O que mais irrita em Scoundrels é a forma como sua boa premissa é simplesmente desperdiçada. Família de ladrões que decide se regenerar. É simples, direto e potencialmente eficiente. Poderia dar incrivelmente certo, mas já estamos no segundo episódio e continuamos na promessa.
Ainda há esperanças, claro. Alguns personagens são realmente cativantes. Ou eu fui a única a gostar de Cheryl, Heather e Hope? Quer dizer, dessa vez Hope esteve um pouco forçada, tanto nas falas da personagem como na atuação de Vanessa Marano, mas é algo facilmente ajustável, basta um cuidado maior da direção.
O detalhe é que o maior problema de Scoundrels parece ser justamente esse, a direção. Não há ritmo na maioria das cenas, mesmo quando elas tem potencial como as que se passaram no supermercado, novo emprego de Cheryl. O chefe assediador e as funcionárias submissas foram uma boa surpresa, e que poderia ter sido muito melhor aproveitada com uma direção que arriscasse além do feijão com arroz da Sessão da Tarde. Até mesmo a referência a Norma Rae, quando Cheryl se rebela e levanta os papéis higiênicos, eu não tenho certeza se foi mesmo uma referência… Afinal, as mentes por trás da série não parecem ser tão espertas a ponto de citarem um filme de 1979, ou será que são?
E confesso que não imaginava gostar da Heather como tenho gostado. Não tinha paciência pra seu papel anterior (Sloan, em Grey’s Anatomy) e verdade seja dita, Heather pode muito bem ser apelidada de “Sloan – o retorno”. Mas em Soundrels, com essa família desajustada, a personagem parece ter se encontrado. E embora seja irreal acreditar que ela possa ser vista por alguém como modelo, estando tão fora dos padrões anoréxicos da profissão; gosto dessa trama da loira burra que deve quebrar a cara tentando sobreviver da beleza. É clichê? Com certeza. Mas clichês se repetem por uma razão: são eficientes. E se for bem feito, pode ser interessante. E mais uma vez esbarraríamos no problema da direção da série.
Torço pra que Scoundrels tenha tempo e liberdade suficiente pra poder ousar. Repararam como até a trilha sonora da série é antiquada? Se é que dá pra chamar aquilo de trilha sonora, claro. Pra quem está acostumado as séries de sucesso de hoje em dia, nas quais a trilha sonora é praticamente um coadjuvante, o buraco musical de Scoundrels é um verdadeiro tiro no pé.
Continuo querendo assistir Scoundrels, só me pergunto… Até quando? Diz o conhecimento popular que ousadia, verme, e cartão C&A todo mundo tem. O que só me leva a crer que os produtores da série ou estão comprando muito na loja de departamentos ou estão entupidos de verme. Não sobrou espaço pra ousadia.
P.S. 1: Quem diria que Logan e a professora de Hope têm um caso até hoje? Um pouco forçado, não?
P.S. 2: Claro, não tão forçado quanto seu irmão gêmeo, Cal, ter um caso com a mulher do patrão.