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Dexter – 6×11 Talk to the Hand

Por: em 14 de dezembro de 2011

Dexter – 6×11 Talk to the Hand

Por: em

Que raiva de Dexter. Que raiva. A temporada vinha seguindo mediana, com uma coisa boa aqui, outra ruim lá, mas parando pra analisar, nenhuma decisão tomada pelos produtores tinha sido tão estúpida (procurei outra palavra, mas não encontrei) como a desse episódio. Não por ter sido algo que me desagradou, mas por tudo que isso traz pra série no âmbito criativo. Se seguirem com isso, não vai ser apenas um jump the shark (expressão que é usada quando uma série dá um passo que compromete toda a sua estrutura e do qual não pode voltar atrás e continuar a mesma coisa), vai ser uma destruição total do que tem de melhor na série e do que a vinha salvando do marasmo, mesmo quando os episódios não eram tão bons e as situações eram absurdas: O relacionamento entre Deb e Dexter.

Desde que essas sessões da Deb com a terapeuta começaram, eu já tinha lido algumas pessoas cogitando a possibilidade dela vir a ter sentimentos românticos pelo Dex, mas a situação sempre me foi tão absurda e tão inverossímil que eu preferi ignorar prontamente, porque achava que os produtores não chegariam a esse ponto. Então, imaginem minha surpresa – e decepção – ao assistir Talk to the Hand e ver, além da Deb se confrontar com a possibilidade, sonhar com isso. A cena do beijo dos dois foi absurda, bizarra e definitivamente não funcionou. Não importa que os dois não compartilhem o mesmo sangue, a relação que nos é mostrada há 6 anos é uma coisa fraternal e mudar isso da noite pro dia é suicídio, além de ser uma decisão incoerente. Eu queria saber em que cenário poderiam imaginar que algo assim funcionaria, juro, porque não entra na minha cabeça.

A interação entre os dois sempre foi excelente e mesmo quando a Jennifer Carpenter e o Michael C Hall eram casados, eu não conseguia imaginar os dois tendo alguma coisa. Era incestuoso demais. O sentimento pela Deb é uma das coisas que mantém a parte humana do Dexter acesa – depois da morte da Rita, ela e o Harrison são a única família dele e as pessoas com o qual ele realmente se importa. Ele é o porto seguro dela, aquele que vai estar lá pra segurar sua mão quando ela cair e é claro e óbvio que ele não vai corresponder a qualquer sentimento romântico que ela tenha, mas só a simples menção disto já provocaria um estranhamento na relação dos dois que estragaria a dinâmica maravilhosa que eles têm e que é a melhor coisa do seriado hoje em dia, além de ser uma das melhores relações fraternais nos seriados de TV.

O pior é que o penúltimo episódio da temporada não foi ruim só por esse plot. Claro que ele foi a coisa mais absurda e a “cereja” no bolo, mas no geral, foi um capítulo que jogou no lixo todo o ritmo que eu elogiei semana passada. A história com o Absinto foi resolvida da maneira mais simples e tola possível, nem mesmo um mistério e uma apreensão conseguiu criar. Tinha rolado um spoiler falso na internet que, neste episódio, o Quinn morreria pelo gás e que, antes disso, gravaria uma fita onde revelaria que o Dexter matou o Robcop na temporada passada. Honestamente, teria sido bem mais interessante – e ousado – do que foi. Se o que os roteiristas queriam era preparar o terreno para o season finale e criar uma expectativa, eles erraram a mão feio. O Travis psicótico funcionou bem, assim como no episódio passado, mas eu confesso que ri um bocado com a brincadeira do Dexter para atraí-lo. O que não me desceu foi o vídeo. Sério que o Dex foi descuidado a esse ponto? Qualquer um pode achar aquele telefone e ele teria que achar uma ótima explicação para isso. Parecia que eu estava novamente diante daquele Dexter descuidado que queria salvar o Travis e agia sem pensar.

A história do Louis continua sendo uma das coisas mais intrigantes e, talvez por isso mesmo, uma das que mais me dêem medo. Medo de esperar demais por ela e, no fim das contas, me decepcionar novamente. Eu começo a acreditar na possibilidade de que, de alguma maneira, ele seja mesmo um aficcionado por serial killers e que saiba sobre o Dexter. Pelo menos é a única coisa que explicaria ele enviar aquela mão ao cara. Ok, ele pode estar furioso depois do que o Dex disse a ele sobre o jogo semana passada – e teoricamente nem dá pra culpar o cara por isso – , mas daí a enviar a mão de um assassino, é outra história. Se eu fosse apostar agora, diria que ele estará envolvido em uma história do finale de domingo ou então em alguma subtrama da temporada seguinte.

Por mais bizarro que possa parecer, a trama mais coerente do episódio foi da LaGuerta. Condiz totalmente com a personagem entregar o Matthews e fazer com que a culpa acabe recaindo em cima da Deb. Já imaginava que a Deb acabaria deixando o “lado fraternal” falar mais alto e não denunciaria a pessoa que sempre esteve ali para ela. Ao mesmo tempo, foi ótimo ver o contraposto com o modo como ela agiu com Quinn e Batista, se mostrando como uma tenente de verdade.

O episódio de domingo pode ser excelente, explodir minha cabeça e me lembrar os tempos áureos de Dexter, mas nível de excelência nenhum vai apagar a decepção que eu senti com a temporada. Até semana passada eu poderia afirmar que estávamos em um ano melhor do que o passado, mas o incesto que foi inserido aqui foi tão absurdo que eu já nem sou capaz de nivelar se estamos em um cenário melhor ou pior. Já li gente achando que isso é algo pra que, caso a Deb descubra sobre o Dex semana que vem, ela não conte a verdade, mas eu confesso que isso me soa ainda pior: Ver Deb descobrir sobre o irmão e acobertá-lo por ele ser seu irmão e tentar lidar com a situação aos poucos é aceitável, mas vê-la escondendo o segredo dele por “amor” seria ridículo e, se essa for a linha que será seguida, eu prefiro que a Deb não saiba tão cedo.

Se eu já não tinha ficado ansioso pro final da temporada passada, pra essa de agora então, minha expectativa é nula – até porque nem mesmo o final de Talk to the Hand contribuiu pra isso.

Nos vemos semana que vem, com um texto menos decepcionado e mais animado, eu espero.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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