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Outcast – 1×07 Demage Done

Por: em 26 de julho de 2016

Outcast – 1×07 Demage Done

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Nesta semana em Outcast não vimos nenhuma possessão, exorcismo ou gosma negra saindo de dentro das pessoas –  e posso dizer? Isso foi realmente um ganho para série. Por mais que nós estejamos acompanhando uma história que trate desta problemática, nos primeiros episódios fomos saturados com sessões que não adicionaram muita coisa. Ao invés de utilizá-las como um recurso para aumentar a tensão, chegou um momento que eu não via necessidade em ver o tempo todo Kyle e Anderson tentando salvar a alma das pessoas de Rome – até porque, pelo visto, a maioria delas não pode ser salva.

Demage Done focou pura e exclusivamente nos problemas humanos dos personagens, meio que neste episódio toda trajetória que acompanhamos até agora começa finalmente a trilhar um caminho para o destino que a história quer seguir. Depois do final perturbador de From The Shadow It Watches, o perigo deixou de ser algo sobrenatural – concretizando-se naquele pentagrama cravado no peito do Reverendo Anderson.

Como eu bem falei na minha resenha anterior, mau ou bem, a sinistra marca acabou trazendo para o clérigo a confirmação de que o seu trabalho estava sim surtindo algum efeito. Para uma pessoa que estava em constante conflito entre o seu ego e a realidade, isso faz com que ele seja tomado pelo ânimo de mais uma vez tentar fazer a diferença e conseguir algum reconhecimento sozinho – chegando inclusive no nível de ser abordado pelo amigo e Xerife da cidade sobre o fato e refutado qualquer tipo de ajuda, afirmando ser sua missão resolver o problema sozinho. Por qualquer que seja o motivo – provavelmente uma antiga amizade e porque ele sabe do seu trabalho com os possuídos– Giles o deixa estar em sua batalha, mas querendo ou não agora ele à par da trama principal.

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Eu não sei vocês, mas eu não consigo ter nenhuma simpatia por Anderson. O seu egocentrismo é tão grande que faz com que ele seja capaz de enganar, os outros e a si mesmo, por não atrever-se a enfrentar a realidade, com medo de ferir os seus próprios dogmas. A atitude de Anderson aqui foi ficando cada vez mais insuportável. Primeiro ele está prestes a ter um colapso nervoso, depois ele tem um desconfortável encontro com Patrícia, pede desculpas pelo modo que a tratou e a beija para toda cidade ver, inconveniente retratando a sua intransigência – como se o mundo girasse em torno dele.

O foco do episódio foi Roma e a celebração do que seus cidadãos chamam de Dia da Lembrança – que marca o aniversário de morte de 29 mineiros, dentre eles inclusive o marido de Patrícia. Nós também vimos um flashback mostrando que Kyle também trabalhava na Mina e escapou da tragédia ao trocar seu turno, saindo mais cedo para encontrar com Allison – a questão levantada aqui é se o desastre foi de fato um acidente, já que ao apertar a mão do colega que quebrou o seu galho naquela data, a reação dele foi um indicativo de uma possível possessão.

A cidade toda então se reúne em memória dos que se foram e para inauguração de um monumento em homenagem à eles. Depois de ser anunciado pelo prefeito, o Reverendo faz um discurso nefasto aos confusos ouvintes, no qual ele insinua que a fatalidade foi culpa da complacência de todos à infestação demoníaca – chamando para si a responsabilidade de ser a pessoa que vai livrar Roma de todo mal. Anderson passou completamente dos limites ao tentar coagir as pessoas a temerem algo que nem ele compreende – que se as pessoas em tese boas caçoam da possibilidade da existência do mal, ele encontra mais terreno para se instalar.

Ao ver o pentagrama no peito da estatua Anderson então perde completamente o controle, ao esbravejar que o demônio caminha tranquilamente em Roma e aponta para Sidney como o centro de todo mal – apesar de ser impedido por Kyle, a única coisa que ele conseguiu com essa cena toda foi provar o seu desequilíbrio em frente de todos, além de expor-se ainda mais à ira de Sidney. Um Kyle completamente resignado quanto aos seus deveres inclusive sugere que ele procure ajuda  profissional, pois a atitude dele mais atrapalha do ajuda os dois em sua missão.

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Falando de Kyle, depois do expurgo e do controle que ele percebeu ter sobre o que quer que esteja possuindo as pessoas, parece estar em uma certa paz. A forma como ele os explica tudo para Giles, como se os compreendesse, expressa um certo amadurecimento. Ele aceitou o seu destino e está ainda colhendo informações para assimilar o que está acontecendo ao seu redor. A conversa dele com Giles, bem como a confiança que o policial depositou nele, pareceu também dar um novo gás para o protagonista – Afinal, fica comprovado que não são todos que consideram ele uma pessoa perdida na vida. Essa parceria tem muito mais chance de dar certo, pois Giles e Kyle têm muito mais química para formar uma dupla dinâmica.

Quem também começa a se situar sobre a realidade é Allison. Desde o começo, Outcast deixou claro que Kyle havia sido injustiçado ao assumir a culpa da agressão da mulher e do delicado estado de saúde que a filha se encontrava depois de que foi atacada pela mãe possuída. Ele abriu mão da sua família, pela mais remota possibilidade delas conseguirem ter uma vida normal – pois no ponto de vista dele, aquilo tudo aconteceu pelo fato dele ser um para raio de demônios.

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Mas ninguém podia esperar que Amber se lembrasse do que aconteceu aquele dia, e sabendo da verdade, passou a rejeitar a mãe por culpá-la da distância com o pai – que a salvou naquele dia. Pois se Kyle não quis contar a verdade para esposa, a própria conseguiu lembrar sozinha dos acontecimentos e do que foi capaz de fazer com a própria filha. Não era o pai que ela devia temer, mas sim a mãe.

Isso proporcionou um belo e honesto momento entre pai e filha, quando Kyle e Amber são sinceros um com outro sobre o perigo que os ronda. Ele não precisou florear a história para tranquilizar a menina, mas sim falar a verdade – eles ainda não estão livres para ser uma família feliz, mas ele fará de tudo para que isso possa se tornar realidade. Kyle e Allison também dividem um intenso momento em que faltaram palavras e sobrou paixão – o que ela poderia dizer para o homem que deixou tudo o que tinha de lado para ela seguir vivendo normalmente? Nada. Só restou à ela a opção de sumir e deixar a filha com a pessoa realmente capaz de protegê-la: o pai.

Outcast 1x07.bmp-003Megan mais uma vez passou por maus bocados em Demage is Done. Ao perceber que a única coisa que poderia salvar a sua família seria se livrar de uma vez de Donnie. O problema é que na inocência, ela acreditou que todo seu dinheiro faria com que ele desistisse de infernizar a sua vida – mas seria fácil demais. Ela entrega todas as economias da sua família pela promessa vazia de que o silêncio do homem que abusou dela na infância, o que – obviamente não aconteceu – ele não perderia a oportunidade de diminuí-la em definitivo. Não só a conta corrente dela e de Mark está zerada, como Donnie prestou queixa pela agressão que sofreu do policial.

Ou seja, eles estão na pior e ela se  subjugou novamente ao seu algoz, que no final das contas conseguiu o que queria. Mas uma vez o arco de Megan foi o destaque de Outcast, e pontuo a sequência em que ela e Mark enfrentam a realidade resignados com o fato de que não há como reverter a situação. Foi difícil tanto para Mark, mas muito mais para Megan dizer (e ouvir) em voz alta que ela foi estuprada.

Como li em comentários semana passada, a desconstrução de Megan – de uma mulher cheia de vida para uma pessoa frágil e devastada – sinaliza que ela está cada vez mais suscetível à possessão. Afinal, ter que acometer a sua irmã ao violento ritual de exorcismo, sem nenhuma garantia de sucesso, será um grande golpe na recém adquirida segurança de Kyle quanto à sua missão.

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Demage Done funcionou por várias razões, principalmente pelo fato de colocar os personagens para enfrentar os seus próprios problemas – como eu já disse anteriormente, Outcast cresce quando o sobrenatural serve de trampolim para nos aprofundarmos cada vez mais nos dramas dos personagens. A  realidade pode nos aterrorizar muito mais do que os demônios, porém apenas ao enfrentarmos os nossos problemas poderemos ganhar forças para as outras ameaças que espreitam por aí.

Confira a promo de What Lurks Withim, que vai ao ar dia 31, na Fox Brasil:

O que você achou do episódio? Como vai ficar o Reverendo depois de se expor daquela forma? Será que Kyle vai conseguir conciliar a luta contra o mal e o papel de pai? Fique a vontade para dividir todas as suas impressões aqui com a gente!

Observações:

– O espaço dado à Gilies é ótimo para a série. Reg E. Cathy gera em mim muito mais simpatia para se tornar um aliado de Kyle.

– Será que todas as pessoas que foram possuídas – e efetivamente exorcizadas – têm flashbacks?

– Achei Allison deveras infantil, espero que ao menos ela retire a ordem de restrição contra o marido.

“How can we take a ride with you not in the car?”

– Aquele “amigo” do SAMU é muito babaca. Ele usou uma falha passada de Gillies para tentar crescer para cima do policial. Mas algo me diz que agora ele não é mais homem de virar o rosto para as coisas.

– Tudo bem, eles constataram que Ogden não estava possuído – mas por que então o cachorro de Gillies avançou sobre ele e a esposa aquele dia? Será que ele só reconheceu um babaca?

– Aposto que quem desenhou o pentagrama na estátua foi o filho de Patrícia. Ele viu tudo o que aconteceu, será que ele foi escalado para o time de Sidney?

– Mildred morreu mesmo =(

– Nesse final de semana, rolou a Comic-Con lá nos Estados Unidos. Foram inúmeros painéis legais, sendo Outcast um deles. Com a presença dos protagonistas e Robert Kirkman, eles falaram um pouquinho sobre o que esperar da reta final da série. Leia aqui.

Obs: Patrick Fugit (Kyle) contou que a maioria dos posts que ele vê sobre a série são em português e parecem positivos. Ou seja, estamos fazendo direito!

Quer ficar por dentro de tudo sobre a série? Curta Outcast Brasil no Facebook e não perca nenhuma novidade sobre a adaptação dos quadrinhos de Robert Kirkman!


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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