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Primeiras Impressões: Mindhunter

Por: em 13 de outubro de 2017

Primeiras Impressões: Mindhunter

Por: em

Mindhunter estreou na Netflix nesta sexta-feira (13) sob toda a expectativa que uma série de David Fincher pode ter.  Estrelada por Jonathan Groff , Holt McCallamy e Hannah Gross, a série mostra o início do uso da psicologia e sociologia pelo FBI, na década de 70, para decifrar um novo perfil de mentes criminosas e suas motivações.

Holden Ford (Groff) é um jovem especialista em negociação com sequestradores. Após um incidente em que seguiu perfeitamente todas as regras e ainda assim não obteve sucesso, ele começa a questionar se as regras são realmente eficientes. Esta inquietação dá o tom do piloto, com um protagonista completamente despido de arrogância buscando novas respostas em lugares que o FBI não conseguia – e nem queria – alcançar. Holden vai para as salas de aula, ouve acadêmicos, se debruça sobre a literatura, a psicologia, a sociologia e até mesmo o cinema para tentar desvendar crimes e criminosos cada vez mais complexos e mais violentos.

Reprodução Netflix

O tema central da série é relevante até hoje, principalmente quando percebemos que o raciocínio dos policiais dos anos 70 não se distancia tanto assim dos de 2017. Um raciocínio imediatista, muitas vezes contaminado por estereótipos e aparências para determinar quem é “bom” e quem é “mau”. Mas a forma como essas questões são colocadas não é exatamente atrativa para o público geral, caindo em uma morosidade excessiva resultante das longas explicações de conceitos acadêmicos.

Jonathan Groff é o centro das atenções do piloto e já parece completamente à vontade na pele de Holden, embora em alguns momentos pareça ingênuo demais para um agente do FBI. O personagem é curioso, inteligente, tem a mente aberta, sabe que tem mais perguntas que respostas e está longe de ser o tipo de pessoa que quer estar sempre com a razão. Mas não é um bobo, e a interpretação de Groff passa perigosamente perto de fazer parecer isso em alguns momentos. Os demais personagens não tiveram tanto espaço neste primeiro episódio, mas também não parecem estar ali apenas para fazer escada para Holden, então é provável que a série desenvolva suas próprias tramas mais adiante.

A ambientação não grita anos 70. Na verdade, até que se fale explicitamente de datas em um diálogo, é difícil para o público perceber em que momento da história Mindhunter está. Existem elementos para indicar isso, mas o foco não está em construir uma atmosfera nostálgica e cheia de referências como grande parte das produções de época fazem.

A introdução de um caso, já na metade final do episódio, sobre o assassinato brutal de uma mãe e seu filho, levanta um pouco o ritmo e as expectativas para a série, mas não se trata de um procedural com casos de rápida resolução e desfecho certo, pelo contrário. O próprio Holden, ao se deparar com aquele nível de violência e sofisticação, acredita ser incapaz de ajudar a polícia a solucionar ou encontrar razões para aquele ato. Pensando na própria obra de Fincher no cinema, o piloto de Mindhunter dá a entender que a série terá um ritmo parecido com o de Zodíaco, por exemplo.

Reprodução Netflix

Embora todos os episódios já estejam disponíveis, Mindhunter não parece ser o tipo de série que se assiste em uma tarde. Ela exige algum tempo de digestão pela sua complexidade – tanto pelo tema, quanto pela linguagem – além de ser tediosa demais para inspirar uma maratona. Mas pode ser uma boa opção para quem se interessa por séries policiais, mas já está saturado da falta de profundidade dos procedurais do gênero.


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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