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No Tomorrow – 1×11 No Woman No Cry

Por: em 1 de fevereiro de 2017

No Tomorrow – 1×11 No Woman No Cry

Por: em

Quero abraçar o episódio No Woman No Cry. E abraçar também os roteiristas, de quem eu duvidei na review anterior. No Tomorrow deu a volta por cima, com bom humor e sensibilidade.

Logo que vi alguém escondido no trailer de Xavier, só com os pés à mostra, já saquei que era o primo Jesse (provavelmente influenciada pelo “previously on No Tomorrow” que apareceu no início). Revirei os olhos e pensei que seria ladeira abaixo a seguir – para mim, Jesse é aquele personagem bobo, que botam na série para preencher trama. Mas pasmem: foi ele quem “empurrou” Xavier para os braços de Evie novamente, com um dos diálogos mais bonitos da temporada. Ele acabou de sair da cadeia, graças a um acordo qualquer, e reencontrou a namorada. Por ela, Jesse faria tudo: usaria terno, procuraria um emprego, viajaria a prazo pro inferno e teria mais herdeiros que um coelho.

É isso que faz a vida valer a pena. Você precisa deixar de ser covarde e ter esperança.

Não, foi você quem ficou emocionado. Como se essa surra sentimental não fosse o suficiente, Jesse comparou a postura de Xavier com o preso com quem dividia cela. O homem estava em prisão perpétua e, mesmo assim, acordava todo dia e tentava aprimorar sua defesa de liberdade. Ele tinha esperança. Enquanto isso, Xavier levava uma rotina carpe diem, quase infantil, sem planejar seu futuro e prestes a perder a mulher que ama. No início da temporada, No Tomorrow me fazia acreditar que deveríamos aproveitar cada minuto. Agora, me convence de que, além disso, temos de atentar para os nossos sonhos. Quem diria que tudo seria dito pelo Jesse? Eu não, mas continuo com meu caderninho de metas:

Não menosprezar um personagem chato.

O personagem também foi cúmplice de outra cena surpreendente, enquanto provava um terno para a entrevista de emprego. Quero abrir parênteses aqui para comentar o diálogo entre Jesse e Xavier, quando reconhecem que a roupa não diluiria a dificuldade para Jesse conseguir trabalho. (Eu logo imaginei que fariam um extreme makeover, cortariam o cabelo e tirariam a barba dele. Mas foi um julgamento pessoal, viciado em tramas previsíveis. Apesar dos protagonistas bonitos, que a CW adora despir nas séries, No Tomorrow ignora essa opção barata aqui – ainda bem. É claro que o problema de Jesse seria o currículo de ex-prisioneiro. Pronto, já podemos fechar os parênteses.)

Ainda na loja, Xavier encontra Pete, o noivo de Deirdre, que parece paquerar Xavier ao falar de seu sonho em viajar para a Irlanda. Em inglês, chamam Pete de “three-Pete”, em homenagem ao terceiro noivado dele com Deirdre. Um trocadilho com a palavra “repeat” (repete, na tradução).

Com todo o discurso xavieriano, Pete é convencido a ir para a Europa e induz Deirdre a cancelar o casamento. Ainda não entendi por que a cerimônia seria realizada na empresa – é um tanto forçado, só para provocar ciúmes no Hank, certo? Mas o sentimento de Hank foi diferente do previsto: apesar de triste, ele planejou a festa perfeita para ver Deirdre feliz. On a side note: toda a história sobre o bunker de Hank, que acabou elegendo Deirdre para reproduzir a Terra se houvesse apocalipse, ficou meio perdida. Eu nem me lembrava de que Hank acreditava nessas teorias de fim de mundo.

Pelo menos, a decoração não foi desperdiçada, já que Kareema e Sofia aproveitaram a ocasião para trocar votos. Com certeza, se No Tomorrow tivesse renovação, Kareema não teria se casado tão cedo. Mas, como a CW não declarou nada sobre a série, parece um ótimo final para a personagem durona. A brincadeira com os terninhos brancos foi sensacional – Deirdre estava na dúvida entre dois modelos parecidíssimos para usar no grande dia, e as noivas pegaram o traje emprestado para descer a nave central da Cybermart.

A briga entre Kareema e o irmão, Rohan, é boba para quem assiste sem refletir. Mas é também uma bela lição de amor fraternal. Aprendemos que as discussões não precisam conter xingamentos; que os duelos não demandam sangue. Kareema e Rohan organizaram uma guerra de travesseiros, que remete à sua infância, e logo fizeram as pazes. Em meio à montanha de plumas, eles nos mostraram como a vida pode ser leve. Só depende de nós.

No universo de Evie, também houve um duelo poético – pelo menos, no início. No piano, Xavier e Timothy se rivalizam para conquistar a moça, ao som delicado de Scott Joplin. Mas a disputa fica acirrada e No Tomorrow cai no clichê – os homens se esmurram a fim de serem premiados com o coração da princesa. Evie decide sair com os dois e ver quem se dá melhor. Ainda mais clichê. Preciso me concentrar para não perder a meta de vista:

Confiar nos roteiristas de No Tomorrow.

O primeiro encontro é com Xavier, que leva Evie para andar de avião. É claro: um avião pilotado por ele mesmo. No céu, Evie pede para comandar o volante. A classificação etária deveria subir para 35 anos, para que ninguém tentasse imitar a cena em casa. Só podem fazer isso na TV, hein, crianças? Parece que já estamos autorizados a retomar o ship sem medo de ser feliz. Mas Timothy ainda precise de sua chance com a garota.

Só eu pensei que ele pediria Evie em casamento com aquele discurso? Será que toda a trama de casório me fez imaginar que estávamos num final de novela? Timothy não propôs união eterna a Evie, mas dispensou a moça – pelo menos até constatarem que o asteroide era balela. Já começamos a caminhar para o final feliz do episódio. Aguentem firme.

Não entendi a necessidade da trama dos avós. Digo, até aqui, quando eu definitivamente quis abraçar a TV. O avô de Evie fica desolado com a reprovação no teste de direção, mas a garota tem um plano para fazer seu velho feliz: corrida de kart. O relacionamento entre Evie e os coroas é tão puro e amoroso, que arranca sorrisos de Xavier. “E fica ainda melhor com o tempo,” declara o avô, deixando o aviador “Snoopy” com cara de apaixonado. Xavier decide seguir todos os conselhos que recebeu ao longo de No Woman No Cry – de Jesse e do avô – e busca um cientista para desmentir sua teoria sobre o asteroide. Moral da história: viva o amor!

Deixo vocês com a canção deliciosa que encerrou o episódio:

 


Caros leitores, a NASA já desmentiu a nova teoria de que um asteroide poderia destruir a Terra em fevereiro de 2017. Podem ficar tranquilos. Mas também sugiro extrair toda a positividade de No Tomorrow para aproveitar a vida adoidado. Nos vemos na próxima review.


Alice Reis

Jornalista que não bebe café, mas vai ao Central Perk com frequência. Gostaria de viver em todas as séries filmadas em Nova York.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Friends

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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