No último domingo, o tema da redação do ENEM surpreendeu e tirou milhares de candidatos de sua zona de conforto: era hora de pensar nos desafios para a formação educacional de surdos no Brasil, direito o qual é negligenciado pelo Estado e pela própria sociedade civil.
Surdos, ao contrário do que muitos pensam até hoje, não tem sua capacidade mental alterada por sua deficiência e podem ter suas plenas capacidades laborais e intelectuais desenvolvidas quando realizadas medidas de acessibilidades adequadas. O problema é que, dependendo do tipo de surdez e do tipo de acompanhamento realizado, as necessidades de acessibilidade são distintas e nem sempre passam pela língua de sinais (LIBRAS).
Inclusive, esse é meu caso: ter um intérprete de LIBRAS não me auxilia, pois não tenho domínio dessa língua. Minha perda auditiva surgiu após dominar o português e para mim o que hoje ajuda no dia a dia é um par de AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) e técnicas de comunicação que facilitem a leitura labial.
O curioso é que antes de me descobrir como deficiente auditiva, nunca tive conhecimento de artistas ou personagens com surdez. E isso também ocorre com outros tipos de deficiências. Você consegue pensar em alguma história contada por pessoas com deficiência ou com personagens deficientes sem olhar no Google? E consegue lembrar de algum surdo?
Hoje, no dia da Prevenção e Combate à Surdez (10 de novembro), vamos tirar do armário essa questão e listar artistas e também séries que trataram do assunto de forma positiva:
Millie Bobby Brown
“Eu simplesmente comecei a cantar. Se soo mal, não ligo porque estou fazendo o que amo”, contou Millie, que ainda deixou recado para seus fãs:
Você não precisa ser bom no canto. Você não precisa dançar ou atuar bem. Se você gosta de verdade, então faça. Ninguém deveria poder te impedir.
Jane Lynch
A atriz de Glee é surda unilateral. Ela descobriu ainda na infância ao brincar com o irmão, que ficava trocando o rádio entre um ouvido e outro, quando ela percebeu que não conseguia fazer isso, por só ouvir no ouvido direito.
Maria Otávia Cordazzo
Em entrevista para a Revista Glamour, Maria Otavia Cordazzo desabafou “Uma coisa péssima para um deficiente auditivo é quando você não entende algo, pede para repetir e o outro diz ‘deixa pra lá’. É frustrante isso!”.
Espero ser referência [para os deficientes auditivos] sim, não somente para os deficientes auditivos, mas também para qualquer pessoa que busque seus sonhos, independente se possuem algum tipo de deficiência ou não. Quando você realmente quer alguma coisa, o céu é o limite.
Switched at Birth
Switched at Birth é uma série de importante representatividade para pessoas surdas: não apenas a personagem principal é deficiente auditiva, mas também a atriz que a interpreta. O ponto principal da personagem Daphne é que, não apenas ela é surda, mas sua representação é motivo de elogios na comunidade dos surdos. A série também teve o primeiro episódio na TV americana a ser falado em linguagem de sinal sem nenhum diálogo.
Master of None
Na segunda temporada de Master of None, uma cena hilária surge quando um casal surdo começa a discutir sobre sexo dentro de uma loja e surge uma mãe revoltada que os filhos dela sabiam se comunicar em língua de sinais e começaram a reproduzir a conversa do casal correndo pela loja.
CSI
Em CSI, o personagem Grissom aprendeu a linguagem de sinais com sua mãe, que era surda, e depois descobriu que estava perdendo a audição devido a otoesclerose.
Consegue lembrar de mais algum personagem ou ator surdo? Conta pra gente!