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Skins – 7×05 e 7×06 Rise (Series Finale)

Por: em 9 de agosto de 2013

Skins – 7×05 e 7×06 Rise (Series Finale)

Por: em

“Também acha que conhece a vida. Fica a par das coisas e a vê passar, mas não está vivendo. Não de verdade. É apenas um turista. Um fantasma. E então você vê. Realmente vê. Ela entra em suas veias e vive dentro de você, e não há como escapar. Não há nada a ser feito, e que saber? É bom. É uma coisa boa. E isso é tudo que eu tenho a dizer.”

Skins escolheu sair de cena homenageando seu personagem mais controverso. Quando o formato da temporada final foi anunciado, muitos se perguntaram o que Cook fazia entre os “escolhidos”, já que o personagem sempre foi odiado pela maioria dos fãs. Pessoalmente, sempre fui fã dele. Cook foi o personagem mais desconfigurado de Skins. Mais polêmico e pelo qual ninguém (ou quase ninguém) se mostrou indiferente. Ou você o amava ou você o odiava. E talvez por isso ele tenha sido escolhido pra estrelar o series finale.

Rise” não tem a melancolia de Effy e seu “Fire” ou a doçura de Cassie e seu “Pure“, mas é visceral, forte, pesado e angustiante. É como Cook. E é como Skins sempre foi. Nua, crua e dura. Aos que se perguntam porque Cook foi escolhido, talvez esteja aí a resposta. Skins escolheu fechar sua história com seu personagem mais porra-louca, pesado, controverso e, porque não dizer, talvez, aquele que melhor a represente.

Cook-Skins

Em termos de continuidade de roteiro, Rise conseguiu com maestria colocar Cook como um personagem que evoluiu. Aqui, ainda o encontramos atormentado pelos fantasmas de um passado que ele nunca irá esquecer, um assassinato. E aos que reclamaram que o episódio não citou Freddie, acho que a resposta está aí. Freddie não precisou ser citado porque fica subentendido que o homem que Cook matou é John Foster, terapeuta que matou seu amigo a pauladas. Não há nenhuma cena direta que prove isso, mas quando comparamos o Cook daqui, amargurado e com um peso nas costas, com o Cook que vimos na última cena da quarta temporada, sedento por vingança, fica fácil presumir o que aconteceu.

Neste cenário, é coerente (e pertinente, até) que Cook não fale do melhor amigo, já que ele, direta ou indiretamente, vai sempre lhe acompanhar como uma sombra por toda a vida. É interessante aqui traçar um paralelo com Fire. Enquanto Effy parece ter superado a morte de Freddie e seguido em frente com sua vida, com Cook não parece ter sido assim.

Cook sempre teve o temperamento explosivo e viveu de escolhas erradas. Não seria agora na vida adulta que isso mudaria. Dava para imaginá-lo em algum trabalho muito diferente do que ele arrumou? Já parecia traçado, desde a 3ª e a 4ª temporada, que ele terminaria mergulhado no submundo e se envolveria com gente barra pesada. Não sabemos bem como  ele chegou a esse ponto, envolvido com drogas. Talvez sequer tenha sido uma escolha. O interessante é que Rise não condena o personagem por isso (armadilha que diversas séries teens costumam cair). Ele próprio, sem saber, se condena. Cook vive bem (não dá pra dizer se feliz) assim. Pode não ser o ideal a longo prazo, mas o é naquele momento.

A ligação que ele tem com Emma é a principal representação do adolescente que ainda vive dentro do Cook jovem. É difícil ver a relação dos dois e não se lembrar de seu lance com Effy no passado. Ao mesmo tempo em que Cook sabe que não é uma boa companhia, ele quer ficar perto de Emma, pois se sente, de certa forma, responsável por ela. Coisa que também podemos ver na sua relação com Charlie.

Charlie skins

Se envolver com a namorada do chefe do tráfico é exatamente o tipo de escolha errada que Cook faria. Enquanto com Emma ele sente que precisa protegê-la em nome de algum tipo de sentimento, com Charlie,  a coisa é tão de repente que Cook mal tem tempo de pensar. Ele sabe que precisa cuidar da garota porque sabe do que Louie é capaz. Ele viu com seus próprios olhos. A cena da morte de Jason, também amante da garota, na primeira parte, é forte e o ponto crucial para que Cook entenda que entrou em um caminho sem volta.

Talvez a maior diferença de Rise para Fire Pure tenha sido o ritmo que a última parte assumiu. Com Cook, Emma e Charlie fugindo de Louie na floresta tomada pela neve, tomou de conta do episódio um clima de filme de terror noirA fantástica fotografia do episódio e a direção acertada com seus jogos de câmera e closes demasiados ajudaram a transmitir toda a atmosfera de tensão e angústia. Em sua hora final, Skins foi exatamente aquilo que costumava ser desde seu início: Visceral,  forte e desferindo socos no estômago ao invés de passar a mão na cabeça de seu espectador.

A série fez aquilo que mais gosta: Jogou seus personagens e seus atores no limite. E, é preciso ser dito, o trio protagonista de Rise esteve perfeitoJack O’Connell não precisava provar mais nada. Se Cook é o personagem marcante que é, muito se deve a ele, que interpretou com maestria o garoto mais bagunçado e confuso da série. Seus diálogos com as garotas e o posterior confronto com Louie foram os pontos altos dele neste episódio. A dupla feminina, Hannah Britland (Charlie) e Esther Smith (Emma) também estava afiada e não comprometeu o episódio de maneira alguma.

Cook e Charlie Skins

E é quando o trágico desfecho do episódio chega e Cook encontra o corpo de Emma pendurado a uma árvore que temos a prova definitiva de que o personagem amadureceu. Cook poderia ter matado Louie. Charlie pediu que ele o fizesse. E ele quase fez, mas na hora H, voltou atrás. Ver o personagem coberto de sangue, esmurrando seu inimigo e gritando que ele é o Cook e que seu rival precisa dizer seu nome (em uma referência direta ao fim da quarta temporada), naquela que é provavelmente a atuação mais forte de O’Connell na série, e, ainda assim, recuando, evitando ter o peso de outra morte sobre seus ombros, é a representação de que alguma coisa em Cook mudou.

Não dá pra dizer se ele aprendeu com o passado. Nem se ele vai conseguir seguir em frente e sublimar seus fantasmas. Mas dá pra dizer que, a sua maneira distorcida, Cook cresceu. Mas continuou torto, desconfigurado e impactante. Amadureceu, mas manteve-se fiel a sua essência. Assim como Skins. 

E eu não poderia imaginar um jeito melhor para a série ter saído de cena.

Obrigado por tudo, Skins. Foi gratificante acompanhar sua jornada todos esses anos.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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