Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

American Horror Story – 1×02 Home Invasion

Por: em 18 de outubro de 2011

American Horror Story – 1×02 Home Invasion

Por: em

Home Invasion tentou ser o que o piloto não foi: um episódio redondinho, bem estruturado, que introduz storylines e apresenta personagens, mas manteve muito do ritmo insano e dos criticados exageros de seu predecessor. A mistura deu certo e o segundo episódio foi mais sólido e inteligível, e se a série não recuou nem um pouco no quesito ousadia, pelo menos mostrou que pode fazer sua loucura funcionar coerentemente. O problema é que, para isso, valeu-se de alguns recursos que a empobrecem bastante.

Que a mansão tem algo de sobrenatural já se sabia desde o primeiro trailer da série. A revelação da cena inicial de Home Invasion foi que essas forças ocultas não só mexem com seus inquilinos de modo a induzi-los a trabalhar para seus propósitos, como também atrai pessoas que já têm tendências homicidas: ela é personagem e cenário ao mesmo tempo. O terror deste episódio foi humano e poderia acontecer em qualquer casa, inclusive na minha ou na sua – e por isso é mais eficiente que aquela coletânea de sustos do episódio piloto -, mas o fato de ter acontecido ali, na casa que já foi palco de tantas outras tragédias, definitivamente não é por acaso.

Como um todo, achei o episódio muito bom, e vou achar ótimo se outros “fillers” de American forem neste nível. O problema é que a série força muito a barra em tudo. É tudo providencial demais, eles nunca parecem suspeitar de nada (espera, você encontra um psicopata dentro da sua casa e a sua reação é dizer para o seu pai “ele estava aqui e você não“?!), algumas coisas soam estranhas (a bully virou amiguinha da Violet depois do susto?!) ou simplesmente não fazem sentido (seu casamento está em crise a um ano, seu marido aparece com um traje sadomasô, vocês transam e o acontecido nunca é comentado?! Um assassino deformado aparece na sua frente toda vez que você vai sai para caminhar dizendo que você vai matar sua família e você bate papo com ele?!). Entendo que esta é a maneira da série de conciliar drama e tropes da ficção de terror, mas geralmente quando estou acompanho uma história realmente boa, não preciso relevar tanta coisa.

Ninguém se enganou achando que as protagonistas femininas morreriam pelas mãos de humanos mentalmente perturbados no segundo episódio da série, mas os roteiristas previam isto, e criaram suspense suficiente para que o telespectador torcesse para elas e acompanhasse afoitamente o desenrolar da história, mesmo prevendo seu desfecho. Só achei que os invasores poderiam ter sido mais aterrorizante, aos moldes de Violência Gratuita ou Laranja Mecânica. Ao invés de genuinamente maníacos, os paspalhos interrompiam a operação para comer bolo e caíram no truque de uma garota de dezesseis anos. As diversas possibilidades de escapar oferecidas pelo roteiro também deixaram tudo menos emocionante. Valeu pelo ótimo trabalho de edição e pela bravura de Vivien e Violet.

Apesar de todos os defeitos apontados, o episódio foi superior ao piloto em consistência e de uma intensidade de tirar o fôlego, além de ter sido uma oportunidade para conhecermos mais sobre a história da mansão, de Ben (tenho certeza que a aluna dele não abortou) e dos personagens (a dica sobre os filhos de Constance – especialmente o filho “perfeito” que ela “perdeu” – não sai da minha cabeça. E ela dizendo para a Addy cuspir na massa de cupcakes foi a melhor cena cômica da série so far).

Aliás, estou tentando, mas não consigo me apegar aos Harmons. O pai me dá pena e raiva e foi responsável pelas cenas mais enfadonhas do episódio, a mãe não enxerga um palmo na frente do nariz e a filha é a típica adolescente estereotipada que não pode faltar em nenhuma série “para adultos”. Já os outros personagens já me ganharam: Constance é brilhantemente interpretada e de longe a personagem mais interessante, Addy é carismática e fácil de simpatizar, Tate é genial e Moira é a coisa mais intrigante de toda a série, para mim (ela e o fantasma do traje sadomasô).

American Horror Freak Story ainda está definindo seu tom, e constrói sua temporada de estreia sem mostrar o mínimo de circunspecção, ainda que o resultado disso seja a irregularidade. Minha aposta é que ela encontrará um ponto de equilíbrio, mas a série se propor apresentar um episódio com intensidade semelhante a cada semana, ou se tornará um clássico ou um amontoado de implausibilidades e motivo de muita frustração. Vai depender do domínio dos showrunner sobre esta história, que eu ainda não sei se está saindo dos trilhos ou encaminhando-se para uma conclusão arrasadora.

Referências do episódio: Os Estranhos (invasores mascarados em um jogo insano com suas vítimas), O Bebê de Rosemary (“tem algo errado com este bebê“), O Iluminado(machadada), O Jardim dos Esquecidos (bolinhos envenenados), A Hora do Pesadelo (cabelo branco), Mensageiro da Morte (psicopata batendo à sua porta), Psicose (música, facadas), assassinatos cometidos por Richard Speck (serial killer de enfermeiras), As Diabólicas (corpo da enfermeira saindo da banheira), Quarto do Pânico (mãe e filha tentando escapar das pessoas que invadiram sua casa), O Elevador da Morte (adivinha). Alguém descobriu mais alguma?

PS.: Qual é a do personagem do Denis O’Hare? O Ryan Murphy disse que ele é traiçoeiro e que saberemos mais no próximo episódio… veremos.


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

×