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Quantico – 1×13 Clear / 1×14 Answer

Por: em 23 de março de 2016

Quantico – 1×13 Clear / 1×14 Answer

Por: em

Essas ultimas semanas, por conta de alguns problemas no site e uma necessidade de estudar maior que o usual, eu acabei optando por trabalhar a resenha de Quantico em combo – aproveitando para ficar em dia com vocês e colocar tudo em ordem. Infelizmente a série ainda patina na inconsistência dos seus protagonistas e trama. Juro que não é implicância! Como eu escrevi na review de Alex, meu maior problema talvez esteja sendo a desilusão.

Sim, desilusão! Posso estar me repetindo, mas creio que o buzz da estreia virou fumaça no decorrer dos episódios. Hoje em dia eu até diria que Quantico nada mais é que um show High School FBI, onde acompanhamos as confusões de uma turminha muito louca que se ama e se odeia, mas encontram na união a solução para resolver seus problemas (leia isso como se fosse o narrador da Sessão da Tarde. Rs). Mas estou aqui para tentar destrinchar a malha de acontecimentos que se sucederam em Clear e o mais recente, Answer. Vem comigo e vem com fé para tentar continuar acompanhando a saga da agente mais descabelada da televisão americana.

Clear

Aqueles veteranos que se juntaram à turma de Parrish foram uma jogada bem preguiçosa do roteiro de aumentar os suspeitos dos ataques terroristas. De primeira eu achei que eles não fossem passar de rostinhos bonitos para deixar o caldo do elenco mais grosso, mas parece que mais uma vez esperei mais do que deveria. Conhecemos um pouco mais de Drew, Iris e Olsen – o trio que chegou para tentar complicar a vida do expectador sobre qual dos NAT’s poderia ser o terrorista que – no tempo atual – ameaça explodir Natalie.

Cada um deles, é claro, conectam-se com os recrutas mais relevantes: Olsen/Caleb, Iris/Shelby e previsivelmente Alex acabaria conectando-se com o novo rostinho do pedaço, o ex-jogador da NFL, Drew. Todos são enviados a um treinamento para aliciar informantes em um bar. Não sei como eles ainda caem nos teatros armados pela academia, achando que estão realmente em campo e para valer. Pergunto-me se o FBI realmente deixaria calouros agirem como se profissionais fossem, lembrando que eles não passaram de fase da escola, correto?

O clima fabricado entre Parrish e Drew me incomodou um pouco. Priyanka Chopra é sim lindíssima, mas soa um pouco forçado tê-la sempre como a pessoa com mais capacidade ali. Veja bem, nós sabemos que ela é a protagonista, mas a série faz questão de reafirmar toda hora o quão ela é superior, quase uma versão feminina de Jack Bauer. Para alguém que amava 24 Horas, tudo soa muito risível, pois Alex ainda não tem (e creio que nunca terá) as camadas suficientes para torná-la o peixe que Quantico insiste em vender. Com a aproximação dela do novo colírio, além da psicopatia dela em querer entender a motivação de todos em escolher a carreira de agente, descobrimos que Drew perdeu a noiva em um incidente. Ela morreu durante uma operação policial mal executada em Chicago! Sininhos tilintando? Sim, o incidente de Chicago em que ambos seus boys Booth e Liam se envolveram no passado. Como ainda vou falar do episódio mais recente, trabalharei isso mais a frente.

Enquanto isso, Olsen se mostra uma completa falta de traquejo social que contrasta com a sua capacidade de raciocínio. Mais uma vez, Quantico desanda em colocar um personagem super clichê dentro do seu universo. Uma pessoa aparentemente com QI altíssimo e dificuldades de sociabilizar? Apesar disso, foi ele o novato que eu mais gostei, não só pelo fato dele usar dos seus “safos” colegas como plataforma para tentar aprender como se relacionar, mas também porque eu gosto muito daquela famosa “saga do herói” – leia-se, a surpresa pode estar onde menos se espera. Surpresa eu diria apenas para os personagens… A cena dele riscando as fotinhos 3×4 na gaveta deixa claro que ele tem alguma missão pessoal, com uma engrenagem escusa ou não. Se bem que, eu tenho quase certeza que essas tentativas de criar suspense sobre o personagem fazem deles cada vez menos suspeitos dentro da previsibilidade que o roteiro assumiu.

Shelby e Iris também acabaram por formar uma dupla. A Japa ao menos mostrou ter um pouco de personalidade. Digo pouco, pois todos, com raras exceções, ainda se mostraram como pessoas bidimensionais. É de uma preguiça sem igual uma série que se propôs questionar os preconceitos dos americanos, envolvendo vários tipos como suspeitos em ataques terroristas- tema sempre atual e interessante – perder o nosso precioso tempo e uma potencial história com eles. Esses tipos de personagens não são muito desenvolvidos, apresentam apenas uma ilusão de profundidade, afinal estão presos a essas dualidades. O recurso é ideal para criação de personagens menores, coadjuvantes menos importantes… Mas protagonistas, não mesmo!

O suspense em cima da falsa irmã de Shelby já me cansou um pouco. Perderam o timing desse mistério e agora eu não ligo muito para esse drama da loira. Ainda mais porque mais uma vez eles pegaram algo que poderia ser enriquecedor, talvez para dar ares de Thriller,e jogaram tudo para escanteio quando utilizaram isso para colocar mais um impasse do romancezinho que sabemos estar futuramente fracassado com Caleb. O clima de drama adolescente dessa série é Uó!

A única – sim – a única coisa que conseguiu me instigar um pouco mais foram Raina e Nimah. As gêmeas, assim como Simon, talvez por conta da relação delas com as questões do oriente médio parecem receber um pouco mais de atenção na construção dos seus respectivos caracteres. Nimah acabou caindo no pedantismo, colocando-se como alguém mais capaz que a irmã. O maior erro dela foi subjugar a pessoa que sempre esteve ao seu lado, fazendo com que Raina acabasse por se distanciar e criar uma independência até saudável, no meu ponto de vista da sua irmã – que não aceita que hajam segredos entre as duas.

Qual o problema de Raina estar envolvida em algo secreto, se em tese ela estaria fazendo isso com a benção de Miranda? Até agora nós sabemos que ela acabou se envolvendo emocionalmente com o responsável pela Frente Islâmica, mas que Nimah em algum momento acabou participando da operação. Ou seja, nesse ponto não vejo como essa operação envolver alguma das duas nos ataques. Seria uma associação muito fácil de fazer… Mas estamos falando de Quantico.

Pegando a máquina do tempo para os dias atuais, o foco acabou apenas sobre a corrida contra o tempo de Alex para impedir que Natalie se explodisse. Vimos como a agente foi mal restabelecida no FBI depois de tudo, sendo colocada em uma subfunção. Sua picuinha com a ex do Ryan definitivamente foi desnecessária. Até porque tá aí mais uma coisa extremamente irritante da série – esse projeto de casal. Se no começo Alex apareceu toda emponderada, transando com Booth pelo seu bel prazer, agora ela se coloca como uma mocinha extremamente boba frente ao seu antigo crush. Pior de tudo é o insight que ela tem para colocá-lo como suspeito, afinal ele sempre esteve acima de todas.

Outra situação completamente risível é o fato de Natalie conseguir entrar com uma bomba, sim, UMA BOMBA, dentro do QG do FBI de Nova Iorque. Quando eu vi a moça lá dentro, disfarçando todo aquele TNT com uma blusinha soltinha, me fez realmente questionar se esse seria o motivo da segurança dos Estados Unidos ser frágil. Para, né? Puxado acreditar que qualquer pessoa envolta nesse tipo de material conseguiria entrar em qualquer lugar, em tese de segurança máxima. Mas tirando isso, o que se sucedeu foi uma tentativa furada de criar tensão. Primeiro, o terrorista pede para que Alex consiga arquivos secretos e óbvio, a menina prodígio consegue sozinha dar a volta em todo mundo e obtê-los. Não sem antes Booth interpelá-la e, a despeito de ter dado meia volta para procurar pela moça, disse uma liçãozinha de moral e não quis saber o que ela estava fazendo ali.

Mas ok, se você acha que não tinha como ficar mais previsível, Natalie e Alex tem o plano brilhante de rastrear o email enviado para o terrorista, como se isso realmente fosse surpreendê-lo. A bomba como numa benção se desarmou e as duas, é claro, inteligentíssimas e sem pensar duas vezes, saíram atrás da pessoa. Era tão óbvio o que aconteceria, que eu realmente me perguntei se eles fariam mesmo a gente engolir o que estava se passando. Na mais provável “reviravolta”, Natalie acabou morta e Alex saindo mais uma vez desesperada e descabelada para se jogar nos braços de Booth… Obviamente o terrível nêmesis dela ameaçaria o moço se ela abrisse a boca, e não deu em outra.

Answer

Apesar do retrospecto ruim, Quantico apresentou um episódio mais correto essa semana. Não diria que foi ótimo, porque estou com os dois pés atrás e não vou criar nenhuma expectativa com o que pode vir por aí. O maior acerto de Answer foi finalmente focar suas duas linhas temporais em tramas mais interessantes – tirando Alex, é claro.

Num passado recente (vimos, inclusive, uma referência à Mr. Robot associado ao desajeitado Olsen) Nimah decidiu apertar o cerco sobre a irmã. Não consigo entender ainda como ela não absorveria que a irmã estaria escondendo coisas dela por algum motivo de força maior, mas entendo a preocupação fraternal com a pessoa que – querendo ou não – é uma parte dela. Ora, Raina nunca mentiu e sempre mostrou-se passiva, comparando-se com a sua gêmea que desde que o segredo delas foi revelado à todos, fez questão de se desassociar da imagem que ambas sustentavam. Mesmo que isso acabasse por machucar uma, e que para todas as vias seria a considerada mais frágil: Raina.

Mas esse afastamento ao invés de enfraquecer teve o efeito contrário. A partir do momento em que ela se viu capaz de ser melhor que a irmã ao se aproximar de Charlie em Clear. Isso a fez inclusive ignorar a pressão, fazendo com que Nimah acabasse por decidir descobrir sozinha e de uma vez o que estava acontecendo. Ao vê-la se arriscando para entender onde Raina estava metida, confesso que me solidarizei um pouco mais com recruta. Veja bem, utiliza-las em operações é algo que Miranda deseja para o futuro e querendo ou não, ela colocou a cabeça dela em jogo ao entrar na casa da Frente Islâmica como se fosse sua gêmea.

O confronto das duas também foi positivo. Não tinha motivos para continuar arrastando a situação por mais flashbacks, se nós temos a visão das duas trabalhando muito bem juntas posteriormente – embora o envolvimento bem maior emocional de uma delas com um dos terroristas. Provavelmente este momento foi o pontapé inicial para a operação que vimos ser desmontada no início da série, logo – graças ao bom pai – as linhas do tempo parecem estar começando a se encontrar. Independente de um flashback mais interessante essa semana, ainda acho um desperdício utilizar o recurso toda semana, ao invés de reservá-lo apenas para adicionar elementos substancias à trama.

Ainda falando do pretérito, Shelby continua insistindo em descobrir mais sobre a irmã, suspeitando que Caleb tenha deixado informações de fora quando eles chegaram aos termos no episódio anterior. Todo a missão da semana envolvia encontrar um desfecho justo para casos que acabaram não logrando êxito no judiciário, pois assim como no Brasil, suspeitos de crimes precisam ter seus direitos restringidos com a benção da legalidade (amém). A loira então viu nisso mais uma motivação para insistir em buscar a verdade por trás das intenções da mulher que – por 13 anos se fez de sua irmã, criando um certo laço familiar para uma jovem que perdeu os pais em uma das maiores tragédias da história.

O problema, como eu disse lá em cima, é que para tentar construir o mistério, Quantico está perdendo a oportunidade de trabalhar bem elementos que poderiam sim servir como objetos de grandes viradas. Até porque Caleb, mais uma vez é colocado como alguém suspeito dentro da história. Essa insistência em criar sobre ele essa aura de desconfiança, me dá até medo de no final o grande centro da história estar sobre o filho de um dos peixes grandes do FBI. Ora, desde o começo o jovem é sempre visto com atitudes questionáveis e, na maioria das vezes, nos momentos finais dos episódios. Singularmente, a série não fez questão em nenhum momento de explicar as atitudes do rapaz o que – se levarmos em consideração o preguiçoso desenvolver da história – pode significar que é dele mesmo que devemos esperar a autoria das explosões na Grand Central e no Centro de Operações da agência. Mesmo com tudo isso, ainda há a possibilidade dele ter criado outra identidade apenas para se aproximar de Samir, sem que Shelby saiba… Na melhor das intenções.

Voltando ao drama de Drew com a perda de sua noiva, Alex se impõe mais uma vez como àquela que sempre está em busca da verdade para as pessoas, mesmo que ela não tivesse que meter o bedelho. Ela de pronto associou a tragédia no passado do novo flerte com a situação que Ryan precisou assumir para livrar a cara de Liam. Ora, qual o problema dessa moça? Ela não definitivamente não conhece a famosa hora de parar e vai, cheia de razão, questionar o seu supervisor. Olha, eu também acho muito difícil que isso tenha alguma verossimilhança, mas Quantico não faz a menor questão de se ater à realidade, preferindo adquirir um tom novelesco, fazendo com que uma aluna possa confrontar uma autoridade pelo simples fato dela ser quem é.

Era claro como a luz do sol que ela ia dar uma de leva e traz do BBB, contando as informações privilegiadas que ouviu no quarto do líder para a turminha do bem. Liam e Ryan não tiveram nada haver com a morte de Alicia… Quer dizer, não pessoalmente. Tivemos um flashback dentro do flashback para explicar onde aconteceu o grotesco erro na operação de Chicago. Esse erro foi agente indireto para morte da noiva (grávida) de Drew, já que os criminosos com quem eles estavam trabalhando disfarçados utilizaram as armas cedidas por Liam para confrontar a polícia e atingir dois pedestres. Drew não se conteve e mostrou completa falta de maturidade ao desafiar Liam na frente de todos.

Isso fez com que ele fosse expulso e Alex mais uma vez tivesse um atrito com o ex-colega do seu pai. A única benção disso tudo foi Miranda finalmente confirmar suas suspeitas do envolvimento de Liam como uma aluna, tomando a decisão de proteger a sua carreira e o andamento da formação dos seus agentes, desligando-o de sua função. Não sei se essa cisão vai durar muito tempo, pois não ficou claro no futuro se Miranda e Liam estavam trabalhando juntos ou se ele foi realocado para a investigação dos atentados depois. Eu gosto da diretora e espero que essa situação sirva para um crescimento dela dentro da trama.

Mas, apesar dos meus elogios, foi na linha narrativa atual que Answer promoveu um dos poucos acertos em tempos em meio ao desgastante retrocesso que a série teve depois dos primeiros episódios impecáveis. Simon, como eu já havia dito, provou ser o material mais interessante de Quantico. Ele é o único que fugiu do lugar comum entre os demais agentes e também ter sido atingido de forma dolorosa por todos os acontecimentos.

Não apenas ele está carregando a culpa de ser a pessoa que deixou o gatilho acionar a explosão que matou vários agentes no fall finale, mas também a carga desoladora direcionar à Alex a responsabilidade de ter feito dele o responsável prático pela tragédia – afinal, ela disse para ele fazer. Pelo menos alguém do elenco se salva e Tate Ellington acaba se sobressaindo ao retratar um homem que vive em constante guerra com si mesmo para cometer suicídio e no final se sentir um perdedor por não conseguir. Talvez seja por que dentro dele, bem fraca, ainda haja algum fio de esperança de que as coisas possam melhorar. Não vejo outra justificativa que o faça se apegar à vida miserável que ele está levando atualmente.

Todos nós vimos que, mesmo com atitudes questionáveis, Simon sempre foi um homem de ideais e inteligentíssimo. Talvez por isso seja ele o personagem que eu mais gosto até aqui. Desde o começo a série nos fez duvidar, adicionando à isso um bom desempenho do ator, que fez de Asher o único que aparentava potencial para ser muito mais dentro da história. Definitivamente é a pessoa mais complicada e relacionável, ainda mais se o retirarmos da pequena caixinha onde o resto decidiu se encolher. Answer foi dele.

Alex aparece para dar ao (ex) amigo a motivação que ele precisa para superar a espiral de penitência que ele embarcou depois das tragédias. Acredito que a faísca mesmo veio depois que Parrish disse para ele esquecer o controle e buscar justiça (pela primeira vez essa mulher disse algo construtivo!). Depois que ela desiste, eu fiquei triste por acreditar que ele finalmente teria chegado a termos com a sua decisão de acabar com o que restava dele na melancólica cena da cabana. Felizmente e em uma grata surpresa (amém) ele entrou no apartamento de Alex nos momentos finais do episódio, pronto para ajudá-la a enfrentar a ameaça do terrorista de uma forma mais igual. Creio então que talvez, com isso, possamos esperar alguma melhora nos próximos capítulos. Vamos torcer! Ao menos para um material melhor de resenha!

Fique agora com a promo de Turn, que vai ao ar dia 27 de março, nos Estados Unidos:

E você, o que achou dos episódios? Fique a vontade para comentar e complementar a resenha!


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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