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Mr. Robot – 2×06 eps2.4_m4ster-s1ave.aes

Por: em 15 de agosto de 2016

Mr. Robot – 2×06 eps2.4_m4ster-s1ave.aes

Por: em

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Durante 16 minutos iniciais de eps2.4_m4ster-s1ave.aes, Mr. Robot não foi a série que conhecemos. Com risadas falsas, abertura musical, letras coloridas e participação de Alf, o ETeimoso, a série incorporou uma estética de sitcom dos anos 80 para mascarar o trauma que Elliot sofreu no episódio anterior. “Quando a verdade é muito dolorosa, a mentira pode ser o único remédio. Muita verdade, muita honestidade, isso vai te matar”, explica Mr. Robot. Mas a comédia sobre os Aldersons não é necessariamente “tv conforto” porque quando a realidade é muito assustadora, as vezes nem o sonho consegue bloquear os monstros que nos atormentam.

O comportamento abusivo da matriarca da família Alderson, o câncer de Edward, a morte de Gideon, o relacionamento com Angela… tudo exposto em um filtro de humor que causava uma estranheza em Elliot. E quando o clima não se mostrava o suficientemente incômodo, cenas do espancamento ordenado por Ray surgiam aleatoriamente.

O momento mais esquisito da sitcom foi a participação de Tyrell Wellick, cuja ausência é ainda um dos maiores mistérios dessa temporada. A abertura anunciava um “convidado especial no porta malas”, que depois se revelou como um “empresário muito importante”. A figura é obviamente uma referência a Tyrell e provavelmente interpretada pelo próprio Martin Wallström. Mas uma das falas desse convidado é particularmente preocupante. “As vezes [a mentira] te ajuda a se livrar de um assassinato”, o homem afirma antes de receber um golpe de Mr. Robot. Essa não é a primeira referência da série à uma possível morte do personagem, mas o cansaço desse suspense pede que série abra a mão desse plot. Não que a série precise de Tyrell, até porque eps2.4_m4ster-s1ave.aes mostrou que Mr. Robot consegue se virar bem até com Elliot longe da trama principal, mas porque a repetição faz muito mal a série e essa resolução deveria acontecer logo.

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No entanto, a solução apresentada pelo quinto episódio foi mais uma conciliação entre Mr. Robot e Elliot, assunto que vem sendo explorado desde eps2.0_unm4sk-pt1.tc e parecia resolvido há dois episódios pelo menos. De qualquer forma, Elliot agradece o esforço do amigo imaginário depois de cair em seus braços (não só metaforicamente, dessa vez). A cena seguinte traz um flashback que ressignifica a imagem de Edward. O personagem é sempre apresentado como uma pessoa dura e controladora, mas aqui ele se mostra mais compreensível e sensível. Essa é uma mudança significativa que vem em uma memória marcante na vida de Elliot. Foi durante essa viagem que Edward conta ao filho que foi demitido pela Evil Corp. porque estava doente e que abriria uma loja de computadores que o próprio Elliot batizou de Mr. Robot. A intimidade e confiança dividida nesses dois momentos é o que eles precisam para resolver esse problema com Ray e voltar ao trabalho que realmente importa.

Outra mudança do episódio é que o plot que extrapola a existência de Elliot e Mr. Robot correu muito bem, o que não era comum para a série. Os membros da FSociety, que agora inclui a ilustre presença de Angela Moss, se incumbiram em terminar o que o líder do grupo começou. É claro que não era uma tarefa simples e a responsabilidade excessiva no membro mais novo dessa família deixou todo mundo preocupado. Mas a inexperiência de Angela foi o menor problema do plano. A funcionária da Evil Corp. é mestre em fingir e esconder sentimentos, como a reação ao encontrar Cisco, e embalada com um de seus mantras (“Meu sucesso é assegurado”), quem poderia segurá-la?

Então, Angela e Darlene ganham trilha de filme de espionagem (a propósito, Darlene também usa uma peruca digna de The Americans) para completar a missão. Como toda cena do gênero, as moças têm que passar por alguns obstáculos. Quartos de hotel, um agente do FBI chato que te chama para sair… mas o último empecilho de Angela é a agente DiPierro e sua estranha gentileza. Geralmente, a nossa perspectiva é restrita a visão do personagem, mas dentro do prédio da Evil Corp., Mr. Robot nos deixa ver além de Angela. A funcionária que entra no banheiro para lavar as mãos sinaliza para o agente abordar Angela, provavelmente Dominique vem para finalizar a interrogatório. É muito difícil que Angela saia ilesa dessa situação, a não ser que ela recebe a mesma dose de sorte que Dominique teve na China.

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eps2.4_m4ster-s1ave.aes não é um episódio ruim, longe disso. Mas apesar de mostrar todo o talento cinematográfico de Sam Esmail, ele peca ao não acrescentar nada de novo ao momento emocional de Elliot e ao deixá-lo isolado do plot principal. O que podemos esperar para os próximos episódios é que a medida que a temporada se aproxima de sua reta final, Mr. Robot comece a fechar os pontos que deixou em aberto e que coloque Elliot de volta a ação.

Outros comentários: 

– A USA tem uma política bem rígida com palavrões, mas desde a primeira temporada, Mr. Robot não as excluí do diálogo e deixa o canal editar as cenas com “vazios de áudio”. Talvez por isso, durante a sitcom, o público entendia os palavrões como piadas e riam mais alto quando elas aconteciam.

– Darlene: “Mom, Elliot’s hearing voices!” / Mãe: “What else is new.

– Mr. Robot: “Because it’s all for Alderson…” / Elliot: “And Alderson for one?”

– Não sei de quem fiquei com mais dó nesse espisódio, Gideon ou Cisco?

E o que você achou da versão sitcom de Mr. Robot? Acha que Angela consegue escapar de Dominique? Deixe seu comentário!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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