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The Big C – 4×04 The Finale (Series Finale)

Por: em 25 de maio de 2013

The Big C – 4×04 The Finale (Series Finale)

Por: em

“Estou pronta. Não quero que fique mais doloroso. Não para mim, mas para minha família. Peço perdão se não tive fé suficiente na minha vida, ou o tipo certo de fé, mas agora eu acredito em você. Creio que pode me ajudar. Agora eu irei adormecer, rezo ao Senhor que guarde a minha alma. Se eu morrer antes de acordar, isso seria bom.”

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Cathy disse uma vez que não queria que as pessoas pensassem que ela havia desistido, assim como em outro momento deu a entender que não estava pronta para partir. Quando ela faz essa oração, Cathy mostrou que nenhuma dessas duas ideias lhe perturba mais. Ela está pronta, no momento certo para isso acontecer. Assim, todo o episódio caminhou para o único possível final para a série: a morte de Cathy.

Não me agradou, de imediato, o pedido dela para Sean ajudá-la a morrer. Depois, passei a entender a complexidade desse pedido. A reação inicial de Sean foi a que eu esperaria de qualquer pessoa, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele acabaria concordando. É uma situação complicadíssima e que mostrou o quanto Cathy estava sofrendo, talvez não tanto de dor física, mas sim de não aguentar mais ser um peso para sua família. Fiquei imensamente feliz que a partida de Cathy não ocorreu dessa forma.

Outro ponto importante do episódio foi a visita do pai de Cathy e Sean. Incrível como a série conseguiu trabalhar imensamente bem essa relação. Já havíamos sido apresentados a esse pai, e os próprios irmãos, durante a série, nos deram inúmeras pistas a respeito da personalidade do pai deles. Não restou dúvida, de fato, que ele é um babaca, mas, nesses casos, as mágoas ficam pequenas. O dialogo entre pai e filha foi incrivelmente lindo. Deve ter sido difícil para ele estar ali, vendo a filha perto da morte, enquanto ele está esbanjando saúde. Quantas vezes será que ele disse para Cathy que a amava? É triste pensar que a maioria das pessoas deixam isso para o último momento, ou, em alguns casos, acaba sendo tarde demais. Com certeza essa é uma reflexão que vou levar da série.

Aliás, esse episódio foi repleto de cenas lindas. Uma delas foi a conversa entre Andrea e Cathy. Incrível como me afeiçoei a Andrea, acho que assim como Cathy, Paul e Adam, também adotei ela pra família. A entrada dela nesse núcleo familiar não foi de forma tão sutil, mas me parece que ela sempre esteve ali, que não há família Jamison sem Andrea. Espero que ela consiga realmente seguir uma carreira de sucesso como estilista, pois ela merece.

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Porém, quem acabou com meu coração mais uma vez foi Adam. Eu já estava mandando insultos para ele quando a diretora apareceu e parecia ter notícias nada boas. Todos nós sabemos o quanto a vida escolar de Adam era importante para Cathy, e ela não merecia passar por isso nesse momento. Então, quando descobrimos a verdade, fiz igualzinho a Cathy, me emocionei imensamente. Foi uma cena tão linda de ver que a revi por inúmeras vezes e tive vontade de abraçar Adam eternamente por dar esse presente para a mãe.

O episódio todo foi de preparação para o momento final: o reencontro com o pai, a conversa com Paul, a “despedida” de Andrea e a formatura de Adam. Todos os personagens conseguiram fechar suas tramas, talvez não aceitando, mas entendendo que “a morte é importante”, citando a própria Cathy. Fiquei um pouco em dúvida em relação a Paul. No episódio anterior ele brigou com Adam, neste desabou em choro (que intensa essa cena!) e acabou por encontrar Cathy morte antes de entregar-lhe as flores que ela sempre quis em seu casamento. Apesar disso, acredito que, com a conversa que eles tiverem anteriormente, ele conseguiu expressar para ela o quanto a amava, coisa que é nítida desde o começo da série.

A morte de Cathy, grande acontecimento do episódio e da série, foi exatamente como deveria ser: não foi um grande acontecimento. Não houve último suspiro, nem últimas palavras, nem aquela cena tradicional de da mão caindo. Foi simples, como as pessoas morrem na vida real. A série sempre foi assim: uma cópia da realidade, a mais crua possível. Cathy deu sim seu último suspiro e deixou suas últimas palavras, mas não em seu último momento, mas desde o dia que descobriu que tem câncer. Ela pode ter feito sim inúmeras coisas imaturas, mas ela tentou. Quando soube que iria morrer, lutou para aproveitar o tempo que lhe restava e preparar as pessoas que ama para o que iria acontecer.

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A psicóloga de Cathy era também uma de suas alucinações e acabou figurando como uma espécie anjo que prepara as pessoas para a morte, e, assim que ela está pronta, o querido Angel vem buscá-la. A metáfora foi muito feliz. A cena final encerrou a série deixando a reflexão que The Big C sempre quis deixar: a vida é passageira e a morte nem sempre é ruim. Há coisas boas após morte, como no caso de Cathy que ficou na tão simbólica piscina junto com a carismática Marlene e o fofo Thomas.

Depois de 4 temporadas e 40 episódios de muito amor, a série encerra com o gosto de dever cumprido e mensagem transmitida. Tenho certeza que volta e meia irei rever algum episódio e irei relembrar desses personagens tão ricos e reais. Irei para sempre venerar Laura Linney pela construção impecável de uma personagem tão complexa, mas principalmente irei lembrar da grande frase que The Big C deixa para nós:  “Sorte a minha.”


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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