Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Nashville – 5×10 I’ll Fly Away / 5×11 Fire and Rain

Por: em 14 de março de 2017

Nashville – 5×10 I’ll Fly Away / 5×11 Fire and Rain

Por: em

Acho que todo mundo concorda que a despedida de Rayna foi impecável. Em um episódio sincero e emocionante, demos adeus a nossa protagonista. Porém, como foi o desejo de Connie (e de Rayna), o show teve que continuar. E, aparentemente, esses dois episódios que finalizaram a primeira parte da temporada tiveram, respeitando o desejo e a memória de Rayna/Connie (que ainda é co-produtora da série, deixemos claro), três funções na série: a) amarrar as eventuais pontas soltas deixadas pela morte de Rayna; b)  resolver as questões de cada um dos personagens em relação ao falecimento; e c) (talvez o mais importante) mostrar que a série ainda tem força para continuar sem a protagonista. Todas as missões foram cumpridas com sucesso, e os pequenos ganchos deixados nos núcleos foram essenciais para deixar a gente (e a emissora) com vontade de ver o que vem por aí, com a fluidez narrativa que Nashville tanto domina.

I’ll Fly Away foi um episódio para nos despedirmos de Rayna. Personagens e espectadores. Com exceção de Deacon, que postergou seu adeus até o final de Fire and Rain, conseguimos ver personagens que tinham conexões importantes com Rayna Jaymes prestando suas homenagens finais, cada qual à sua própria maneira. Scarlett assumindo todas as tarefas sozinha, Juliette se esforçando até os ossos para fazer o tributo no CMT awards, Daphne tentando encontrar ordem no meio do caos e Maddie se responsabilizando por si. Até Bucky teve seu momento de desmoronar! Foi tudo bastante natural, sem obstáculos sérios para cada uma dessas microhistórias que precisavam ser resolvidas com a nossa amiga que fez a passagem.

O único entrave de fato veio com Teddy e Tandy. Em nenhum momento a série tentou mostrar que eles não estavam tristes com a situação, ou que o mundo era melhor sem Rayna, como eu vi alguns fãs falando por aí. Na verdade, a ideia era de que, como pessoas de negócios que são, o luto foi canalizado para o modo resolução-de-problemas. E esse modo excluiria Deacon da missão deixada por sua esposa no leito de morte. O primeiro conflito então estava estabelecido: Deacon versus Teddy + Tandy. A resoluação, com a intervenção de Juju Valadão, não poderia ter sido melhor. Não só porque a performance de Sanctuary foi mais uma tempestade de emoções para encerrar o episódio, mas porque criou a base para a continuação da trama sem mostrar desespero.

A morte de alguém querido geralmente coloca nossas emoções à flor da pele. Ciente disso, Nashville usou desse potencial emocional e criou vários pequenos conflitos nesses dois episódios que fizeram a roda da narrativa rodar com fluidez. O já citado Deacon versus Teddy + Tandy foi o primeiro deles, e também o mais latente. Em Fire and Rain, os outros conflitos deram o ar da graça. Juliette versus Scarlett no que é o melhor para as meninas; Maddie abandonando, sem querer, Daphne, e investindo na carreira sem pensar nas consequências; o egoísmo emocional de Deacon versus o pragmatismo de Zach… O interessante foi que a série não caiu no maniqueísmo fácil de mostrar mocinhos e vilões. Todos os lados foram mostrados sem “intervenções”, tava todo mundo certo, todo mundo errado, e era o espectador que decidia quem tinha a razão. No fim, todos os conflitos foram resolvidos pela pessoa mais sensata da série: Rayna Jaymes. Enquanto Deacon alimentava o monstro do luto, Rayna, mesmo no pós-vida, lembrou seu amado dos compromissos dele. Os outros conflitos foram todos resolvidos na base do “o que Rayna faria?”, provando meu ponto de que Rayna é – e vai continuar sendo – o elo que mantém essa série funcionando.

O show continuou, e, para além do luto, as histórias andaram. Zach e Will finalmente pararam de indiretinha e botaram pra funcionar aquele clima gostoso. Já está mais do que na hora de Will ter um relacionamento funcional e estável, ao mesmo tempo em que Zach me parece a única pessoa dos 11 universos que não pode oferecer estabilidade a ninguém. Deus nos proteja dessa tempestade. Scunnar se afogou no luto, mas – talvez por causa dele – a Highway 65 botou eles em turnê graças a All Of Me. Foi com eles que tivemos o gancho final (“tô grávida, não sei de quem é”), e ficamos na expectativa de alguma modalidade de amor próprio da parte de ambos na continuação da temporada. O último núcleo que se mexeu e que vale a pena mencionar foi a criação de uma relação profissional entre Maddie e Juliette. Ela já começou bastante tortuosa, o que levanta nossas anteninhas, sem contar que Juliette parece ter esquecido que agora tá congregando na igreja da Hallie e etc. Em resumo: essa história tá mais mal contada do que tudo, por enquanto. Tudo isso ficou menor ante ao apelo do adeus de Rayna, mas é uma demonstração importante de que a série não tem a menor pretensão de acabar, não agora e nem tão cedo. Amém?

Bônus Tá Tomando Fermento?: Gente quantos anos tem a menina Candace? Tá enorme!

Bônus Not Today Satan: A relação de Maddie e Clay tá me dando urticária. Quero twist na minha mesa pra ontem!

Bônus Traz o Emmy Pra Ele: A atuação do Charles Esten (o Deacon) foi magistral, a melhor dele. No 5×10, parecia a mesma raiva de sempre, mas no 5×11 ficou claro que era uma fuga, e quando a bad bateu, bateu com tudo.

Bônus Vou Relevar: Todo mundo achou normal o fato do CMT Awards ser bem no fim de semana da morte da Rayna? Igual quando a Whitney morreu no fim de semana do Grammy? Ninguém achou estranho? Então tá bem.

Pois é isso. Nashville tem mais 9 episódios encomendados pra essa temporada, mas a CMT ainda não confirmou as datas. Eu apostaria que vai ser no verão, lá pra junho, e também apostaria que vai rolar um pulo temporal significativo na história. Mas por enquanto é só especulação. Até muito breve, se os deuses da country music nos permitirem!


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×