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Penny Dreadful – 3×05 This World Is Our Hell

Por: em 1 de junho de 2016

Penny Dreadful – 3×05 This World Is Our Hell

Por: em

Depois de ter exibido um dos melhores episódios da história de Penny Dreadful, a série dá andamento a sua atual temporada com um episódio focado na trajetória de Ethan até o Condado dos Talbots, lugar que um dia ele reconheceu como lar.

Dividido entre o deserto norte americano e a gótica Londres, This World Is Our Hell expõe o outro lado da natureza humana. Propondo que somos fruto dos acontecimentos vividos ao longo da vida. E enquanto Frankenstein propõe a Jekyll o isolamento do soro por meio da aplicação aliada à fonte de suas criações, a eletricidade. Ethan revisita seu passado e questiona até que ponto é válido viver uma vida de arrependimentos e culpa.

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Diferente do que vimos no episódio passado, a química entre Chandler e Hecate já era evidente. Mais que disposta a proteger Ethan, a bruxa já tinha deixado clara sua intenção de fazer com que Chandler aceitasse de uma vez por todas a besta interior. Sugerindo que os dois se unissem em nome do Diabo e reinassem sobre a terra. O problema aqui é que a forma como tudo isso acontece ao longo do episódio, se considerar que o mesmo Ethan ainda se sentia incomodado com a morte dos antigos donos dos cavalos roubados por ele e Hecate. Achei forçada esta transição. Algo que poderia ter funcionado melhor, se não tivéssemos tanta coisa pra ser revelada em um único episódio.

Descobrir que na verdade o tardio senso de justiça de Ethan, alicerçado na culpa pelo genocídio dos Apaches, foi o responsável pelo assassinato de sua própria família. Revela ali que na verdade Chandler nunca foi uma pessoa ruim, pelo contrário, era alguém em busca de perdão. Tentando conviver com os próprios erros e carregando um enorme peso nas costas. E se na primeira vez, ao se unir ao exército e dizimar os apaches, ele fora movido pela tentativa em agradar o próprio pai. Quando decidiu estar disposto a tudo para se redimir diante dos índios apaches sobreviventes do massacre, mais uma vez Chandler foi enganado. Usado como instrumento em uma guerra. O resultado não poderia ter sido pior: praticamente todos os apaches dizimados, assim como sua própria família.

A culpa e o remorso sempre fizeram com que Ethan mantivesse seu senso de justiça e sua humanidade. Talvez dada a situação extrema em que estava envolvido – a possibilidade real de morrer a caminho da terra dos Talbots – tenha ajudado para o que veríamos como o pacto entre o Lupus Dei e Hecate. Ainda assim, como eu disse, achei que faltou ali algo um pouco mais sólido. Já que duas cenas bastaram para que o julgamento de Chandler contra a moça mudasse de repente. Primeiro ao perceber que existia em Hecate algum tipo de misericórdia e depois – durante um conversa um tanto sem emoção – quando ela revela a Ethan que na verdade tudo o que ela viria a viver tinha sido culpa da própria mãe, a figura que na realidade teria que protegê-la e não usá-la. Entendo a importância da identificação, mas achei que faltou algo ali, mesmo com a revelação das inscrições sobre a origem do primeiro Apache. As consequências disso seguem uma lógica já que veremos possivelmente o momento em que o Lupus Dei ficará dividido entre seu papel de guardião e o lado bestial da fera que habita o corpo de Chandler. E ainda que tenhamos descoberto a natureza da relação tempestuosa de Ethan e seu pai, assim como o porquê do pistoleiro desejar e ansiar pela morte de Kaetenay. Nada foi dito sobre a origem dos lobisomens ou porque razão Chandler é um deles.

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O conflito interno e que de certa forma reforça o sentido do título do episódio, ao definir a crença de que o inferno está em nós e é vivido aqui na terra. Motivo pela qual passamos por inúmeras provações e expiações. Ganha outras nuances em Londres, demonstrando que tanto as atitudes de Jekyll quanto às de Frankenstein, seguem por linhas ligadas ao egoísmo. O primeiro, disposto a tudo para que pudesse de fato superar seus próprios complexos e as dores vividas por toda vida ao ser considerado um pária social. Ansiando por um dia ter um mínimo de respeito e reconhecimento, o que na verdade só evidencia a necessidade que ele tem de ser amado e respeitado, mesmo insistindo em dizer pra si mesmo que nunca quis ou esperou por isso. Já Victor, assume sua “monstruosidade” ao não superar que Lily o abandonou. Este amor doentio do mestre por sua criatura, e que mantém Frankenstein preso ao passado e aos resquícios do que ele considera ser a verdadeira face do amor, apenas reforça a ideia de que a ideia usar o soro para criar um “coral de anjos” tem muito mais a ver com abuso e dominação que propriamente o ato de amar.

O que se sabe até o momento é que a escolha de Ethan irá redefinir seu papel na trama, e caberá possivelmente a Sir Malcolm o papel de salvar Chandler. Tentando salvarresgatar o pouco que ainda resta da humanidade do Lobo de Deus, possibilitando um ambate deles contra Lúcifer. O que certamente resultará na morte – finalmente – de Hecate. Além do que, ainda falta saber o que acontecerá com a chegada de Bartholomew Rusk e do xerife no condado dos Talbots.

Quanto ao soro de Jekyll e Victor? Isto certamente os levará para o confronto entre Lily, Dorian e Justine.


E aí, o que achou do episódio desta semana? Não deixa de contar aqui embaixo o que tem achado da nova temporada de Penny Dreadful. Nos vemos na próxima review.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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