Assistindo a esse episódio de Scandal, me pergunto até onde vai o fôlego de Shonda Rhimes. Depois de entregar uma segunda temporada espetacular, o drama protagonizado por Olivia Pope começa seu terceiro ano mostrando que ainda tem muita, muita lenha pra queimar.
Uma das cenas mais marcantes da reta final da season 2 é o Huck sentado ao chão, chorando e a Olivia dizendo que os outros não os compreendem, porque eles são iguais. Olivia, de certa forma, salvou Huck. O tirou das ruas, lhe deu uma nova vida e tudo o mais. A que preço? Ainda não sabemos exatamente que tipo de acordo Liv conseguiu com seu pai, mas no momento, isso se torna um detalhe. A cena dos dois no estacionamento, nos minutos finais, é das mais arrepiantes e melhores da série. Todos sabíamos que Huck jamais faria mal algum a Olivia, mas ainda assim, nada ameniza o impacto de vê-lo com as mãos em seu pescoço, gritando e exigindo explicações. Agora, algo entre os dois se quebrou. Ao descobrir que o pai de sua chefe é o mais alto homem do B613, Huck se sentiu traído. E alguém pode culpá-lo? Pelo olhar vazio de Olivia, nem ela mesma pode. Vai ser bastante interessante observar essa possível nova dinâmica entre os dois melhores personagens da série.
Outro plot interessante envolvendo o Huck é a nova Quinn que estamos conhecendo. Foi graças a ela que Hulk descobriu que o pai de Olivia era o Comandante. Pouco a pouco, desaparece a garota doce e frágil a que fomos apresentados no começo da série e surge uma mulher fria, implacável e que segue suas próprias vontades, sem hesitar em tortura, sugerir mortes ou hackear por puro prazer.
E falando em pessoas deformadas, Eli Pope é um exemplar perfeito.
Não dá pra dizer ainda se a vida o fez assim ou é de nascença, mas uma coisa é certa: O pai de Olivia é um monstro. O sangue frio que ele teve quando foi desmascarado pela filha nos flashbacks é uma coisa assombrosa. É claro que nenhuma relação que comece a se desenvolver por meio de jantares acordados poderia funcionar, mas os caminhos que Olivia e Eli tomaram são realmente irreversíveis. Olivia sabe que seu pai é um homem perigoso e sem limites. Quando colocamos em perspectiva que não sabemos nada sobre seus objetivos, isso fica ainda mais claro.
Uma das melhores sequências do episódio é a encenação entre os dois no escritório, diante dos olhares de Quinn, Abby e Harrison. O sangue frio de Eli ao chantagear a filha sem pestanejar um minuto sequer mostra que, seja lá qual for seu objetivo (eu aposto em algum tipo de vingança pessoal contra Fitz ou até mesmo contra a própria filha), ele irá passar por cima de qualquer um para alcançá-lo. E isso, com certeza, deixará Scandal ainda melhor.
É interessante ver o quanto Olivia se esforçou pra tentar provar que Jeannine não era amante de Fitz. Esse senso de moralidade que guia a personagem, mesmo quando ela precisa trilhar caminhos não tão coerentes assim com isso, é o que a torna tão fascinante. Ela sabia que fazer isso poderia acabar lhe jogando novamente debaixo do caminhão, mas ainda assim, não hesitou, mesmo diante da chantagem do pai e da possibilidade de salvar a vida de Jake de um jeito mais “fácil”, sem precisar recorrer a Fitz.
Ver as conversas do presidente com Olivia aqui me fizeram ter mais certeza de que a urgência para que essa história seja encerrada existe. É claro que Scandal vai virar de cabeça pra baixo no momento em que os dois ficarem juntos efetivamente, mas não acredito que Shonda consiga enrolar nisso por muito tempo. Apostaria até o fim desta temporada e num recomeço da série em outubro do ano que vem, com Olivia voltando à Casa Branca após a eleição de Fitz, agora como Primeira Dama.
Para o alívio de Mellie (que já via sua reputação perigando uma queda) e Cyrus, a história da amante parece que se encerra com a confissão de Fitz. O irônico disso tudo é que o presidente fez exatamente aquilo que os dois queriam, mas não por eles e sim por Olivia. Para que Jake fosse libertado.
Sem dúvida, o retorno do capitão, machucado e aparentemente em crise psicológica depois da tortura, em uma angustiante e inesperada cena final, vai mexer mais ainda com a relação de Liv com o presidente.
Merece elogios também a edição do episódio, que conseguiu unir muito bem o tempo presente com os flashbacks do passando de Olivia, Huck e Eli. Foi uma surpresa ver Edison ali. E mais surpresa ainda entender que Olivia terminou com ele, no passado, não porque não gostava dele, mas para protegê-lo de Eli.
Duas sequências marcantes deles:
– O momento em que Huck conta a Olivia sobre a B613
– O confronto entre Olivia e seu pai no restaurante
Agora, que os jantares foram reestabelecidos como parte do “pacote” da liberação de Jake, esperemos mais cenas tão boas quanto essa.
E se esses foram apenas os dois primeiros episódios, não sei se eu aguento intacto até o season finale.
