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Primeiras Impressões: The Sinner

Por: em 4 de agosto de 2017

Primeiras Impressões: The Sinner

Por: em

Mais um mistério policial, envolvendo a investigação de um crime, estreia na telinha da USA Network. The Sinner, a nova série limitada do canal, estreou nesta quarta, 2/8, trazendo como protagonistas Jessica Biel (que também assina a produção executiva), interpretando a mãe de família Cora Tannetti e Bill Pullman, como o investigador Harry Ambrose. A produção, adaptação do livro de mesmo nome de Petra Hammesfahr, acompanha a história da mãe-super-normal-e-aparentemente-tranquila Cora, que (até então inexplicavelmente) comete um assassinato brutal, em um lindo e ensolarado dia de verão, em frente a várias testemunhas, incluindo seu marido Manson (Christopher Abbott / Girls) e seu filho bebê.

Divulgação/USA Network

Para quem como eu, não leu o livro, o roteiro prende bastante a atenção. Primeiro porque, na contramão da maior parte dos dramas policiais, aqui nós já sabemos de cara quem cometeu o crime e não há dúvidas quanto a isso. O que instiga a nossa curiosidade e a do investigador Ambrose é justamente a motivação do crime e é na busca a essa resposta que a história será centrada.

Essa dinâmica de roteiro me lembrou bastante The Night Of e Big Little Lies (referências citadas pelos próprios produtores da série), ambas da HBO. A diferença aqui reside na existência de testemunhas oculares (são mais de 20) e na improbabilidade de uma mãe com aquele perfil e histórico, ser capaz de cometer tamanho ato de violência gratuito. Não houve legítima defesa, não houve defesa de terceiros. É chocante e horrível testemunhar a cena, executada friamente e na presença de tantas pessoas, motivada por algo que está somente na cabeça e no coração de Cora. É inacreditável também. E acho que é exatamente esse fator de incredulidade que motiva o investigador a ir atrás de respostas.

Divulgação/USA Network

Ainda é cedo para tirar qualquer conclusão precipitada, mas já deu para perceber que a vida da protagonista não é a calmaria e placidez que aparenta. O olhar de Cora (e algumas atitudes também) nos diz muito de uma inquietação/perturbação/tristeza meio constantes. Nas cenas de flashback, vimos que sua infância não foi das mais tranquilas. É fácil supor que ela teve problemas com a mãe ultra religiosa e que a relação entre as duas ficou bem complicada, especialmente após o nascimento da irmã mais nova. Outro ponto de estranhamento é justamente essa questão religiosa, que me pareceu algo forte na infância da protagonista, mas que não a acompanhou com a mesma força na vida adulta. Ou seria melhor dizer que a acompanhou, porém com um significado totalmente oposto?

O casamento de Cora e Manson também é outro ponto que me deixou apreensiva. Está nítido que o marido é bem apaixonado por ela, mas não consegui perceber se a recíproca é verdadeira. Em uma das cenas do piloto fica inclusive bem claro que a esposa não corresponde às investidas dele, que parece não perceber ou se importar. Além disso, o comportamento dele pós atitude de Cora, apesar de super compreensível, só serviu para reforçar o quanto homens e mulheres (de maneira geral, é claro) agem de forma diferente diante de um momento de extrema adversidade. Lógico que não dá pra ser a pessoa mais bacana e normal do mundo depois que sua esposa comete um assassinato a sangue frio, na sua frente. Mas é curioso constatar como às vezes sumir é a estratégia mais utilizada para enfrentar um situação complexa.

Divulgação/USA Network

Fora do casamento, outro ponto de tensão é o fato de o casal morar ao lado dos pais de Manson e trabalhar com o pai dele. Essa relação, que envolve ainda a avó, que é babá do filho, também não está na lista das melhores para Cora. A jovem mãe claramente não compartilha das mesmas certezas do marido acerca do benefício dessa proximidade. Analisando todos esses fatos apontados, a impressão que fica é que Cora está deslocada no tempo e espaço. Ela tem uma vida (aparentemente) estável e normal, mas tudo soa  insuficiente. Falta alguma coisa ali.

O susto do marido ao presenciar o o crime reforça também a minha impressão que essa sensação de não pertencimento, estranhamento e incômodo não é compartilhada pelo casal. É algo extremamente pessoal e que ela ainda não se permitiu dividir com ninguém, talvez nem consigo mesma. Algumas pequenas frases soltas somadas à intuição de um detetive bastante experiente é que irão ajudar a montar esse quebra-cabeças e pode ser até que tenham incentivado a moça a mudar a percepção acerca da sua culpa.

Em um piloto bacana, com atuações bem seguras e que dosou bem as novas pistas, The Sinner promete entreter, sem ser muito óbvio. E vocês, assistiram ao episódio? Contem pra gente o que acharam.


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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