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Quantico – 2×01 Kudove

Por: em 2 de outubro de 2016

Quantico – 2×01 Kudove

Por: em

Quando o canal americano ABC anunciou a encomenda de Quantico e divulgou o trailer, rapidamente se tornou uma das séries mais esperadas para a fall/2015. A trama estreou com uma excelente audiência (batendo, inclusive, os números de Once Upon Time; mesmo em um horário mais ingrato), o que levou uma das primeiras séries a ter temporada completa encomendada. No texto de primeiras impressões, o nosso colega Marcel elogiou bastante o episódio piloto da série, pontuando a importância da série de trazer uma protagonista forte e independente, personagens multiculturais e ambíguos e um roteiro que (aparentemente) conseguia driblar as próprias limitações e entregar uma produção decente a qual você se sentia seguro em indicar para os amigos.

Um ano depois, chegamos ao episódio inicial da segunda temporada e o cenário é bem diferente. Frustração define bem o sentimento ao fim do episódio da season finale. No decorrer do ano inicial, a série se perdeu totalmente numa trama clichê, diálogos preguiçosos, atuações vergonhosas, personagens antipáticos e, principalmente, um roteiro fraco, previsível, que não teve força para sustentar por 22 episódios e com resoluções forçadas. Na tentativa de não estragar a surpresa de quem era o verdadeiro vilão, a trama iniciou um jogo com a audiência colocando todos como suspeitas e com situações tão forçadas, quanto constrangedoras. Com audiência despecando episódio após episodio, ao fim da temporada Quantico se mostrou a maior bomba (olha o trocadilho, risos) da fall/15.

Confesso que o maior (ou único) responsável por eu voltar a assistir a série (a qual tinha abandonado em meados da temporada passada), atende-se pelo nome de Russell Tovey (esse lindo, momento mershan de programa Sônia Abrão, vocês precisam assistir The Job Lot, série do UK maravilhosa). Eu dei play no episodio com o coração aberto; afinal não tinha como piorar, né non? Felizmente não! O episódio não foi o pior da série, mas também ficou bem aquém de ser um ótimo (ou mesmo bom) episódio.

A trama inicia exatamente onde acabou no episodio final da temporada anterior, com a Alex sendo recrutada pelo Conrad Grayson para ir trabalhar na CIA. Como a oferta acabava quando ela saísse do carro, Alex chutou o balde e aceitou, porque ela é dessas e vai ser Carrie Mathison mesmo! Logo o episodio avança em um ano, e mostra que Alex foi apresentado a um produto revolucionário, denominado chapinha e, agora ela consegue sair às ruas sem chamar atenção pelo seu cabelo. Obviamente ela logo percebe que está tudo muito estranho, afinal um cara que ela matou estava em Nova York andando deboas e não demora muito e ocorre uma explosão! Que novidade!

Os roteiristas, por preguiça, falta de criatividade ou incompetência mesmo, já deixaram claro que irão seguir o mesmo modelo imposto na temporada inicial, apostando na intercalação de narrativas em flashfowards e flashbacks. Sai Quantico e entra a tal The Farm e o discurso “esqueçam tudo que você aprendeu no FBI” (uai?). E vamos novamente para mais chatíssimas tarefas do dia, pegações nos corredores e personagens que inevitavelmente estão escondendo algum segredo, afinal todos precisam estar sob suspeita. Até o plot da recruta que se aproxima da Alex, fingindo uma amizade, e no final revela ser outra pessoa não é nada original (inclusive a série Suits acabou de mostrar algo parecido). Confesso que achei o exercício de associar a palavra a um dos recrutas, bem fraco, para não dizer previsível. Parecia mais desculpa para conseguirem dar espaço às briguinhas entre Alex e Ryan, que na verdade ninguém se importa. Os melhores momentos foram mesmo com o novato Harry Doyle, personagem do Tovey, e já se mostrou ser alguém para se prestar atenção.

JAKE MCLAUGHLIN, JASON TOTTENHAM, BLAIR UNDERWOOD

Já o desenrolar dos acontecimentos no flashfoward acabaram por se mostrar mais interessantes. Aparentemente, Alex foi a única pessoa que não morreu nas redondezas das explosões já que logo estava lá ela se esgueirando atrás de muretas tentando entrar no prédio e realizar o resgate. Dentro da convenção do G20, todos os principais líderes políticos mundiais eram mantidos reféns por um grupo de terroristas (fala sério, dá para mensurar o quão clichê é isso? Haha). O grupo, que se autodenomina com um genérico nome “Frente da Libertação”, exigia a libertação (sic) de um preso e perdão por todos seus crimes. Apesar de todo discurso de que “nunca iremos negociar com terroristas”, o presidente (que está mais para Donald Glover do que para Barack Obama, a propósito) confessa com o Ryan que eles negociam sim, o tempo todo com terroristas. Segura essa verdade!

Na entrada do prédio, Alex enfrentava grande dificuldade em conseguir entrar nos salão, porque entravou numa briga com um terrorista em uma coreografia de fazer Oliver Queen se orgulhar. Aqui vamos abrir um espaço para fazer um checklist das repetições de clichês de Quantico:

  •  Explosão com bombas;
  • Retorno de um personagem dado como morto;
  • Ele está ajudando o grupo de vilões;
  • Ele pula a janela
  • Alex grita desesperada com a mão na boca e ofegante
  • Alex descabelada. Bye bye chapinha.

E isso tudo em um episódio. Ao final, Raina (ou seria a Ninah?) numa tradução super expositiva fala que o grupo tinha um aliado infiltrado no salão. E logo vai mostrando um por um dos recrutas em The Farm. Quase um deja vu, não é mesmo? Mesmo com o cumprimento da exigência, o grupo Frente da Libertação decide matar a primeira dama na frente de todos, para mostrar que eles não estão ali para brincadeira e atira na cabeça da coitada. Ou não, já que a câmera cortou para os créditos finais e se, tratando de Quantico (e ABC), como garantir que mortos estão mesmo mortos?

3

Ps1: Personagem do Tobey já começou com pegação no banheirão e batendo carteira. Já é meu preferido.

Ps2: Alguém se importa com esse romance de Alex e Ryan? Sério.

Ps3: A cena das explosões, me deu um pouco de vergonha pelo (d)efeito especial hein. Melhorem!

Ps4: Essas frases de efeito desses treinadores em Quantico, agora representados por Blair Underwood e sua filha, é de fazer inveja a qualquer psicólogo de facebook. Estão de parabéns!

Ps5: Eu estou tentando entender o porquê e a necessidade da escolha desse filtro de instagram para as cenas de flashfowards.

Ps6: Cenas no vestiário e Russel Tovey de cuequinha! Tive que pausar, voltar e reproduzir mais algumas vezes. Mais cenas como essa e menos cenas de Alex ofegante e correndo louca por aí.

Ps7: O morto não é Jeremy Miller, chama-se Paulo Silva, que está bem vivo e trabalha na Embratel, no Rio de Janeiro. Wait… What?

Ps8: “Como você sabia?” – pergunta o Jeremy Miller, o futuro morto/vivo, após o exercício.

“Quando saio, pego números, mas nunca dou o meu, Imaginaria que se aplicaria aqui” (DOYLE, Harry)

Quantico tem a chance de mostrar que aprendeu com as falhas apresentadas na temporada anterior e evoluir com sua trama. Mas levando-se em conta esse episódio, isso não vai acontecer. Maior parte do roteiro deu uma sensação desagradável de deja vu e repetição de plots. Trocaram os salões de Quantico por The Farm, mas a qualidade continua bem aquém do que se exige para um show a qual a gente possa levar a sério. Talvez o reforço com os bons atores nesse novo ano possa vir a compensar um pouco a trama ruim. São por eles que eu vou continuar assistindo. E pelas cenas nos vestiários. A audiência do episódio inicial foi mediana (1.0/ 3.65), então a permanência do seriado na grade não está tão garantida. Fico na torcida que os produtores, criadores e roteiristas tenham um pouco mais de ambição com a forma a qual pretendam conduzir a trama e elevar ela a um novo nível, ao invés de tentar emular a mesma narrativa da primeira, e confusa, primeira temporada. A série segue com o episódio Lipstick e quem quiser conferir o promo, só clicar no play abaixo:


Wander Alves

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: The Leftovers

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