A série da A&E, Bates Motel, marcou presença na Comic-Con 2013 após ter encerrado sua primeira temporada aclamada pela crítica. O painel contou com a presença do produtor executivo Carlton Cuse, da roteirista Kerry Ehrin, e dos atores Vera Farmiga (Norma Bates), Olivia Cooke (Emma), Max Thieriot (Dylan) e Nestor Carbonnel (Romero).

A primeira pergunta foi para Vera (que acabou de ser indicada ao Emmy pelo seu papel na série), sobre como ela deu vida à personagem Norma Bates. A atriz disse que o primeiro passo foi pesquisar no Google “pais de psicopatas”. Vera vê Norma como uma mulher forte, amável e acolhedora. E que, apesar de ser uma mãe com diversas falhas, temos que levar em consideração que ela é mãe de um filho com problemas mentais, e que isso tem um efeito devastador em qualquer pai.

Logo depois da primeira pergunta, descobrimos que a ausência de Freddie Highmore não é acidental. Na verdade, o protagonista da série parece ter tido algum problema com a lei durante o hiato. Talvez Freddie e Norman Bates tenham um pouco mais em comum do que imaginávamos, como vocês podem ver abaixo:

Brincadeiras à parte, na verdade Freddie passou o hiato trabalhando em um escritório de advocacia em Madri traduzindo documentos (o ator é graduando em Cambridge, estudando Letras com foco no espanhol).

A primeira coisa que o moderador quer saber de Freddie é a respeito do assassinato da Senhorita Watson no season finale. No entanto, o ator prefere manter o mistério, dizendo que ainda não sabe muito sobre a segunda temporada, mas admitindo que foi uma ótima forma de iniciá-la. Highmore disse que essa morte foi mais um passo na transformação do personagem em um psicopata consciente (no sentido de ele adquirir a noção de que é um psicopata).

Depois as perguntas se voltam para Max Thieriot e para a relação Dylan/Bradley. Quando questionado sobre o que deve acontecer nessa relação, Max diz que, por ser o irmão de Norman, ele torce para que o relacionamento siga em uma direção que o mantenha vivo, já que é difícil saber o que pode ativar o lado psicopata do irmão. Freddie completa dizendo que essa é uma das vantagens de interpretar o vilão, ele é o único garantido no final.

Nestor Carbonell fala um pouco sobre o seu personagem, o Xerife Romero, que, segundo ele, tem um jeito particular de lidar com a lei. O ator brincou dizendo que Carlton ofereceu o papel para ele perguntando se teria interesse em interpretar um jovem xerife que é o último a morrer. Cuse e Carbonell relembram o fato de terem trabalhado juntos em Lost, brincando que poderiam gravar um episódio no Havaí.

Sobre o visual da série, Ehrin disse que ninguém deu ordens do que eles poderiam ou não manter do clássico de Hitchcock, mas que uma das coisas que eles não quiseram modificar foi o visual da casa e do hotel do filme. Embora a audiência já saiba como as coisas terminam, criar esse caminho até lá tem sido muito divertido, segundo Cuse.

Falando um pouco sobre o que fará parte da segunda temporada, os produtores disseram que a história do atalho na rodovia que tirará o movimento do Bates Motel, que já foi introduzida na primeira temporada, será retomada. Outra trama que retornará será o envolvimento de Norman com a taxidermia. Cuse também revelou que o segundo episódio da nova temporada será baseado em uma ideia sugerida por Vera, mas não quis dar mais detalhes sobre qual será o tema.

Quando trouxeram à tona o fato da pequena cidade na qual se passa a série ter tantos homicídios e corrupção, Carlton se defende dizendo que a cidade da série Murder, She Wrote teve uns 10.000 assassinatos ao longo de todos os episódios. Um dos fãs presentes comparou Bates Motel a Twin Peaks, e quis saber se existe a possibilidade de algum dos atores da antiga série participar da nova. Cuse declarou ser fã da criação de David Lynch e disse que ela foi uma das influências que utilizaram para construir o clima da cidade pequena de Bates. Ele também afirmou que adoraria que algum ator da série entrasse para o elenco, mas que isso depende de que eles tenham o papel certo e interesse da outra parte.

Outro aspecto que estará mais presente na segunda temporada será a família. Conheceremos o irmão de Norma e tanto a mãe quanto o filho terão novos romances. “Com outras pessoas”, Carlton esclarece antes que alguém pense que a relação incestuosa dos dois irá se concretizar.

Os atores e produtores também relembraram algumas histórias engraçadas de bastidores. Cuse disse que ele e o técnico de efeitos especiais jogaram bonecos de diferentes pesos no mar para avaliar a velocidade com a qual afundavam e que, enquanto faziam isso, assustaram um grupo que passava em um barco. Vera lembrou que ao filmar esta cena, na qual ela e Norman se livram de um corpo, havia um vazamento no barco. Já Freddie revelou que o set principal fica localizado próximo a um lixão, tornando o cheiro ao redor bem desagradável.

No painel também é comentado sobre a relação entre Vera e Freddie, que se tornaram amigos próximos mesmo antes do início das gravações. O ator só aceitou fazer parte do projeto depois que Vera já tinha se comprometido a interpretar Norma. No entanto, Freddie disse que eles discordam sobre o relacionamento de Norma e Norman, enquanto ele o acha um tanto problemático, Vera acha bonito. Em defesa de Norma, Ehrin diz que ela não tem noção de que está passando de algum limite ou fazendo algo de errado. Ela é uma pessoa carente que acaba dependendo muito do filho. Vera acrescenta que todas as mães acham que seus filhos crescem rápido demais, o que não a faz tão diferente assim das outras.

A audiência perguntou qual é o propósito de Dylan na história. Cuse disse que eles o acrescentaram à trama para deixar bem claro que eles não estavam presos ao universo criado por Hitchcock. Além disso, é interessente tê-lo na história como um terceiro elemento da relação Norma/Norman. Dylan traz uma perspectiva de fora e acaba representando o telespectador.

Ehrin revelou que os roteiristas fizeram muita pesquisa psicológica para escrever a série, e que eles lidam com o problema de Norman como sendo um transtorno dissociativo de identidade originado de um trauma de infância. E que o complexo de Édipo é mais um aspecto interessante da personalidade dele com o qual eles podem lidar.

Cuse declarou que ele já tem um início, meio e fim definidos para a série e que agora o desafio é definir o tempo adequado para contá-la, dando a entender que ele já tem uma ideia de quanto tempo Bates Motel deve durar. O produtor também ressaltou a importância do apoio que a A&E deu para série, encomendando mais episódios e dando sinal verde para a produção mesmo sem um piloto pronto.

O próximo assunto abordado foi Emma e a fibrose cística. Todos comentaram que o mais interessante dessa personagem convivendo com a doença é ver como ela não deixa que isso a defina, tendo outros interesses e toda uma vida a parte da sua condição delicada. Ehrin disse que escolheu essa doença por ter amigos com fibrose cística.

Quando quiseram saber se algo das continuações de Psicose será aproveitado, Cuse disse que só o primeiro filme é levado em consideração, encerrando o painel da série.

Para quem gosta de Bates Motel, vale lembrar que no mês passado o protagonista Freddie Highmore esteve no Brasil e o Apaixonados por Séries esteve presente na coletiva. A entrevista com o ator você pode conferir aqui.

E, para mais notícias da Comic-Con 2013, fiquem ligados na cobertura do Apaixonados por Séries.