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Skins – 7×03 e 7×04 Pure (Parts 1 e 2)

Por: em 23 de julho de 2013

Skins – 7×03 e 7×04 Pure (Parts 1 e 2)

Por: em

Poucas vezes um título de episódio casou tão bem com seu roteiro como aqui. Pure foi, com o perdão do trocadilho, puro. Simples, inocente, melancólico, sem firulas, rodeios, arremedos. Um episódio cru, poderoso e que fez a ode merecida e necessária a uma das melhores personagens de Skins: Cassie.

Cassie Skins

O apego a garota-bulímica-e-antissocial que aconteceu na primeira temporada. Em questão de 1 ou 2 episódios, Cassie arrebatou uma legião de fãs e puxou as atenções do show para si. Muitos se emocionaram cada vez que ela se emocionou. Muitos choraram cada vez que ela chorou. Muitos sorriram cada vez que ela sorriu. A exemplo de Effy em seu Fire, não sabemos quanto tempo se passou desde o fim da 2ª temporada (a última vez que vimos Cassie) até Pure. O roteiro dá algumas pistas, mas nada concreto. Os dias, meses e anos transcorridos, contudo, são detalhes. Analisando a personalidade da personagem, a Cassie que Pure nos traz pode ser considerada um alter ego contido daquela da primeira geração. Nada mais de Wow’s ou Lovelys. A menina cresceu e deu lugar a uma mulher solitária, vazia e mais carente ainda por atenção. É como se aquela garota assustada que sempre existiu dentro de Cassie tivesse intensificado sua voz. A todo momento em Pure ela grita. Grita por atenção. Por carinho. Por ser notada. Voluntária ou involuntariamente. E Hannah Murray consegue potencializar tudo isso muito bem, com uma atuação esmagadora.

Tecnicamente, Pure é perfeito por conseguir transmitir todo o complexo mundo de Cassie em suas cores sombrias. Durante a primeira parte, quando Cassie está em Londres, a sensação é quase de claustrofobia, como se algo estivesse se fechando em torno de algo invisível – o que faz juz a confusão que se passa na cabeça da garota nesta parte. Quando ela visita seu pai no começo da part 2, a fotografia já aparece mais colorida, mas ainda assim com um tom cinza. Naquele momento, Cassie encontrava a pureza a que o título se refere. Pureza que perderia mais adiante para poder encontrá-la novamente no fim.

O roteiro também estava no tom exato. Sem didatismos, direto e com diálogos fortes (– Por que você voltou? – Porque se não tivesse acabado, seria pra sempre. – e por mais que não haja a citação direta, aqui nós sabemos que ela se refere a Sid), conseguiu passar toda a essência da personagem, que ainda estava ali, na cara.

Muita – muita mesmo – gente torcia para que o Sid fosse o stalker da Cassie, mas acredito que a solução encontrada pelo roteiro foi melhor. No começo, toda a história das fotos parecia ser um mistério que se alastraria por todas as duas partes de Pure, sendo um artifício narrativo usado para prender a atenção do público e apenas isso. Contudo, os caminhos escolhidos foram diferentes. O stalker e as fotos vieram pra representar essa necessidade gigante de ser notada que Cassie tinha. Por mais rodeada de gente que ela estivesse, no bar, em casa, na rua, o que ela precisava era de alguém que a notasse. Que prestasse atenção nela. Ela tenta uma aproximação com Maddie, mas é com Jakob e Yaniv que ela realmente consegue algo mais forte. 

Jakob Skins

Em uma comparação recente, Jakob, aqui, é pra Cassie o que Dom foi para Effy em Fire. O aspirante a fotografo surge para personificar a atenção que Cassie precisava receber. O engraçado é que a impressão que nos é passada é que nem mesmo a garota percebia o momento pelo que passava. Por isso, é completamente natural a primeira reação dela às fotos tiradas por Jakob ser o espanto. Quem não ficaria assustado de ver um site com diversas fotos suas nos lugares mais diferentes? Definitivamente, deve ser uma sensação assustadora. Mas era exatamente o que Cassie precisava: Ser notada. Como o garoto disse, “You’re beautiufl and u dont even know.”

É isso que faz com que ela atinja a pureza a que o título se refere. Antes, Cassie estava perdida. Era mais uma no mundo, andando sem rumo, não vivendo, apenas sobrevivendo. E o afeto do Jakob que faz com que ela reascenda o sentimento de liberdade, de estar viva. Ela demora a aceitar isso, mas quando derruba as barreiras, se entrega de corpo e alma. A cena que encerra a parte, com Cassie finalmente se “entregando” as lentes de Jakob e se deixando fotografar é o momento de rutpura da personagem. E essa ruptura, esse abrir para o mundo, que nos leva aos principais acontecimentos da parte 2: O envolvimento mais direto com Yaniv e a sua relação com o pai e o irmão.

Yaniv é o oposto de Jakob. Enquanto o garoto mostrou a Cassie o mundo por detrás de suas lentes canon, Yaniv trouxe o mundo carnal que Cassie precisava. Em uma análise simplista e reducionista (o que Skins nunca é), Jakob estava com Cassie no momento em que a pureza aflorou e Yaniv quando ela foi colocada de lado, em nome do consumismo, no momento em que Cassie aceita fazer as fotos “oficiais”. Deslumbre ou não, é impossível culpar a garota. Quem não quer seus quinze segundos de fama? E, no caso de Cassie, já estavam sendo bem mais que quinze. Fica perceptível, aqui, como Cassie precisava de um suporte. Quando Jakob lhe vira as costas, Yaniv está lá e toda a relutância moderada que ela ainda tinha, some.

Cassie Jakob Skins

Contudo, a representação mais forte da pureza no episódio não esteve em Jakob, nas fotos, nem em Cassie e sim no forte laço entre ela e seu irmão mais novo. O momento em que Cassie, na festa, está prestes a se drogar e recebe uma ligação do garotinho  que, em seguida, a faz jogar ao vento o pó, corrobora isso. Por mais que ela procurasse  no meio da multidão alguém que a amasse, que a notasse, que a encontrasse, ela sabia que, lá longe, ela já tinha isso na forma de um pequeno menino. Todas as cenas em que Cassie protege o garoto da desorientação que seu pai apresentava trazem uma transformação na personagem. É como se morresse uma gata e emergisse uma loba.

E a maior prova disso é o final dado a personagem.

Nem Jakob, nem Yaniv. Cassie percebeu, da maneira mais dura possível, que ela já tinha o que precisava. Ali, na figura de seu irmãozinho. Quando ela se oferece para cuidar dele,  é como se a personagem encontrasse, finalmente, redenção. Ali, ela encontrava a verdadeira pureza. Dentro da medida do possível, Cassie teve um final feliz – especialmente se contrapormos com os caminhos dados a Emily, Naomi e Effy em Fire. O sorriso da personagem na última cena era claro em sua mensagem: De alguma forma, ela não estava mais sozinha. 

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PS. Em duas semanas, nos encontramos aqui novamente, pra comentar Cook e seu Rise, que encerram a saga de Skins na TV.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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