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Sara Ramirez – Conheça um pouco mais da Callie, de Grey’s Anatomy

Por: em 10 de março de 2010

Sara Ramirez – Conheça um pouco mais da Callie, de Grey’s Anatomy

Por: em

Não é novidade para os fãs da Sara Ramirez, a querida médica Callie Torres de Grey’s Anatomy, que ela sempre sofreu por ter um corpo fora dos padrões esqueléticos de Hollywood. Bom, não que seja muito difícil estar fora desse padrão, convenhamos. Em uma entrevista para a revista Glamour, publicada em 2006, a atriz contou como foi o processo de aceitação de sua imagem e a influência que Grey’s Anatomy teve nisso.

Algumas explicações sobre os termos estão entre colchetes. Entre parênteses, estão considerações da própria Sara.

Superando a mim mesma: Sou um tamanho 40 em uma cidade de tamanho 30

Como a estrela de Grey’s Anatomy, Sara Ramirez, colocou um fim ao perigoso círculo de pílulas de dieta e alimentação io-iô.

Artigo escrito como foi contado à Laurie Sandell

Quando eu tinha oito anos, meus pais se divorciaram e minha mãe e eu nos mudamos do México para São Francisco. Entre o choque cultural de ir para outro país e o estigma de ter um sotaque (eu ouvi muitas piadas de “Você tem o visto?”), sempre me senti por fora. E eu ainda era mais alta e com ossos mais largos do que a maioria das garotas da minha idade. Minha mãe fez um bom trabalho me criando, mas a história não é sobre ela. Mas eu acho que ela era muito crítica sobre a imagem corporal dela e isso foi projetado em mim. Tinha dias em que ela sentia que tinha que perder dez quilos e pensava que eu também tinha que perder dez quilos. A mentalidade era: a gente tinha que perder peso. O resultado: eu cresci querendo parecer outra pessoa ao invés de aceitar o corpo que eu tinha.

Na décima série [equivalente à nona série daqui, mais ou menos], meus professores descobriram que eu podia cantar e ouve uma divisão de águas para  mim. Eu fui escalada para o meu primeiro musical e fui jogada em um lugar onde eu estava recebendo muita atenção, admiração e elogios. Eu até fui aceita na Juillard School, uma escola de artes de prestígio de New York.

A escola era cheia de atores, cantores, dançarinos… e muitos deles tinham problemas com alimentação. Para mim, os problemas com o meu corpo vieram à tona. Eu entrei em dietas hardcore, perdendo muito peso e me sentindo muito bem comigo mesma. E então eu tinha momentos de tristeza. Minha forma de lidar com isso era comendo e comendo e comendo; eu engordei bastante e me sentia péssima. Em algum momento, toda minha auto-estima foi jogada pela janela. Eu sofria do efeito sanfona – meu menor tamanho era 34 e o maior, 42.

Um pouco antes de me formar, eu fui escolhida para o musical “The Capeman”, de Paul Simon, na Broadway – a história de um gangster porto-riquenho em New York. Foi uma das minhas fases mais gordas, mas todos estavam me apoiando tanto que meu tamanho não era importante. (Eu lembro de um agente ou do diretor de elenco me dizer que, quanto ao meu peso, “New York tende a ser perdoar mais facilmente [esses problemas] do que Hollywood”. Eu pensei, wow, isso é interessante, do que exatamente eles estão me perdoando?) A verdade é que, diferente da TV e das câmeras, o teatro não adicionava cinco quilos.

Depois que o musical terminou, eu tomei a decisão de ir para a televisão. Eu praticamente morria de fome, vivendo com um pouco de grãos, um pouco de manteiga de amendoim e dois copos de vitamina por dia e malhava como o cão. Perdi uns 15 quilos e consegui um piloto de série – assustador, porque era quase uma recompensa por me tratar de uma forma tão não saudável. O piloto não deu certo; e eu voltei a comer regularmente.

Mas eu decidi mudar para Los Angeles para ver se conseguia mais papéis. Quando eu ia a uma audição, tinha muitas mulheres pequenas com grandes seios. Eu quase sempre era a maior mulher da sala. A pressão para ser magra me atingiu. Minhas velhas inseguranças voltaram. Comecei a tomar as doidas das pílulas de dieta. Elas vinham em uma garrafa azul que dizia “sem efedrina” [componente derivado de uma planta da Ásia Central que diziam que ajudava a perder peso. No entanto, além de não ser eficaz para a redução de peso, também altera a pressão arterial e a frequência cardíaca. A substância foi proibida em 2004 pela Food and Drug Administration].

Eu nem sabia o que tinha ali (talvez cafeína?), mas eu sabia que eram horríveis para mim. Elas aceleravam o meu coração, mas eu sentia que precisava delas. Depois de seis meses, meu corpo tinha tido o suficiente. Eu estava ficando com tremedeiras, e eu ficava cada vez mais assustador saber que estava colocando meu coração em perigo. Vícios são comuns na minha família – meu avô era alcoólatra – e perceber que estava me viciando nas pílulas foi difícil. Então um dia eu simplesmente parei. E joguei a garrafa de pílulas e disse: “não vou mais fazer isso comigo”. Ainda estava vulnerável, ainda me odiava, mas eu definitivamente tomei um grande passo em direção a um lugar mais saudável.

Então, em maio de 2004, eu fui escolhida para o papel principal no musical Spamalot e me mudei para New York de novo. Nós fazíamos oito shows por semana. Foi quando eu mais tive que cantar, então eu tomava muito cuidado com a minha voz – dormia bastante, descansava bastante, tomava muita água. Mas isso se tornou mais do que tomar cuidado da minha voz. Eu estava tendo cuidado comigo. Eu finalmente comecei a comer quando estava com fome e não comer quando eu não estava. Fazia yoga e fiquei saudável. O programa me deu uma confiança que não tinha nada a ver com como eu parecia; eu ganhei um Tony Award em 2005 por aquele papel.

Agora eu sou regular em Grey’s Anatomy como a cirurgia ortopédica Callie Torres. No local de gravação, há mesas de comida em qualquer lugar que você olhe – ganhei uns 20 quilos em quatro meses! Meu nível de energia estava baixo e eu me sentia não saudável, então decidi contratar um personal trainner. O engraçado é que ninguém no programa me pressionava quanto ao meu peso. Ninguém disse “Você está ganhando peso”. Ao invés disso, eles escreviam cenas em que eu tinha que dançar semi nua de calcinha! Eu fui até a Shonda Rhimes, a produtora executiva, e disse “Você realmente quer que eu faça isso? Por que eu? Eu tenho muita celulite aqui e ali!” Ela só me olhou e disse, “Trabalhe nisso”. E foi tudo o que eu obtive dela. E com certeza, fazer aquela cena me ajudou a superar muitos dos meus problemas. Eu tinha que aceitar o meu corpo.

E agora? Eu não vou mentir: eu ainda tenho dias em que eu olho para o espelho no meu caminho para o banho e penso “Oh Deus, eu não vi isso!” Mas eu aprendi que devo parar e pensar “Estou vendo a realidade? O que eu amo no meu corpo? Pelo quê eu estou agradecida?” As respostas destas questões me lembram que eu sou muito abençoada.

***

Ficou curioso para ver como a Sara é boa cantora? Abaixo, uma apresentação dela no Tony Awards de 2005. E não podemos esquecer da canção do episódio Holidaze, onde tivemos uma prévia da poderosa voz da Sara.


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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