O que esperar de uma série que estreia com a missão praticamente impossível de substituir Game of Thrones? Westworld, a nova aposta da HBO, que estreou nesse domingo, 2, já chegou nas nossas vidas com essa tremenda responsabilidade. E pelo que conseguiu mostrar no piloto, te digo que tem muito potencial para se tornar a nova queridinha do canal.
Com as expectativas do público lá no alto, a trama futurista de Westworld se apoia em um elenco estelar e em um tema super atual que, se bem desenvolvido, promete render tramas de arrepiar. A série, escrita por Jonathan e Lisa Joy Nolan, com produção executiva de J.J. Abrams, é baseada no filme homônimo de Michael Crichton, lançado em 1973. Anthony Hopkins, Evan Rachel Wood, Ed Harris, Miranda Otto, Thandie Newton, Tessa Thompson e o brasileiro Rodrigo Santoro são alguns dos nomes do elenco que se mostrou bem afinado no episódio de estreia.
A trama se desenrola em um parque temático para adultos simulando o Velho Oeste, onde seres humanos (os visitantes), podem interagir da forma que quiserem com androides super desenvolvidos (os anfitriões). Essa interação envolve violência, sangue, sexo e até mesmo morte. Dos robôs, é claro. Acontece que, a princípio causada por uma recente atualização em seu sistema operacional, alguns destes anfitriões, passam a apresentar comportamentos inesperados. E isso começa a colocar em xeque não só a proposta do parque, como também a real intenção do Mr. Robert Ford (Hopkins), idealizador da brincadeira toda.
No parque, a androide Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) vive sua vida sob uma perspectiva de felicidade. Ela é aquela personagem que escolhe ver o copo meio cheio e deixa isso claro para o telespectador. Descobrimos, com o desenrolar da história, que as experiências do seu dia dependerão das interações com os visitantes que chegam ao parque. Dia tranquilo ou agitado, o amanhecer sempre traz uma nova possibilidade, totalmente desconhecida por ela, que aparentemente, não se lembra da história do dia anterior. E assim as personagens do parque vão vivendo suas vidas, interagindo com todo perfil de visitante. Até que, alguns dos androides começam a agir de forma imprevisível. E isso, obviamente, movimenta e intriga os cientistas que os projetaram.
Apesar de nos entregar um piloto que não foi absolutamente maravilhoso, já deu pra perceber que a série tem muito a oferecer. Não só na discussão da relação entre robôs e humanos, que certamente vai nos render inúmeros questionamentos, mas especialmente na questão ética, envolvendo os limites da ação humana ao tentar reproduzir sentimentos e também a sua incapacidade de prever com precisão os desdobramentos dos sentimentos criados. Isso sem contar a tensão latente entre a equipe de cientistas, que ao que parece, não é tão entusiasta (e informada) do tipo de procedimento adotado com os androides.
Agora o que esperar de uma série com essa sinopse, esse elenco e essa equipe de criadores? Tudo, né? O tema por si só, já dá até coceirinha na gente. Como não empolgar com robôs-quase-humanos revoltados com humanos-que-querem-brincar-de-deus e interagindo com humanos-que-de-humanos-não-têm-quase-nada? Apesar de não ser nenhuma novidade, filmes e séries que têm a inteligência artificial e relação do homem x máquina como pano de fundo, normalmente têm ótima aceitação do público, vide Matrix, Her e mais recentemente, Ex-Machina.
A certeza que fica é que com J.J Abrams no leme, podemos esperar uma viagem cheia de mistérios e reviravoltas. O final do piloto já deixou inúmeros questionamentos no ar: O que é a consciência (ou inteligência)? É possível se envolver com robôs a ponto de amá-los? A ponto de se importar com seu “sofrimento”? Aliás, robôs sofrem? Sentem? É ético criar sentimentos em máquinas, mesmo quando nós mesmos não sabemos como lidar com eles? Como ter certeza que um robô não é um ser consciente, apesar de demonstrar sentimentos, motivações e pensamentos complexos? É aceitável criar um parque onde os piores atos que um ser humano é capaz de cometer são estimulados?
E é com o botão da expectativa e da ansiedade no nível 10, que estamos sentados aqui, aguardando o próximo episódio. Nem que seja pra responder a pergunta tapa na cara que abre e encerra o piloto: “Você já questionou a natureza da sua realidade?”
Imagens: Divulgação HBO