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Quantico – 1×22 Yes (Season Finale)

Por: em 19 de maio de 2016

Quantico – 1×22 Yes (Season Finale)

Por: em

Nesta semana finalmente concluímos a inconsistente 1ª temporada de Quantico – que estreou cercada de grande expectativa durante a fallseason, mas desapontou os espectadores ao apostar em um roteiro raso e preguiçoso. Não vou fazer a resenha apenas tirando o couro, mas antes de falar sobre Yes, nada mais justo do que olhar para trás e avaliar a série como um todo.

Foi boa? Não, apesar do grande potencial. Ao invés de explorar temas delicados como intolerância, preconceito, corrupção e terrorismo, a série se agarrou em uma trama quase adolescente – indo e voltando em flashbacks muito mal encaixados. Para mim o pior foi o uso de artifícios baratos para cobrir e levantar as suspeitas sobre os personagens durante todo o período de exibição. Apenas na reta final o foco em enrolar mudou para rearrumar a casa e concluir o arco de forma no mínimo razoável.

E foi em uma sequência de flashs no início da transmissão que todo esquema para culpar Alex se resolveu. Em uma montagem que não conseguiu se eivar de um mínimo de tensão, Liam foi revelado como um gênio terrorista que planejou tudo o que vimos desde o Piloto durante todo o período de treinamento dos NAT’s. Ele usou a sua posição privilegiada para montar um plano, avaliando onde todos os que estavam sob seu comando poderiam se encaixar. Alex foi apenas escolhida como garota propaganda desse golpe que Liam queria dar no FBI.

O mais impressionante é que Yes foi eficiente para concluir essa desleixada temporada de estreia. Mesmo que, na maior parte do tempo, tenha reinado a inconsistência, o finale deixou claro que os roteiristas sabiam onde cada um deveria terminar, organizando-os tais quais peças em uma fileira de dominó.

Desta vez o flashback foi útil para mostrar a graduação e o ponto em que cada cadete estava ao sair de lá. Alex e Ryan obviamente se desentenderam novamente, Shelby se dedicou em fazer as perspectivas profissionais piores possíveis – enquanto apenas Raina e Nimah pareciam estar em paz com o caminho que elas teriam de seguir.

Foi também uma importante peça para saber que o paraninfo Liam em seu discurso também deixou subliminarmente entendido que aquela classe seria responsável por fazer a sua revolução dentro de uma das principais forças de segurança do planeta. Ele, que durante toda sua carreira, conseguiu contornar seus erros e pela sua articulação, continuar subindo degraus dentro da corporação. Seja pelo fato de ser homem, seja sua leniência com os poderosos, Liam acabou odiando o que construiu e se dedicou em tentar reverter o quadro da forma mais violenta possível: matando centenas (ou até milhares de pessoas) e deslegitimando o FBI.

A data escolhida para o golpe final foi emblemática – outra graduação. Um ano se passou desde que a turma de Alex saiu e neste período, querendo ou não, todos contribuíram – mesmo que sem querer – para o sucesso do plano de Liam. O problema é que depois da guinada da história nas últimas semanas, com Alex sendo reconhecida como heroína no episódio da bomba no carro, o diretor perdeu o seu belo bode expiatório e resolve terminar de uma vez por todas o que começou.

A realização de que era Liam o tempo todo, e não Miranda, foi rápida – possibilitando que o A-Team corresse contra o tempo para impedir que Liam detonasse uma bomba atômica, cujas consequências são irreversivelmente graves. Alex, Ryan, Raina, Nimah, Simon, Caleb e Shelby são finalmente uma equipe e, alinhados, saem ao encalço do seu ex-mestre.

Foi bom ver tudo funcionando pelo menos uma vez, provando que quando eles conseguem trabalhar em equipe as coisas fluem. Depois de retornar para Quantico, encontrar Miranda e Ryan, eles reviram a academia atrás do malfeitor. É nesse momento que Booth é subjulgado mais uma vez, sendo feito refém, enquanto Liam vomita todo o seu rancor para com o FBI – que o fez levar tudo até as últimas consequências para passar a sua mensagem.

No final das contas ele queria que Ryan fosse o seu braço direito nesta nova ordem, mas o agente dispensou qualquer parceria depois que o seu período de instrutor em Quantico acabasse. Booth conseguiu fazer uma reflexão ampla sobre a sua carreira e como Liam influenciava de forma negativa em suas escolhas. Essa avaliação macro fez com que ele, inclusive, abrisse mão da proximidade física com Alex – culminando em mais um desentendimento (ZzZzZz!) entre o casal.

Mas depois de demonstrar tanta destreza durante todo esse tempo, no momento em que Liam ficou diante de Alex, ele não teve a mesma perícia ao tentar se livrar de Alex e Ryan. Nossa agente L’oreal foi muito mais rápida no gatilho, eliminando seu nêmesis com um tiro bem certeiro na testa. Booth, por outro lado, caiu (literalmente) atirando, colocando um fim nos perigosos delírios de Liam. O que os deixava ainda com um problema: Uma bomba nuclear na iminência de transformar todos em raios de quilômetros em pó.

E foi nesse momento que o season finale me arrebatou de verdade. Era de se esperar que algum sacrifício fosse feito, afinal, é um recurso previsível porém muito forte – utilizado em cada 11 entre 10 finais de temporadas. O problema é que para causar o impacto necessário, que compensasse a dedicação suada dos espectadores em aguentar 22 episódios à espera da conclusão dessa bagunça, o nome escolhido foi nada menos que Simon.

Comecei a fazer as resenhas depois do retorno do hiato e sempre afirmei que tanto Simon quanto as gêmeas eram os personagens mais bem construídos da série. Foram os únicos personagens que, desde o começo, tiveram questões muito mais profundas, emplacando uma tridimensionalidade salvadora em meio aos diversos dramas infantis que persistiram em se instalar nos corredores de Quantico.

Simon nunca conseguiu ser plenamente feliz, sempre tendo em seus olhos a dor de ser quem ele era. Eu só queria que ele tivesse tido a chance de conhecer o sentimento que experimentou ao dirigir para o lago de forma diferente. Que ele conseguisse desarmar a bomba no último segundo, e partisse com Raina para algum lugar onde ele ficasse livre da culpa que sempre o perseguiu. O melhor personagem da série merecia um final feliz. Mas não.

A sequência de despedida de Simon foi de cortar o coração do espectador mais frio. A escolha estava feita e não havia como voltar. Ele dirige escutando as declarações das pessoas que nos últimos momentos trouxeram nele novamente a vontade de viver, quando ele já havia desistido. Foi muito duro para mim, que tenho uma relação próxima aos meus amigos, ver como Alex naquele momento se declarou. Ela nunca disse que amava Booth, senão me engano. No final de contas a temporada, por mais de toda infantilidade que reinou nos relacionamentos da série, a amizade acabou sendo o laço mais importante em Quantico.

Mas como não podia deixar de ser em uma série que utilizou as viradas como muletas, no agridoce funeral de Simon veio mais uma. Claire Haas, nossa sogrinha agora é vice-presidente e – depois de tudo o que aconteceu – Alex consegue juntar a última peça para compreender toda agitação que se instalou na sua vida nos últimos meses. Quem diria que aquele remedinho de pressão seria o fator que abriria os olhos da nossa agente cabelón para a verdade: Liam e Claire estavam juntos no perigoso projeto de reconstruir (do jeitinho explosivo deles) o FBI.

Nos últimos minutos de Yes não haveria tempo para dar esta última cartada, então a agora vice-presidente se apoia na máxima do “você não tem provas” e pelo fato de que para Alex não houve uma nova chance no FBI. Mas se Parrish não conseguiu isso por agora, o mesmo não podemos falar de Ryan – FINALMENTE, em uma sequência super de amigos se despedindo, o casalzinho boomerang vai ter um momento de férias só para eles!

Ele só não contava que os planos muito provavelmente devam ser adiados por conta de um carro utilitário no meio do caminho – mais um clichê destas séries, diga-se de passagem. A fila anda e se o FBI dispensou, a CIA apareceu querendo muito os talentos de Parrish – para algum fim ainda obscuro. Alex fica em um impasse entre servir ao país que ela ama ou umas férias com o boy. A resposta dela fica subentendida…

Digo isso pois o título do episódio, durante este primeiro ano, sempre foram as últimas palavras do capítulo. Ou seja, já sabemos onde Alex deve começar suas novas aventuras no próxima temporada. Basta saber se agora na CIA estaremos livres dos flashbacks inúteis e das imaturidades que martelaram nossas cabeças em Quantico. Se a série conseguir instalar a pegada destes últimos episódios, aprendendo com os seus erros – eu disse e repito – há um grande potencial a ser explorado. Basta saber de Alex e sua turma serão capazes disso.

– Observações: 

– Tinha um certo receio de o cliffhanger para a 2ª temporada fosse mais uma bomba…

– Ainda sentindo dor pela morte de Simon. Imagina se a série tivesse dado um pouco mais de destaque ao ponto de vista dele, como deu para Shelby, Caleb e as gêmeas.

– Falando nelas, espero que a morte de Simon traga Raina novamente para dentro da ação. Apesar delas serem um dos destaques nos flashbacks, nos tempos atuais foram meio apagadas.

– Agora que a Alex deve estar na CIA, veremos uma versão feminina do Jack Bauer? Tem que comer muito feijão com arroz, mas vai que cola.

– O jogo político deve ser um dos destaques da 2ª temporada, vide a afirmação de Claire como uma das vilãs.

– Como foi bom ver o Will de volta!! Um querido!

– O culto Systemics vai voltar?

– Mais do que Alex e Ryan, eu preciso da Shelby e do Caleb. Muito fofos!

– Mas não entendi o motivo da make gótica suave da Shelby nos dias atuais…

– A cena do Simon se despedindo pareceu muito a do Capitão América: Primeiro Vingador, na hora em que o herói convida Peggy para dançar.


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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