Sabe quando você vai a um self service, não sabe o que quer comer, resolve colocar tudo no prato e acaba passando mal? Aftermath é basicamente isso: uma mistura de desastres naturais, doenças e possessões; em outras palavras, um apocalipse bíblico. O problema disso tudo? O roteiro é praticamente falho em todos os sentidos.
A nova aposta da SyFy/Space é um suspense que conta a história de Karen e Joshua que, junto com seus três filhos, precisam lutar pela sobrevivência em um mundo destruído por terremotos, tempestades gigantes e uma doença ainda desconhecida. O elenco principal conta com James Tupper (Revenge), Anne Heche (Adventure Time), Levi Meaden (The Killing), Taylor Hickson (Deadpool) e Julia Sarah Stone (Falling Skies).
A premissa da série é muito interessante e os minutos iniciais são ótimos. O problema mesmo começa logo após os créditos iniciais, onde um acontecimento acaba atrapalhando o outro. Mas, tentando ignorar esses fatos, nos deparamos com um problema de desenvolvimento de personagens. E errado quem pensa que no episódio piloto é impossível ou desnecessário desenvolver personagens, muito pelo contrário. A história só consegue se desenrolar nos episódios seguintes se o desenvolvimento no piloto é bom, o que no caso de Aftermath não chega nem perto.
Em primeiro lugar preciso falar sobre a personalidade dos protagonistas, que é basicamente a mesma. Mesmo com o mundo praticamente acabando, pessoas matando e outras até voando, eles ainda continuam incrédulos, tentando arrumar desculpas para tudo que está acontecendo e, o mais inacreditável, com uma calma de dar inveja. Salvo por uma das filhas da família que de vez em quando chora e fica com falta de ar, os personagens parecem que não sabem o que estão fazendo da vida.
Em segundo lugar, a motivação dos personagens é extremamente superficial. Tudo que acontece parece ter uma influência mínima neles. Não há desespero nem revolta, não há angústia nem emoção, a cada acontecimento bizarro eles apenas seguem como se tudo estivesse normal novamente.
E em terceiro lugar, mas não menos importante, temos o roteiro auto-explicativo. Bem comum em vários filmes apocalípticos, o roteiro auto-explicativo é aquele tipo de roteiro que mostra um acontecimento, mas logo em sequência já manda uma fala ou uma conversa explicando o mesmo, sem deixar que o público teorize sobre. É usado para ligar o ponto A ao B, normalmente para explicar uma situação complicada logo de cara para que a história possa seguir em frente, sem ficar presa.
Mas é claro, nem tudo na série é um desperdício. Como é normal em séries com roteiro falho, a fotografia, trilha sonora e – pasmem – os efeitos especiais são bons. Assim como em The Walking Dead, onde os personagens passam praticamente todo o tempo indo de um lugar ao outro, foi tido um cuidado bem especial com a imagem, mostrando uma coloração mais clara que, mesmo em um apocalipse, ainda consegue passar a sensação de esperança. A trilha sonora, por sua vez, é colocada nos momentos certos, com a música final chegando até mesmo a fazer referência ao Apocalipse de João. E os efeitos especiais, apesar de não serem os melhores do mundo, superaram minhas expectativas para um episódio piloto.
No geral, Aftermath não é uma série que eu indicaria para quem tem sede de um roteiro profundo e personagens complexos. Mas se você gosta de séries com cenas bizarras e muita ação apenas para passar o tempo, essa combina perfeitamente com você. Claro, as opiniões variam de pessoa para pessoa, mas levando em conta a quantidade de séries apresentadas nessa fall season, esse talvez não seja o melhor momento para apostar em Aftermath.
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