Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

House – 8×12 Chase

Por: em 18 de fevereiro de 2012

House – 8×12 Chase

Por: em

Chase vinha sendo subaproveitado não é de hoje, merecia mais destaque e recebeu-o semana passada. Depois de Nobody’s Fault, o personagem fortaleceu-se o suficiente para ter um episódio dedicado a ele. O problema é que os produtores não parecem compartilhar dessa opinião, já que acharam necessário a introdução de um envolvimento amoroso fraco e pouco convincente para preencher o episódio.

A decisão, entretanto, não tira os méritos do House dessa semana, que continuou coerentemente a trama de seu antecessor.

Desde o primeiro episódio de House, Chase e Foreman disputam, para mim, o posto de personagem mais inexpressivo da série. Eles funcionavam enquanto uma equipe, junto com Cameron, muito mais do que qualquer outra formação de ducklings que veio depois, e nisso todos os fãs concordam, mas esse favoritismo deve-se mais por uma combinação de fatores (por essa equipe ter sido a original, por terem participado da era de ouro, por saudosismo…) do que pelo carisma desses dois. Chase melhorou muito com o tempo, mas os roteiristas continuavam a dar storylines bem ingratas para o personagem, como o insosso casamento com Cameron ou os flertes com Thirteen. Em entrevista ao TVLine antes da estreia desta temporada, Jesse Spencer expressava interesse em um maior destaque na série, e conseguiu isso no ótimo episódio da semana passada. Chase recupera sua relevância e volta a ser um personagem interessante, em um de seus melhores momentos na série. Em Chase, esperava que o ótimo trabalho no desenvolvimento do personagem fosse continuado, mas não foi bem isso que vi acontecendo.

Em episódios centrados nos coadjuvantes de House, os roteiristas aproveitam a dinâmica única para trabalharem com tramas que ficariam deslocadas em episódios convencionais (lembram do Wilson doando parte do fígado no 6×09?). O problema é quando essas tramas são gratuitas ou mal conduzidas, e foi o que aconteceu aqui. Pensa bem: ao longo da série, Chase perdeu o pai, foi demitido por House, casou com Cameron, matou um ditador, se separou de Cameron, e recentemente descobrimos que ele tem uma irmã com quem quer voltar a ter contato, além do interesse por Adams e das investidas de Park. Todo esse background foi ignorado neste episódio, que decidiu dedicar-se a um caso sem graça e insuficiente para aquilo que o episódio deveria explorar.

A partir do envolvimento de Chase com Moira, os roteiristas pretendiam abranger a crise que o personagem passava, seus questionamentos religiosos, seus insucessos no amor e a decisão sobre sua vida profissional que ele precisava tomar. O problema é que a situação não foi convincente, não motivou. Eu não queria saber se ela ia voltar para o convento, morrer ou ficar com Chase, não era aquilo o que eu pretendia acompanhar. Gastando tempo com esse relacionamento forçado, o episódio falhou em tornar o cotidiano de Chase interessante, e nem parece ter se esforçado nesse sentido. Fisioterapia, one night stands, dia-a-dia no hospital… nada do que vimos da vida de Chase escapou do previsível ou pareceu instigante como 5 to 9 e Last Temptation fizeram com as rotinas de Cuddy e Mayers. É como se, mesmo protagonizando o episódio, o personagem continuasse sendo um coadjuvante da vida de House. A impressão que o episódio deu é que, ao contrário de Wilson, Cuddy e Mayers, ele não merecia ou conseguiria sustentar quarenta minutos de show sozinho.

Ainda que eu não tenha gostado da abordagem escolhida, considero Chase um episódio muito bom. Todos eles terem ficado traumatizados de alguma forma não me convenceu muito (já aconteceu tanta coisa naquele hospital, de baleamento a situação com reféns, e ninguém ficou tão abalado), mas lidaram com aquilo de um jeito tão “primeira temporada” que não teve como não amar esse plot. Park assustada, House tentando pegar Taub de surpresa, Chase reavaliando até que ponto trabalhar para House o afeta (lembram que a Cameron se separou dele e foi embora do PPTH porque acreditava que House influenciou-o no caso Dibala?)… tudo muito bem feito. E ainda teve a discussão de Chase e House, ponto alto do episódio, em que House mostra novamente se importar com seu pupilo: se depender dele, Chase não será “o novo House, como eu especulei semana passada. House tem PhD em infelicidade causada por decisões impensadas, e aponta para Chase as possíveis consequências do erro que ele estava cometendo. Perceberam que ele agiu com Chase de maneira parecida com a que age com Wilson, quando pisa na bola com ele?

House também continua agindo da mesma maneira com seus subordinados, atirando neles bexigas com refrigerante e contratando pessoas para derrubá-los. Quem apostou em uma mudança de atitude depois do que ele desencadeou em Nobody’s Fault se enganou. Falando em Taub, fiquei em dúvida se a linha de pensamento dele faz mesmo sentido: será que House melhora mesmo as pessoas que convivem com ele? Porque durante toda a série, ele foi mostrado como um buraco negro que arrasta para o fundo aqueles que permanecem ao seu lado (Cuddy, Wilson, mais recentemente Foreman e o próprio Chase). Nesse sentido, sim, eu vejo uma mudança significativa em House depois do acidente: ao prevenir Chase de que ele poderia acabar como ele, ele faz o inverso do que vinha fazendo (conscientemente ou não) até aqui. Resta saber se isso vai continuar ou se foi um ato isolado, motivado pela culpa.

Mesmo tendo achado desnecessária a situação da freira, é fato que os roteiristas deram a Chase o que ele precisava para que seu retorno à equipe fizesse sentido. Ele pôde expressar o ressentimento que tem contra House, a forma como, de certa forma, sente que seus colegas de equipe têm uma espécie de dívida para com ele (“eu fui esfaqueado por você!“) e até mesmo uma certa rebeldia por saber que House saiu ileso da situação. Mesmo assim, senti falta de outros elementos que dizem respeito ao personagem: a família dele nem mesmo foi citada (depois de uma experiência dessas, nada mais natural do que buscar uma reconciliação com a irmã, que foi citada aleatoriamente em um episódio, indicando o início de uma storyline, e até agora deu em nada). Parece que o objetivo dos roteiristas era trazer o personagem de volta e mais nada. Enquanto episódio, Chase me agradou, mas enquanto um momento para trabalhar o personagem, ele deixou um pouco a desejar.

House ainda consegue ser um drama muito bom, quando sua preguiçosa fórmula não impede-o. O ideal seria que ela não precisasse a recorrer a malabarismos narrativos para despertar a atenção do público, mas o que a trama iniciada em Nobody’s Fault trouxe para a série é válido, mesmo sabendo que ela acaba aqui e só deixa, de definitivo, um personagem manco e ressentido. Chase volta a ser necessário para a série e ganha em dimensão, mas a recuperação de um personagem que estava tão perdido leva tempo. Espero que não seja colocada uma pedra em cima do caso e que esse processo seja continuado, mas neste episódio os roteiristas mostraram tão pouca confiança no personagem que eu não vejo-o recebendo destaque novamente daqui para frente – o que é uma pena.

Gostarou do episódio? Espera que Chase continue tendo destaque na temporada, ou acha que o momento do personagem já passou? E House, mudou ou não mudou? Faz bem ou não para as pessoas?


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

×