Em uma temporada que já respirava com a ajuda de aparelhos, Once Upon A Time retorna do longo hiato com Tougher Than The Rest, um episódio morno que preferiu apostar no fan service como tentativa de recuperar pelo menos parte da audiência dos tempos áureos da série.

O plot do “Reino do Desejo”, introduzido no episódio anterior, chega ao seu fim e já vai tarde. A sequência, chata e sonolenta, foi uma estratégia excessivamente elaborada que aparentemente serviu a um único propósito: trazer Robin Hood de volta ao show. Pra mim, a pergunta que fica é, afinal, pra que matar o personagem? Não consigo enxergar nada de positivo nessa ressurreição a não ser agradar aos shippers de OutlawQueen. No fundo, gostei mais daquele momento em que parecia que o Príncipe dos Ladrões não tinha conseguido alcançar Storybrooke e não passaria, no final das contas, de apenas um sonho (sem falar que, de acordo com as regras mágicas, o guarda-roupa não podia transportar apenas duas pessoas?).

É claro que eu acredito que Regina mereça seu tão sonhado final feliz, mas é importante termos em mente que Robin de Locksley não é o Robin que conhecemos e pelo qual a prefeita se apaixonou. Se o “pó de fada nunca mente”, a única chance que esse casal tem para esbarrar na felicidade reside na construção de uma nova história de amor. Há, ainda, uma pequena possibilidade de que o Robin alternativo venha a ser o mesmo Robin de antes, o que encontraria explicação em pequenas dicas que foram lançadas ao longo do episódio – como o fato de, misteriosamente, ele ser o único a não ter envelhecido no Reino do Desejo.

Por falar em questões etárias, fui obrigado a recorrer ao Google para me lembrar que Pinóquio tinha voltado a ser adulto – e que estava em Storybrooke (pra quem também não se lembra, as Queens of Darkness sequestraram o garoto na quarta temporada e, em busca de informações acerca do Autor, Rumpelstiltskin o transformou de volta em adulto). Sinceramente, a última memória que eu tinha era que o boneco de madeira tinha voltado a ser criança. Pois é, depois de muito tempo sumido da tela, o queridinho dos fãs retorna ao seriado – mas ainda não sabemos por quanto tempo.

Em Tougher Than The Rest, August Booth reaparece para compor a entediante mensagem central da semana, uma marca registrada de OUAT que, no final do dia, nunca deixou de ser o que se propõe a ser: um conto de fadas. Usando a fábula do Patinho Feio como pano de fundo, um August do passado se encontra com uma pequena e marrenta Emma vivendo nas ruas (no rápido e único flashback do episódio, ao contrário do que estamos acostumados a ver no show) para ensiná-la que basta acreditar para que nosso destino esteja em nossas próprias mãos.

A verdade é que todo mundo, em especial Hook, já vinha batendo nessa tecla desde o início da temporada e Emma insistia em não ouvir. O mais legal da moral da história da semana foi descobrir que foi a partir daí que Swan adotou seu sobrenome atual.

Com um extenso histórico de plots mal aproveitados, encerrados às pressas e/ou abandonados, OUAT preferiu lançar mão de um novo – dessa vez totalmente inédito, não sendo adaptado de nenhuma história já conhecida (ou estou enganado?). Gideon, o insolente e levemente sem carisma filho de Belle e Rumple, chega à cidade para ocupar o posto de vilão dessa segunda metade da sexta temporada. O rapaz viveu e cresceu em um mundo onde o tempo passa diferente do nosso sob os (maus) cuidados de sua avó paterna, a Fada Negra.

Apesar dos maus tratos, pelo visto ele teve a chance de ler Maquiavel e, totalmente contraditório e cheio de sangue nos olhos, acredita que os fins justificam os meios. No midseason finale já havíamos descoberto que Gideon era o encapuzado que aparecia nas visões de Emma e, agora, entendemos seus motivos: ele acredita que matar a Salvadora vai transformá-lo em um herói. Oi??? Pois é, alguém faça o favor de avisar esse mocinho que ele exagerou no uso de Black Pixie Dust e tá viajando na maionese. Pra começo de conversa, desde quando matar um Savior transfere seus poderes ao assassino? São questões.

Vimos o primeiro encontro entre Emma e Gideon que se pareceu muito com as visões que a Salvadora vinha tendo durante a temporada, mas obviamente ainda há muito por vir – até porque Emma usava roupas diferentes na profecia. O que eu acho? Posso (e adoraria) estar errado, afinal a história acaba de começar e Gideon teve pouquíssimo tempo de tela, mas ele me parece ser o pior vilão que veremos na série desde o seu princípio. Um plot bobo (por falta de palavra melhor), fraco e previsível. Gideon é filho de Belle e já sabemos que, a qualquer momento, irá se redimir de suas maldades e desistir de sua vingança por motivo torpe.

Esperemos que Adam Horowitz e Edward Kitsis sejam positivamente afetados por sua própria lição de moral e entendam que o destino de Once Upon A Time não está selado e que ainda podemos ver um desenvolvimento digno para suas tramas.

Outras observações:

• A magnânima, poderosíssima e inabalável vilã da primeira parte da temporada, Evil Queen, foi derrotada com uma facilidade que beira o ridículo. Aguardamos ansiosamente um retorno triunfal pra mostrar pra esses jovens o que é ser vilão de verdade.
• Rumple, pelo visto, continua sem tratar seu transtorno bipolar e segue na incessante e cansativa montanha-russa do bem e do mal.
• No mesmo caminho, Belle teve perda de memória recente?
• O alívio cômico do episódio ficou por conta da engraçadíssima cena de um Killian alternativo velho e bêbado.
• Hook e Charming, em Storybrooke, foi só pra ocupar espaço, né? Cenas totalmente dispensáveis, visto que nem sequer foram desenvolvidas até o final.
• No Reino do Desejo tivemos vislumbres da Floresta de Sherwood e do Xerife de Nottingham, personagem que poderemos (ou não) voltar a ver na série com a vinda de Robin para Storybrooke.
• Minhas sinceras condolências ao cidadão responsável por consertar o relógio da torre toda vez que ele é destruído.

Essa review marca meu debut aqui no Apaixonados por Séries e, por enquanto, eu assumo as discussões de Once Upon A Time. Não sou e não pretendo ser nenhum especialista no assunto e espero que possamos construir juntos um espaço democrático para debate dos episódios. Anseio pelas opiniões de vocês nos comentários e a gente se fala na semana que vem!