completamente, porque os problemas de coração de Richard acabaram eclodindo, colocando todos em alerta. Mas a sétima temporada como um todo decidiu deixar de lado a faceta mais carrancuda da personagem, trazendo, sobretudo, uma mulher preocupada demais com a família para admitir para si mesma que não conseguiria viver sem eles. Acho lindo o ciúmes que Emily tem da mulher que acolheu Lor quando ainda estava grávida. Um ciúmes misturado com gratidão. Ela sabe que não é qualquer pessoa que se prestaria a tal papel, mas não consegue deixar de lado um pouco da frustração que tem de não ter participado desta etapa da vida da filha. Tudo por uma bobeira, que provavelmente é o que mais a consome.

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Outro momento lindo é quando começa a procurar motivos para trazer Lor até sua casa, agora com a desculpa de que a filha deveria aceitar um empréstimo e abrir um SPA na sua pousada – tudo pelo medo de nunca mais recebê-la para os jantares de sexta a noite. É tão fofo quando Lor admite que não quer deixar que isso morra, assim como é lindo ver a reação surpresa dela, que não acredita que conseguiu conquistar um pouquinho da filha de volta. Eu amo Emily. Lembro que odiei ela no primeiro episódio. Seu jeito duro, quase estúpido. Mas hoje tudo faz mais sentido e não consigo ver como a série funcionaria sem uma personagem tão forte e criadora de tantos momentos.

 


 

Cara, que jornada incrível foram esses 153 episódios.

Quando eu comecei Gilmore Girls, acreditava que ia gostar, porque a série faz todo o meu tipo, mas não que seria uma paixão tão intensa. Não imaginava desenvolver meu vício por café a pontos compulsivos. Não esperava criar uma sede ainda mais forte por leitura, inspirado por Rory. Nunca pensei que veria um relacionamento tão verdadeiro entre mãe e filha. Foram muitos os momentos no café do Luke, na pousada da Lor ou na praça de Star Hollow. Muitos os momentos esperando uma das trapalhadas de Kirk ou dos ataques de fúria de Paris (<3). Muitos momentos querendo um dos pratos deliciosos de Sookie ou o mal-humor de Michel.

Foram 4/5 meses vivendo esta história que agora ganha um breve ponto final. Muito obrigado aos meus coleguinhas que me obrigaram a assistir e também a vocês, que com toda paciência do mundo, aceitaram meus atrasos e entenderam (pelo menos quero pensar assim). O final de Gilmore Girls acabou comigo.

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Acho que fiquei olhando para a tela por aproximadamente 15/20 minutos, enquanto chorava de leve. As cenas finais entre Lor e Rory são pesadíssimas para quem tem um pai escroto no mundo e, por isso, eu me enquadro tão bem no time de impactados. Obrigado Lor, obrigado Rory. Foi um prazer estar com vocês por tanto tempo.

Queria falar muito mais, mas não consigo. Vou tomar um café e lembrar dos bons momentos.

Talvez eu já queira rever tudo. Beijo no coração.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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