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Primeiras Impressões: The Crown

Por: em 4 de novembro de 2016

Primeiras Impressões: The Crown

Por: em

Spoiler Free!

Este texto não contém spoilers,

leia à vontade.

Disposta a acabar de vez com qualquer vestígio de vida social que ainda nos resta, a Netflix lançou hoje a primeira temporada de The Crown, produção original britânica que conta a história de ninguém mais ninguém menos que a jovem rainha Elizabeth. Produzida por nomes como Stephen Daldry (que dirigiu o piloto e também filmes belíssimos como As Horas e O Leitor), com roteiro de Peter Morgan e estrelada por Claire Foy como a jovem rainha (à época do primeiro episódio, ainda princesa), o primeiro ano da série conta com 10 episódios, todos já disponíveis em qualquer lugar com Netflix.

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Assim como já se tornou comum nas séries produzidas pelo serviço de streaming, o primeiro episódio funciona muito mais como um prólogo do que como um primeiro capítulo da história em si. Focado em apresentar os caminhos que acabaram levando a jovem princesa a assumir o trono, o texto é eficiente ao estabelecer logo de cara o tom da série, um híbrido entre a leveza de relacionamentos familiares e seriedade de uma história política. Figuras importantes da história britânica, como Winston Churchill (o sempre incrível John Lithgow) e o então Rei George (Jared Harris), conseguem ser bem reconstruídos e tem uma certa importância aqui. Por mais que a princesa esteja no centro da história, fica claro, pelo menos por esse episódio, que eles são algumas das figuras que a conduzirão até seu destino.

Claire Foy é um dos grandes trunfos da produção. A atriz, nesse piloto, consegue construir uma princesa Elizabeth situada ali na linha tênue entre a doçura e a dureza. Uma jovem sonhadora, idealista e que está vivendo o dia mais importante de sua vida – seu casamento -, mas que também sabe ser áspera e se impor quando for necessário e o próprio roteiro do episódio brinca com isso em diversos momentos, como uma pequena cena, onde sua mãe e sua vó comentam que ela conseguiu fazer com que todos se dobrassem a um casamento que, a príncipio, ninguém era a favor. Diferente de muitas protagonistas, ela consegue conferir a Elizabeth um ar leve e humano, que permite uma identificação imediata com a futura rainha da Inglaterra. Quando paramos e analisamos que a atriz interpreta uma personagem que realmente existe, esse mérito acaba sendo ainda maior. Ao seu lado, a série coloca o eterno 11th Doctor, Matt Smith, interpretando Phillip, duque de Endiburgh e marido da princesa. Talvez um dos principais méritos do episódio tenha sido deixar bem claro que Phillip está atrás de Elizabeth e não o contrário.

Não sou o mais entendido de história britânica, então não consigo dizer até onde o roteiro de The Crown foi/vai ser fiel à realidade, mas acredito que a maior parte dos acontecimentos que vimos aqui (casamento de Elizabeth, doença de George, segunda eleição de Churchill) se não conferem com o que de fato aconteceu, ao menos estão relativamente de acordo com a história. Mas também não acredito que, narrativamente falando, isso seja essencial. A série é uma obra de ficção, mesmo que levemente inspirada em acontecimentos reais, e o que ela precisa para funcionar é que sua narrativa seja fluida e bem construída e, a julgar pelo que vimos aqui, isso irá acontecer. O bônus do “fator vida real” é que sempre acaba sendo legal ver representados ficcionalmente personagens que “conhecemos” na vida real. É complicado não abrir um sorriso de reconhecimento, por exemplo, quando uma criança aparece brincando no palácio e é chamada de “Charles”.

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No que diz respeito a parte técnica, há muito o que se elogiar. Mais uma vez, a Netflix conseguiu um recorte perfeito de reconstrução de uma época que não é a que vivemos hoje (por mais que também não esteja tão distante assim), seja pelos figurinos, pelos diálogos e pela construção de um cenário. Mesmo que o episódio tenha quase 1 hora, ele não é cansativo e de cara já nos transporta para a Terra da Rainha, no seio da corte real, com todos os problemas, que o roteiro já fez questão de estabelecer. De certa maneira, é como se o piloto da série estivesse o tempo todo gritando para o público “Vê? Tá vendo a história que a gente quer contar? É isso mesmo, pode assistir!”. Vale um elogio especial também para a trilha sonora, no tom exato.

Não vou entrar em mais detalhes para evitar spoilers (isso fica para as reviews de fato dos episódios), mas de uma maneira geral, o saldo que fica é bem positivo. Ainda temos mais 9 episódios pela frente, mas a julgar pelo visto aqui, The Crown é mais um acerto da Netflix e aqueles que são fãs de uma boa série histórica (algo que está em falta hoje em dia, especialmente nessa fall season) tem um novo banquete para se deliciar. A gente aqui do Apaixonados por Séries vai mergulhar de cara em mais essa maratona, torcendo para que o nível se mantenha bom até o final da jornada.

Vem com a gente? E não esqueça de deixar seu comentário!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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