Você sabe que uma temporada está maravilhosa quando você termina de assistir a todos os episódios pensando: “Caramba! Foi o melhor episódio da temporada!”. Revenge of the Queens não fugiu à regra, e acho que já dá pra dizer que este All Stars é a melhor temporada da Drag Race. E tudo isso se deve à grande vilã do programa. Phi Phi? Não. A edição.
Todo mundo estava esperando pelo episódio da repescagem pelo alto potencial de bafões que ele poderia ter. Mas nem nos nossos melhores sonhos imaginaríamos ver a quebra de cara do milênio, com Coco, Tatianna, Ginger e Alyssa aparecendo atrás do espelho justamente na hora em que Phi Phi descascava a eliminada da semana. Quase um pocket Reunited pra dar conta de toda a lavação de roupa suja. No finado Orkut, existia uma comunidade chamada “Eu faço a voz da justiça”, para reunir pessoas que, sempre que contam uma discussão para terceiros, interpretam o interlocutor com uma voz esganiçada e afetada, e a si mesmos com um tom sereno e pausado, que chamam de “a voz da justiça”. Pois é, desta vez a edição se encarregou de colocar Alyssa fazendo a voz da justiça enquanto Phi Phi voltava para o cantinho das vilãs a que ela pertence.
O rodízio de torta de climão estava servido, com as queens eliminadas trabalhando com as remanescentes que as tiraram da competição. O show de stand-up comedy valia o poder de voltar para o jogo, eliminar uma queen que ainda estava na disputa e o cheque de 10 mil dólares. Ginger e Coco não tiveram a menor chance. O texto delas ela chato, a interpretação estava meio fora do ponto e até o figurino foi ruim. Tatianna e Detox formaram uma boa dupla, embora tenha achado as piadas pesadas demais. Valeu o lugar no top da semana. Mas ninguém superou o número de Alaska e Alyssa. Se na semana passada Lasky engoliu a parceira no desafio de atuação, dessa vez ela foi generosa, deixou que Alyssa conduzisse a plateia e deu deixas precisas, mas muito bem colocadas para não ficar apagada no palco. Há boatos de que ela estaria “cotada” para vencer o programa, mas honestamente, a única coisa que eu vejo é uma drag talentosa e preparadíssima para o que foi fazer ali, que, se de fato ganhar, vai ser mais que merecido.
Por falar em merecimento, a justiça existe (e a desistência de Adore, também), então daquele lip sync maravilhoso, só poderiam sair duas vencedoras. Não acho que seja coincidência as duas voltarem para a competição, sendo que havia uma vaga sobrando, mas se revelassem antes da hora, que graça teria? A escolha da eliminada também foi sensata. Roxxxy teve uma queda de qualidade gigantesca desde o primeiro episódio, mas está empenhada em fazer a linha boa moça para se redimir, então não é uma grande ameaça para ninguém. Phi Phi, por outro lado, continua pensando com o fígado e criando situações que as outras participantes reprovam. Por afinidade e pela harmonia da casa, ambas chutaram O’Hara.
Pois bem. Phi Phi não é uma santa e talvez essa seja a sua maior qualidade, pena que ela não abrace isso e use a seu favor em vez de tentar se colocar como uma injustiçada. Tatianna também não entrou no jogo para fazer amigos e foi clara sobre isso desde que pisou no All Stars. Como ela mesma diz: Choices. Talvez por isso tenha caído nas graças do público tão facilmente, enquanto Phi Phi tenha saído muito mais queimada agora que da quarta temporada. Reclamar nas redes sociais não ajuda, atacar o programa que a lançou ao status de celebridade e alavancou a sua carreira, tampouco.
Mas fica bem claro que, se Phi Phi gosta de fazer joguinhos mentais, a edição do programa gosta muito mais. E, sabendo que Alyssa e Tatianna retornariam, eles fizeram questão de narrar a trajetória das duas queens usando “a voz da justiça”. A escolha dos closes, das pausas, dos depoimentos, tudo está ali para criar uma narrativa adequada ao rumo do programa. Pode ser péssimo para algumas delas, mas pra nós, é justamente esse jeito de fazer as coisas que está entregando uma temporada tão escandaliciosa. RuPaul não precisa nem suar a testinha maquiada de Anastasia Beverly Hills, pode passar trote e fazer manicure à vontade, porque o elenco é ótimo e a produção sabe lapidar esse material como ninguém.
Talvez Alyssa e Tatianna acabem como a maioria das queens trazidas de volta do limbo, eliminadas logo em seguida. Mas pelo andar da carruagem, Roxxxy deve sair antes das duas. Eliminada ou não, Alyssa Edwards nos presenteou e foi presenteada por uma segunda participação belíssima na Drag Race, e independentemente de quem levará a coroa, ninguém defendeu o seu legado com tanto sucesso quanto ela.
Algumas observações:
– Sdds lip sync for your life.
– Roxxxy descrevendo o momento em que Alyssa ouve Phi Phi falando mal dela foi a melhor coisa que ela fez no programa desde o show de talentos.
– Que coisa caída os looks 2 em 1 das queens retornantes, heim? Decepção.
– A Katya participou desse episódio? Não pareceu.
– Detox tirou as piadas de um livro do Ary Toledo, e Roxxxy maratonou as 454 temporadas de A Praça é Nossa para inventar as piadas de salada.
– Alexis Mateo é cafoninha, mas é tão fofa/simpática que só de aparecer 5 segundos na tela eu já fiquei morrendo de saudade.
– Quem já tá na fila pra comprar a estátua da Ru que a Phi Phi vai leiloar? Isso mesmo, alguém com 10 mil dólares, que no caso não sou eu.
Já conseguiu pegar a cara do chão depois desse episódio? Concorda com o retorno de Tati e Alyssa? Vai sentir falta da língua cheia de shade da Phi Phi? Deixe seu comentário e até semana que vem!
