Exit El Patrón foi o episódio com o maior ponto de virada na jornada de Pablo Escobar. Ele começou com os resultados da sua última ambiciosa demonstração de poder e se embrenhou em uma derrocada que, até então, parecia inimaginável para o homem que durante tanto tempo foi o dono de Medellín.

Pablo sempre teve um alvo pendurado nas costas. A polícia, os cartéis inimigos, os caçadores de recompensa, muita gente queria a sua cabeça a qualquer custo, mas ele era blindado por três grandes vantagens: seu dinheiro, seu exército pessoal e o apoio do povo. Los Pepes se encarregaram de dificultar o acesso ao dinheiro vindo de Miami, tomaram os laboratórios e mataram muitos dos aliados de Escobar – ou qualquer um que tivesse ligação com eles. Mas a opinião pública Pablo conseguiu reverter sozinho, quando ordenou um ataque terrorista que não tinha como alvo a polícia ou os rivais, apenas pessoas inocentes, especialmente crianças. As consequências disso foram muito maiores que ele poderia prever.

Muitos dos seus homens de confiança já tinham caído, mas não há dúvidas de que Blackie e La Quica foram perdas muito mais sentidas que as outras. Blackie levava a obrigação de lealdade muito a sério, e por isso não entregou Pablo em si… mas também queria salvar a própria pele. Encontrou uma forma de manter a consciência limpa e colaborar com a polícia ao mesmo tempo. Deu a eles a localização dos homens que ainda estavam em operação, especialmente La Quica. Este já parecia sentir o cheiro da decadência e só estava esperando uma oportunidade para pular fora antes que mais alguma bomba explodisse, desta vez perto de Pablo. Além de impossibilitar o acesso de Escobar ao dinheiro – e aos homens que lutariam por dinheiro, Quica tentou armar uma emboscada para capturar Pablo. Seu tripé do poder estava desarmado, e a sua queda definitiva era só uma questão de tempo.

Mas além do dinheiro, dos homens e do povo, Pablo tinha outra força de apoio que parece ter aflorado com mais intensidade que nunca enquanto todo o resto parecia desabar. Tata se manteve forte, fria, estratégica e fazendo tudo que era preciso para proteger a família, mesmo que a ferisse. Ela culpava a sogra pela morte do seu irmão, mas sabia que continuar brigando por aquilo acabaria matando a todos. Mesmo com toda a mágoa de Valeria Velez, ela usou a cabeça e percebeu que a jornalista era a única chance que ela tinha para fazer uma ponte com Pablo. O plano funcionou, mas a lealdade de Valeria também lhe custou a vida nas mãos de Los Pepes. Eles estavam por conta própria agora. Encurralados, sem apoio, com uma proteção política que poderia cair a qualquer momento e inimigos espalhados por toda parte esperando um único erro para atacar.

Algumas observações:

– Wagner Moura entregou um trabalho impecável neste episódio, talvez o melhor da série inteira, alternando os momentos de fúria, medo, força e de uma fragilidade que Pablo não tinha experimentado até então. Será que o Globo de Ouro agora vem?

– Aconteceu tanta coisa neste episódio que pareceu que ele durou três horas.

– A morte do Leão me lembrou a do Tod, de Premonição 1.

– A crise chegou forte para Escobar. Antes os esconderijos eram puro luxo e ostentação, agora nem água pra encher a piscina tem mais.

– La Quica achou mesmo que depois de tudo ganharia um Green Card de presente de natal?

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