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Outcast – 1×03 All Alone Now

Por: em 22 de junho de 2016

Outcast – 1×03 All Alone Now

Por: em

Outcast infelizmente parece estar desenhando a sua estrutura para algo que me desagrada bastante: A trama procedural. Ou seja, a cada semana  seremos apresentados à um possuído, que ao ser confrontado pela dupla dinâmica (pela qual ainda não temos muito apego) vai falar algo sobre o fato de Kyle ser um Outcast e vida que segue.

Não  me levem a mal, não to dizendo que a série não vale a pena, é só que – por se tratar de uma história fechada, adaptada dos quadrinhos de Robert Kirkman – não vejo necessidade para essa construção de narrativa. O que acontece quando se aposta nisso é que as vezes o foco muda do que realmente queremos saber, para somente algumas pinceladas e indícios que farão sentido apenas lá na frente. Espero realmente que isto não perdure e Outcast coloque o spotlight no cerne da questão, qual seja, o mistério que envolve Kyle Barnes.

Apesar disso, All Alone Now foi melhor que (I Remember) When She Loved Me, principalmente no tocante ao ritmo. Por mais que não saibamos a relevância da adição de personagens como o detetive Luke e seu parceiro possuído Blake. A sequência inicial com este último assassinando a esposa do amigo foi muito boa, digna de qualquer filme de terror – ainda mais depois com o close na feição horrorizada de Luke ao se deparar com a cena.

As cenas do approach de Kyle e Anderson com Blake dentro da prisão, bem como a consequente tentativa de exorcismo, foram muito bem executadas. Desde a tentativa deles de tentar identificar se havia algo dentro do homem, até o momento em que ambos os “mocinhos” são confrontados até (quase) perderem as estribeiras.

Aprendemos que Kyle não embarcou nessa jornada por amor ao próximo, mas sim porque ele quer de alguma forma se livrar desse carma que o persegue desde a sua infância. Inclusive ele dá espaço para o demônio se criar e, mesmo tendo sido alertado tanto pelo reverendo quanto Luke, ele se deixa levar pelas palavras de um ente completamente controverso – o que faz mais do que claro que a angústia dele sobrepõe a sua razão.

Nos instantes em que ele parece desistir, deixando Anderson para trás, é o clérigo que é confrontado pelas suas incertezas. Ele, um homem temente e clemente, aparentemente largou tudo que lhe era mais caro para  se dedicar a expurgar o mal de dentro dos seus fiéis. Aliás, é dado um considerável enfoque a figura do seu filho – cuja foto voou pela janela, deixando-o em desalento. Outra coisa que Outcast poderia trabalhar é essa complicada desconstrução familiar em prol das tentativas das realizações de Anderson.

All Alone Now fez questão também de situar o confronto interno que Reverendo faz para aturar a sua atual situação, tendo uma pessoa com os dons de Kyle, porém sem a menor motivação ao seu lado. Em algum momento isto pode trazer um interessante cisão, já que o episódio anterior deixou claro que o pároco cuida dele desde pequeno.

Kyle também teve que enfrentar as suas próprias convicções ao voltar atrás depois de se deparar com outro homem completamente perdido. J.R. Borne é um expressivo ator e eu realmente espero que seu arco não faça parte apenas de um caso da semana – seu personagem, apesar de tudo, não abriu mão da humanidade ao deixar o colega possuído e assassino da esposa continuar vivendo.

O que podemos tirar dos acontecimentos dentro da prisão? Kyle definitivamente está envolvido em alguma coisa muito maior envolvendo estes demônios que pipocam por aí. Não necessariamente eles precisam ser ligados à ele, vide que Blake não tinha nenhum tipo de correlação com o protagonista. Ele é O Outcast, o que – traduzindo livremente – significa pária, marginal, banido, excluído. Ainda não sabemos o motivo dele receber essa alcunha, mas como ele claramente foi “marcado” pelo demônio que possuía a sua mãe, provavelmente ele deve ter alguma relevância em algum plano maligno.

Falando em maligno, nada mais pavoroso para uma mulher do que se deparar com o seu agressor sexual. Essa informação nem foi dada com todas as letras, mas nem precisava. Megan definitivamente sofreu algum tipo de abuso de Donnie no passado – o suficiente para fazê-la arriscar-se ao se esgueirar para dentro do quarto de hotel dele. Não sei ainda como ela conseguiu ficar “de boas” com o marido depois de tudo, mas foi assustadora a cena dela vendo o rosto do seu agressor na face do marido.

É importante perceber que ela e Mark aparentemente tem uma relação muito saudável, principalmente no que tange a intimidade. Mas ela definitivamente não dividiu com ele essa parte da sua história. Isso pode dar brecha para vermos um lado mais sombrio da sempre solar Megan. Apesar de triste, ela agora adquire mais uma camada além de somente ser a irmã animada de Kyle.

Pegando agora toda aquela história dos guaxinins, esta semana eu não tive nada do que reclamar de Mark. Sua desconfiança de que algo a mais possa estar acontecendo naquele cenário que ele e o Xerife encontraram semana passada é mais do que plausível. Ele também, como eu disse no parágrafo anterior, provou que possui um relacionamento saudável com Megan, o que faz com que ele ganhei alguns pontos comigo.

Por algum momento achei que algo de pior fosse acontecer, vide toda tensão empregada na cena em que ele procura por vestígios naquele treiler abandonado. O jogo de cenas em paralelo com a esposa entrando no hotel para vasculhar as coisas de Donnie, só deixou tudo mais nervoso. Mas no final das contas ela conseguiu sair antes da chegada do seu agressor e ele se virou muito bem, optando por dar comida para o lobo ao invés de matá-lo (#consciência).

Aqui o que me causa estranheza é a reação do Xerife. Ou ele têm algum tipo de informação privilegiada, ou talvez ele já tenha se deparado com algo do gênero em um passado recente. Só isso explicaria o fato dele tirar das mãos de Mark, que se dedicou em colher tudo o que podia na mata, as investigações sobre o que realmente está acontecendo.

Sobre as pequenas coisas que aconteceram: O moço do Formation Word Tour, Sidney, parece estar intimamente ligado com o aparente suicídio de Norville. Achei que a cena final não foi tão arrebatadora para deixar o cliffhanger, mas ok – eu vou ainda me manter otimista quanto ao desdobrar da jornada de Kyle Barnes.

Estamos entrando na quarta semana de Outcast e a série ainda parece precisar de uma certa certeza, um certo conforto para ser o que ela tem potencial. Até agora podemos dizer que os pontos positivos  sobrepujam os negativos, mas tudo ainda está muito OK, nada que supere ou alcance as minhas expectativas.

Fique com a promo de A Wrath Unseen, que vai ao ar dia 24 nos Estados Unidos e no Brasil, a Fox transmite domingo, às 23 hrs.

O que você achou desta semana? Fique a vontade para comentar e complementar a resenha.

Observações:

– Interessante pensar no desejo de buscar razões para todos os atos inexplicáveis de violência. É uma temática interessante e talvez deveria ter um peso um pouco mais do que apenas um caso da semana. Espero realmente que Outcast explore um pouco mais disso.

– O amigo de preto deve se mudar para casa ao lado de Kyle agora, creio eu.

– A série precisa explicar porque os demônios aparecem em Roma ou o motivo deles terem algum tipo de relação com Kyle.

– O que o Xerife Giles está acobertando? Precisamos de mais respostas e menos indícios!


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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