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Maratona Sex and the City – 1ª Temporada

Por: em 15 de junho de 2016

Maratona Sex and the City – 1ª Temporada

Por: em

Há algumas semanas, lançamos o desafio: deixar um tempinho da summer season para uma importante maratona. Foram 12 episódios que passaram muito rápido e certamente confirmaram os motivos pelos quais Sex and the City foi um sucesso tão grande. Mulheres fortes, um cenário com grande potencial e histórias que dariam um bom livro – no caso, uma ótima série. As aventuras e desventuras de Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha em New York rendem não apenas diversão, mas grandes lições também.

E em uma cidade que nunca dorme, nossas personagens surgem com importantes reflexões sobre a vida, relacionamentos e os mais variados comportamentos ao redor disso. E, é claro, com muita classe e glamour. Na verdade, Carrie descreveu a série perfeitamente em determinado ponto da temporada, como uma analogia a New York:

New York é tudo sobre sexo. Pessoas conseguindo, pessoas tentando conseguir, pessoas que não conseguem. Não é de se admirar que a cidade nunca dorme. Ela está ocupada demais tentando transar.

No início deste mês, Sex and the City completou 18 anos desde o primeiro episódio exibido. E, vamos combinar, nem sempre é fácil ver séries antigas. Não falando em qualidade de filmagens, os tempos eram outros e a mentalidade das pessoas também. Então é fácil se irritar com piadas de mal gosto e pensamentos que, hoje em dia, temos um senso crítico bem maior para rejeitar. Outro ponto interessante é a atemporalidade da série. Tudo bem que os looks eram extravagantes (apesar de muitas peças estarem novamente na moda) e elas tinham aquela bela cidade como palco de suas aventuras. Mas, parando para pensar, as realidades ali representadas poderiam muito bem ser discutidas no nosso cotidiano – apenas com algumas mudanças de tempo e espaço e novas roupagens. Quer ver só?

Mr. Big

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Acredito que não seja muito cedo para dizer, mas Mr. Big tem cara de ser aquele personagem que chega para ficar. Não entrando em detalhes se ele é ou não ideal para Carrie (acho que só com o tempo podemos saber), o fato é que eles passaram um bom tempo juntos durante essa primeira temporada. Logo de início, ele é apresentado como se fosse o “homem dos sonhos” dela: galanteador e misterioso, ela nem pensava que tinha chances com ele, até conseguir o primeiro encontro. Aliás, toda aquela sequência em que eles se encontram em diversos lugares por acaso é bem planejada e acaba colaborando com a imagem de Mr. Big.

À medida em que o tempo passa, podemos notar uma mudança de postura de Carrie que começa leve e vai se tornando cada vez mais drástica. Ela é a mulher forte, de opinião, que não tem medo de se colocar à prova. Mas quando se trata de Mr. Big, ela é totalmente vulnerável. O maior exemplo disso é o episódio do pum – um fato tão corriqueiro na vida das pessoas a deixa super paranoica, interrogando cada amiga para saber em que ponto ela errou, sendo que não havia nada de errado. O que nos leva a outro ponto: por ser uma observadora nata, qualidade de uma grande escritora, Carrie tira conclusões muito precipitadas em tudo que envolve Mr. Big. Pode ser explicado pelo amor cego que ela sente por ele, mas não é nada saudável.

O final da temporada colocou uma pequena dúvida: Carrie e Mr. Big vão se acertar depois desse desencontro? Ele foi para o Caribe sem ela, deixando para trás a insegurança e a frustração. Carrie quer sinais de que ele gosta dela de verdade, coisa que não vem acontecendo. Ele não a apresenta para a mãe, não quer inclui-la nos planos rotineiros (como a missa de domingo), não busca reverter qualquer desentendimento nem liga para saber se há algo errado com ela e tudo bem virar as costas para o visível sofrimento dela. Depois de meses que eles estavam saindo juntos, a intimidade já estava crescendo, embora ele pareça relutante em aceitar a seriedade do relacionamento.

Uma escritora e a quebra da quarta parede

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Talvez o que a série traz de mais legal seja a carreira de escritora de Carrie. É em busca dos melhores artigos que ela proporciona as reflexões mais profundas sobre a vida e os relacionamentos. É na procura por fontes e depoimentos que confirmem ou expliquem alguns pontos de vista que podemos perceber que as pessoas realmente são diferentes – e que algumas são extremamente bizarras por natureza. Aliás, os depoimentos são sempre muito bem inseridos nos episódios, um recurso sábio e muito certo.

Carrie olha para a câmera e conversa com seus telespectadores, quebrando a quarta parede – e, precisamos comentar, ela fazia isso muito antes de House of Cards. São aspectos técnicos que, se bem aplicados, funcionam demais nas séries e aproximam ainda mais os telespectadores da trama. Quando Carrie fala diretamente com a gente, dá para entender melhor o recado e até sentir importante.

O amor não é o único protagonista

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Na cidade da badalação e dos romances instantâneos, a amizade também tem vez. Não há prova maior disso que a relação entre Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha. A qualquer momento e para qualquer problema, elas estão ali. Seja para vigiar a vida do boy ou para chorar as pitangas da vida, elas são o porto seguro uma da outra. Ali, há sinceridade, mesmo da forma mais brutal – como Miranda sentiu quando questionou se alguma delas faria um menáge com ela. Os encontros são recorrentes e naturais, indo de tardes de compras até para assistir a pornografia gratuita pela janela do apartamento.

Outro personagem que está sempre ali por Carrie é Stanford. Ele não é apenas o amigo gay que troca figurinhas sobre romances e moda. Ele é aquele amigo que se oferece para casar e dividir a herança. Leva para as melhores baladas e ainda oferece o ombro para chorar quando nem tudo dá certo.

Nenhum personagem é perfeito

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Não é culpa de roteiro nem é nada forçado. É apenas o mais fiel retrato da realidade: o ser humano erra, por mais que ele não dê o braço a torcer e não aceite. As contradições são parte das pessoas, o que não poderia ser diferente em Sex and the City. O mais legal de tudo isso é que as próprias personagens percebem essas contradições e tentam acabar com elas. Aliás, todas as quatro personagens principais apresentam esse tipo de comportamento, o que é ótimo para a dinâmica e o desenvolvimento delas.

Já falei aqui sobre a “Carrie de Mr. Big” e muitos devem lembrar: quando ela deixa de sair com as amigas para viver seu mundo encantado com ele, ela mesma coloca a mão na consciência e repara o erro. Mas não é sempre que elas descobrem sozinhas. Charlotte quando cede às pressões para fazer um menáge já tinha sido alertada por diversas vezes que poderia não ser uma boa decisão no momento. No fim, ela acaba descobrindo exatamente o que suas amigas já tinham falado. O que ninguém enfatizou muito foi a relação de Miranda e Skipper – ela, ao mesmo tempo que reclama dos relacionamentos abusivos, faz gato e sapato do coitado, que só falta morrer aos pés dela. Samantha, por sua vez, jura de pés juntos que só aprecia a diversão e não vai se prender a homem algum, mas acaba apaixonada e cega de amor por um cara que acabou de conhecer. Aliás, esse foi o melhor dos desfechos da temporada, se me permitem o comentário.

Temas polêmicos para a época

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Logo no começo da temporada, Miranda se vê em uma situação um tanto chata. Em seu trabalho, ninguém a convida para eventos mais caseiros porque ela é a funcionária solteira do rolê. Na cabeça de muita gente, ela é lésbica (culpa do pensamento ultrapassado de que mulheres com cabelo curto são homossexuais, será?). E o primeiro convite vem quando pensam que ela está namorando uma outra menina, que na verdade ela acabou de conhecer. Nessa pressão, ela acaba se perguntando “por que não tentar?”. Para 1998, esse comportamento deveria ser, no mínimo, ultrajante. Ainda bem que os tempos mudaram, né?

Um episódio icônico foi o que as personagens são apresentadas ao vibrador. Ele é apresentado simplesmente como é: uma opção para quando não há prazer proporcionado por vias humanas, se é que me entendem. Charlotte, a mais “conservadora” das quatro, é quem fica viciada no chamado coelho, deixando de lado todo e qualquer compromisso para se divertir entre lençóis.

Outro tema que geralmente é tratado com o maior dos cuidados, quando não com superficialidade, é a religião. E para fechar a temporada com chave de ouro, Sex and the City vai e coloca a questão em debate, com ênfase nos relacionamentos. Um dos casos de Miranda tem na cabeça que sexo é pecado e não reage bem quando confrontado. É colocado, então, o dilema “estou namorando um religioso”. Logo, Carrie também descobre um lado oculto de Mr. Big, que frequenta a igreja com a mãe. Nessa jornada para descobrir como ele se comporta quando está longe, uma cena que provavelmente chocou os mais conservadores: a bíblia despencando de uma altura considerável. Por fim, outro tópico que nunca tinha visto reflexões sobre: alguns devotos fazem da ida à Igreja um desfile de moda, como forma de impressionar os outros.

Look da temporada

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Não poderia ser outro. Com certeza e com unanimidade dos votos, o look da primeira temporada de Sex and the City foi o “naked dress” que Carrie usou em Secret Sex (1×06). Poderoso para uma sessão de fotos, bem como para o primeiro encontro com o possível homem dos seus sonhos.


Você que embarcou com a gente nessa jornada, o que achou da primeira temporada? Está animado para continuar acompanhando aqui no Apaixonados por Séries essa comédia romântica tão clássica? Vem contar suas impressões pra gente! E até nosso próximo encontro, em 5 de julho.


Giovanna Hespanhol

Jornalista apaixonada pela cultura pop e por tecnologias. Forte tendência a gostar de séries ruins e comédias água com açúcar.

Bauru/SP

Série Favorita: Doctor Who

Não assiste de jeito nenhum: Game Of Thrones

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