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Dexter 4×08 – Road Kill

Por: em 28 de novembro de 2009

Dexter 4×08 – Road Kill

Por: em

Quem anda lendo minhas reviews de Dexter por aqui, sabe que eu tô achando essa 4ª temporada da série incrível. Logo, ela é uma das minhas prioridades na lista do que eu tenho pra assistir, certo? Certo. Eu já vi Road Kill e Hungry Man já faz uns bons dias, mas o tempo que anda me faltando é o de escrever essas reviews. Como eu achei os dois episódios impecáveis – o 4×09 ainda mais do que o 8 – seria no mínimo injusto juntar ambos num texto só, mais curto, mais conciso e menos detalhado – se bem que a minha memória não ajuda muito na hora de lembrar de tantos detalhes assim de episódios que eu já assisti há um tempo. De qualquer maneira, por homenagem à série e por um pouco de vaidade – acho bem mais bonito as reviews separadas – fica combinado assim, um texto de cada: abaixo o do 4×08, Road Kill, e logo aqui, o do 4×09, Hungry Man.

Dexter Arthur Mitchell Trinity Killer

Ok, depois da explicação pelo atraso e da rasgação de seda, será que esse episódio foi tão impecável assim mesmo? Se eu não parar pra pensar mais friamente a respeito dele, eu posso até dizer que foi, mas não vou fazer isso não. Começo falando do que teve de ruim pra que depois os elogios possam ser metralhados nos parágrafos seguintes, sem nenhum obstáculo pra atrapalhar. E o primeiro obstáculo é a…

Rita. Argh, Rita. O caso do Trinity no episódio tava tão, mas tão interessante nesse episódio, que chegou a ser bizarra a quebra de ritmo nas cenas em que mostravam o caso entre ela e o vizinho começando a engatinhar. Tudo bem que quanto mais tensão na vida do Dexter, melhor pra gente assistir, mas até que ponto essa trama de traição vai conseguir se sustentar sem parecer tão fraquinha comparada com os outros arcos da temporada? Como sempre, torço pra morder a língua, mas não sei não…

A segunda reclamação é com relação à investigação do caso do Trinity: Se as cinzas que o serial killer deixa em toda cena do crime conseguem ser vistas tão facilmente nas fotos que a Deb mostra no projetor, porque nas próprias cenas do crime, elas nunca tinham sido encontradas até então? A não ser que eu tenha perdido algum detalhe, tenha cochilado, seja burro de nascença, ou coisa do tipo, fiquei meio incomodado com isso.

Dexter Deb Masuka

Mas não tão incomodado assim, porque além das citações a Lila – uma das melhores coisas que já aconteceu na série; e juro que não falo isso só no sentido testosterona da coisa -, da mesa quebrando na delegacia por causa do Batista e da LaGuerta, da dancinha do Arthur Mitchell (quem não lembra, coloca nos 29 minutos e pouco no episódio) e do Masuka vendo a Deb de sutiã, o avanço na relação entre Dexter e Trinity foi tão grande e tão intensa, que qualquer crítica negativa passa batida em comparação.

As nuances da consciência insana que se passa na cabeça de Arthur Mitchell é de uma complexidade que poucas vezes eu vi tão bem representada em uma série. Não só através do roteiro, que trabalha com isso de uma maneira espetacular, mas também – e talvez, principalmente – através da interpretação incrível que John Lithgow nos mostra. Aliás, incrível não. Me perdoem o francês, mas pra mim só existe uma expressão que define bem o que eu acho: a atuação de John Lithgow é do ca-ra-lho.

Depois de Dexter, ou melhor, Kyle, ou melhor, Dexter mesmo, compartilhar com Arthur o fato de ter matado um homem, Trinity faz o mesmo e entra em estado de transe relembrando tão vividamente das mortes que ocasionaram na criação do seu modus operandi do triplo assassinato. É como se fosse uma droga. Expor o assunto “morte” tão abertamente fez com que Mitchell agisse com um entusiasmo fora do comum, e depois que o efeito foi embora, o fundo do poço era, na verdade, lá no alto, na beirada da construção, preparado pra encerrar sua própria vida. O suicídio acabaria com toda aquela dor, com toda aquela culpa, com todo aquele disfarce – e, reparem, o discurso serviria também pro Dexter, se não fosse a sua descoberta pessoal no fim do episódio.

Dexter

Depois de salvar Trinity da morte, o que Dexter percebe é a falta de remorso e de arrependimento de Arthur. Como ele consegue viver em paz consigo mesmo depois de pular de um prédio? Depois de matar tanta gente inocente? “Se errar é humano, ter remorso também deve ser”, pensa Dexter. “Espera, então isso faz de mim humano?” Com certeza, Dexter… Com certeza? Talvez até sim, mas a genialidade da série tá justamente na dualidade entre o Dexter humano e o Dexter monstro. Dexter não é uma figura simples que pode ser definida tão facilmente assim. O próximo episódio tá aí de prova pra isso. Já assistiu? Lê lá então.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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