Chegamos ao penúltimo episódio desta maratona e, como era de se esperar, Heirs não perdeu tempo. Não sei vocês, mas senti que esta temporada foi muito menos beligerante que a primeira e estava sentido falta de uma batalha bem sangrenta – porém ela chegou para incendiar (perdão ao trocadilho) as relações que pareciam estar bem estáveis em Marco Polo (tudo exibido antes dos créditos iniciais!)
Mas vamos falar da briga, que foi das boas. O Khan soube improvisar muito bem, precedendo a entrada do seu reduzido exército no acampamento dos cruzados, com uma carga de cavalos em chamas. Fiquei com pena dos bichinhos, mas a gente sabe que a Netflix é amor da vida e nunca machucaria nenhum animal – o fogo criado por computação gráfica foi bem eficiente para tornar tudo mais dramático.
Todos os homens do Khan estavam na ação, ceifando a vida de todos aqueles que participaram do conluio para derrubá-lo. O ataque surpresa aconteceu graças à informação provida por Marco, mas também significou a quebra da confiança depositada nele pelo Khan, quando este impediu que o pai fosse morto e possibilitou a sua fuga. Por mais que o protagonista despreze o pai, deixá-lo morrer não faria o seu feitio, mas isso (injustamente) lhe custou a credibilidade que ele tinha com seu imperador.
Em outra frente, Orus finalmente realizou o desejo de lutar com o primo – e por um momento acreditei que estava vendo os últimos momentos do “futuro” papai, mas uma pedrinha sempre vem a calhar quando você está levando a pior em uma luta, não? Jigim extravasa a sua raiva esmagando a cabeça do filho de Kaidu, enquanto Byamba e Kuthulun assistem, reunidos novamente em uma circunstância nada romântica. Pela primeira vez se sentindo impotente, ela vê o irmão morrer diante dos seus olhos e sabe que não há mais nada o que fazer – nem mesmo haveria razão em se vingar do príncipe herdeiro, já que ela nunca concordou com esse atrito – creio inclusive que ela venha culpar o pai por tudo o que acometeu a família, desde que ele decidiu reivindicar o trono mongol.
O principal confronto de Khan se deu com o tio. Nayan está resignado com seu destino, mas não morre sem antes colocar o pingo nos is quanto o papel de Ahmad na história. Creio que Kublai ainda tinha alguma esperança de receber uma explicação que justificasse a traição de uma das pessoas por quem ele teve mais apreço nesta vida – a ponto de colocá-lo na poderosa posição de vice-rei. Mas não, tudo foi arranjado por Ahmad e o imperador mongol precisa receber o golpe, não sem antes crucifixar o tio, deixando-o para morrer como o homem à que ele creditou os seus atos.
Ao retornar para o acampamento, o Khan ainda tenta remoer tudo o que aconteceu nas últimas horas e ao que tudo indica, ele voltou à ouvir a sua esposa. Chabi sempre teve uma grande influência na vida do seu marido, ela sabe jogar muito bem e tem a sensibilidade que falta à Kublai para enxergar coisas que passam despercebidas pela arrogância do Khan. Ela situa o marido sobre o prematuro trabalho de parto de Kokachin e empurra ele para que esboce uma reação e vá ficar ao lado do filho neste momento. Mas uma vez, os laços de sangue mostram que ainda tem muita importância dentro da epopéia de Marco Polo.
100 Olhos, Jingim e Marco dividem um descontraído momento especulando sobre a iminente paternidade do príncipe, quando Kublai chega para deixar tudo mais nervoso e depois de dividir um belo momento com o filho, ele desabafa sobre as agruras da sua posição – inclusive trazendo o nome de Kaidu para a roda, utilizando-o como exemplo de homem que sabe o valor da família – claro, a partir daí o clima se transforma em tensão quando claramente o Khan começa a atirar indiretas para Marco, que escuta tudo sem poder se defender.
Enquanto isso, Nargüi enfrenta um difícil trabalho de parto. A jovem, que a princípio recebeu a noticia da gravidez como solução para os seus problemas, acabou descendo em uma espiral de loucura quando – mais sensível – a culpa por ter roubado uma vida que não era sua começou à assombrá-la. As visões esquizofrênicas da jovem princesa nada mais são do que um reflexo de uma mente atormentada por um medo constante de ver tudo acabar. Depois de corajosamente dar a luz à uma menina saudável, para a nossa surpresa, recebemos a notícia de que havia um outro bebê. A visão da verdadeira Kokachin diz para ela evitar o nascimento da criança, pois, caso fosse homem – o que impediria Chabi de descarta-la? Afinal, para a imperatriz – apesar de todo cuidado durante a gestação – ela aparenta não passar de um receptáculo para os herdeiros da dinastia de Kublai, um receptáculo que perdeu a razão.
Nargüi então chama pelo nome da única pessoa à quem ela julga poder confiar: Marco Polo. O Latino e a ex-ama tiveram uma repentina paixão na primeira temporada, mas depois que ela desposou Jingim, ele nunca desrespeitou a nova posição da jovem. É claro que todos estranharam o fato de Marco ter sido invocado, enquanto o príncipe e o rei esperavam ansiosos – é nesse momento que o Khan é questionado pelo filho. Para quem não se lembra, Marco confidenciou ao seu soberano seus sentimentos por Kokachin na primeira temporada e, agora que ele está desgostoso do seu mais estimado refém, o alerta vermelho já começa a soar em nossas cabeças.
A conversa entre pai e filho é interrompida por Byamba, que traz a alarmante notícia de que Ahmad inescrupulosamente tomou o controle de Cambulac, reivindicando a cidade em nome do seu pai. Obviamente o Khan fica possesso e seu primeiro ímpeto é partir para retomar o seu amado trono dourado, porém seu filho Jingim consegue colocar alguma razão em sua cabeça. Em um belo discurso sobre como ele é também o pai, nós vemos em off Nargui dar à luz à um menino – suposto herdeiro e futuro da sua família.
Catatônica, ela ignora os bebês e confidencia à Marco a verdadeira paternidade das crianças. Dá para entender o motivo dela ter chamado por ele: Caso venham a descobrir toda verdade, seja sobre a sua identidade ou sobre a visita do cavalariço ao seu quarto, ela precisa de um aliado habilidoso que a ajude sobreviver à ira do Khan. Marco faz um perigoso juramento ao prometer cuidar dela e das crianças.
O Khan e seu filho então entram para conhecer os bebês, restando servida uma bela torta de climão com a presença de Marco segurando o possível futuro de uma dinastia em seus braços. Ele sabe o peso que aquela revelação vai ter sobre seus ombros e o perigo que corre por saber mais do que deveria. Se eu estivesse lá gritaria para ele correr de volta para Europa e virar barqueiro de gôndola em Veneza, pois prevejo que as coisas não ficarão nada fáceis na vida do protagonista.
Heirs encerrou a sua hora com um close em Ahmad sentado no trono em Cambulac. Em seu penúltimo capítulo, Marco Polo se encaminha para um final que começou a ser construído ainda na primeira temporada, quando o filho e conselheiro real provou ser um perigoso traidor. A questão é: sabemos que ele vai perder? Sim, Ahmad também parece ter certeza disso. Mas a indagação que eu faço é o que ele vai levar quando cair – afinal, uma pessoa que não tem nada a perder pode ser muito mais perigosa do que alguém que luta por um ideal.
O que vocês estão achando da série até agora? Heirs foi bem intenso, não? Agora precisamos respirar bem fundo e nos preparar para o season finale!
