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Riverdale – 1×12/1×13 Chapter Thirteen: The Sweet Hereafter (Season Finale)

Por: em 19 de maio de 2017

Riverdale – 1×12/1×13 Chapter Thirteen: The Sweet Hereafter (Season Finale)

Por: em

Com dois episódios que tiveram cara de season finale, Riverdale encerrou sua primeira temporada, elevando as expectativas para um segundo ano ainda mais promissor do que este primeiro.

Reprodução/CW

O que chama atenção na série é a maneira como ela trabalha cada personagem com o cuidado de mostrar todas as perspectivas possíveis da sua personalidade. Esse é, na real, o caminho mais difícil, já que a maioria das séries ambientadas em cenários adolescentes exploram os esteriótipos até não ser mais possível. Querem um exemplo simples de como Riverdale quebra essa cadeia de comodismo? Cheryl. A personagem tem cara, jeito e comportamento de garota má e desprezível, que serve como artifício para parte das tramas “pesadas”.

Só que o roteiro a constrói de tal forma que, mesmo com toda a máscara que veste, Cheryl consegue ser muito mais que isso. A descoberta de que Clifford Blossom estava por trás do assassinato do próprio filho foi uma das notícias mais devastadoras para ela, talvez por até mesmo já saber disso de alguma forma – afinal essa foi a sensação que ficou daquela revelação, né? Todo mundo meio que já esperava um certo envolvimento da família, mas era uma teoria tão “surreal” que a gente deixou a ideia ali, quietinha, porque era melhor assim.

Reprodução/CW

Lidar com o fato de que seu pai matou seu irmão é meio complicado, talvez complicado demais, até mesmo para quem aparenta ser forte. E assim fomos levados ao momento mais vulnerável de Cheryl até aqui: ao tentar acabar com sua dor, a ruiva nos mostra que nem mesmo ela pode ser capaz de aguentar tamanhas porradas que a cidade de Riverdale não parava de dar – o que nos faz pensar que, na segunda temporada, o cenário e o comportamento da garota mude um pouco, mostrando muito mais de quem é, agora que está livre de carregar o fardo da pesada história dos seus pais – por sinal, a cena do incêndio também é bem emblemática para a personagem e merece todo o nosso destaque.

O ponto é que, mesmo revelando quem estava por trás do assassinato de Jason Blossom, Greg Berlanti e sua equipe foram inteligentes o suficiente para deixar no ar o clima de mistério que permeou toda a primeira temporada: a gravação não tinha som, mantendo o enigma por trás das motivações de Clifford ao matar o próprio filho – o que acaba sendo desmascarado com o lance dos xaropes como uma grande fachada pra um negócio de comercialização de drogas, associado com as Serpentes. Particularmente, eu curto muito a ideia de que a ideia de culpado por tudo que aconteceu e que ainda vai acontecer, não fique nas costas de uma única pessoa. Na verdade, em Riverdale (e na vida), tudo é uma reação em cadeia e acabamos nos tornando consequência das decisões que tomamos.

Isso me leva ao outro ponto forte desses dois últimos episódios: Jughead.

Reprodução/CW

O personagem, que logo se tornou um dos queridinhos da audiência, teve sua devida atenção nos momentos finais da temporada, sendo talvez aquele que mais devemos observar daqui para frente. Sabendo da injustiça que seu pai sofreu e lidando com isso a sua própria maneira, Jug acaba se transformando na representação física de tudo aquilo que Riverdale não quer aceitar sobre sua própria história: a imagem de cidade pacata, onde é possível ser feliz e viver com segurança, não existe mais e é preciso lidar com isso. Jug e sua perceptiva visão estão muitos passos a frente, totalmente conscientes de que o caminho a seguir é tortuoso e, muitas vezes, doloroso, porém é a única alternativa no momento.

E, veja bem, não temos muito como julgar suas escolhas, concordam? Quando se vê sozinho – não completamente, porque os meninos não o abandonam em nenhum momento -, os primeiros a o apoiarem são as Serpentes. E quando você não tem família, nem lar, nem sabe quais serão os seus próximos passos, é normal se agarrar a menor das perspectivas de segurança que te oferecem. Isso coloca em risco toda a amizade construída com Archie e Betty? Sem dúvidas. Mas Riverdale criou um cenário onde não há espaço para ficar em cima do muro.

Claro que as coisas podem mudar quando a notícia do tiroteio no Pop’s reverberar pela cidade, mas a série parece ir em direção a uma “guerra civil”, onde os lados de Archie e Jug serão opostos. Ainda não sei se acredito que o tiro dos segundos finais representa mesmo a morte de Fred, mas foi essa a mensagem que ficou para que a gente reflita até outubro. Serão momentos difíceis para Riverdale, meus amigos. Mas quem disse que seria fácil, não é mesmo?

Reprodução/CW

Do lado mais “leve” da trama, tudo nos deu a entender que o triângulo que a série flertou tanto em formar, mas que não aconteceu nesta primeira temporada, firma-se para o segundo ano. Archie mostrou-se muito em dúvida sobre seus sentimentos com relação a Betty, inclusive com umas trocas de olhares muito suspeitas. O que eu acho: era um artifício difícil de evitar. Em algum momento, eles teriam que usar isso e acho que é bem condizente trazer nesse momento onde tudo está tão estranho e as pessoas estão colocando as coisas na balança antes de tomarem maiores decisões. Desde que não apareça uma gravidez, eu estou bem com isso.

Em resumo, foi uma boa temporada. Houveram alguns episódios mais lentos, mas nada que chamasse nossa atenção. O que é importante observar é a fé que a CW está botando na série, que ganha uma segunda temporada completa e muda de horário na programação, sendo usada de lead-in para uma das novas atrações do canal. Se a construção da trama for bem feita e pensada em arcos, acho que temos tudo para ter o novo sucesso adolescente por muito tempo no ar – ainda mais que a emissora estava super carente de séries deste gênero.

Muito obrigado pela companhia de vocês por aqui e nos encontramos por aí!


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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