Um avanço na mitologia e a prova de que, mesmo em Sense8, nada é preto no branco.
Seria essa a síntese ideal de “Obligate Mutalisms”. Ganhamos (e perdemos) novos personagens, novas informações sobre a trama, um avanço na história e muito, mas muito mais coisa pra pensar. Quando logo nos primeiros minutos, Will conseguiu negociar com Croome e cortou seu laço com Sussurros, deu pra perceber que o negócio é muito mais complexo do que parece a uma primeira olhada. Foi um encerramento até rápido de uma trama que achei que ia durar mais, mas não só fez mais sentido no final, como também é uma boa saída do roteiro para não ter que recorrer a um Will drogado e catatônico por muito tempo. E, além do mais, nos deu bonitas cenas no começo do episódio, com não apenas Will, mas também os outros tendo a chance de ver o sol e sair as ruas sem se preocupar com o olhar de Sussurros.
A fuga de Sun da cadeia foi um dos pontos chaves trabalhados aqui. Até agora, só tínhamos ouvido da boca dos personagens que, assim como eles compartilham um imenso prazer (olá, cenas de orgia), eles compartilhariam uma dor sem tamanho quando alguém do cluster morresse. A quase morte de Sun mostrou isso e as cenas foram incríveis, mostrando o efeito que o enforcamento da detenta estava gerando em cada um dos seus parceiros. Toda a sequência que se seguiu a essa, com o envolvimento deles na fuga e cada um sendo uma partezinha importante do processo foi excelente, mostrou que a união deles está mais forte do que nunca (algo que o episódio anterior já tinha apontado) e dá um novo ar ao plot de Sun que, agora fora da cadeia, tem muito a resolver. Mal posso esperar pra ver quais serão os seus próximos passos.
Outro personagem que também seguiu novos rumos foi Lito. Tenho certeza absoluta de que ter perdido o contrato do filme que esperava é apenas o prenúncio de uma tempestade bem grande que vai chegar ao rapaz agora que sua sexualidade se tornou pública. Foi bom ver que, nesse momento, seus agentes estão do seu lado (“Lito, você ainda é nosso garoto.” <3) e que sua relação com Hernando e Dani está mais forte do que nunca (mal posso esperar pra ver os 3 na banheira do novo apartamento). Ele vai precisar do apoio e da força deles pra enfrentar o que com certeza está chegando.
A trama de Wolfie e seu novo papel na guerra entre gangues foi algo que reapareceu, mas com um diferencial inesperado: A presença de Lila, uma mulher que descobrimos da forma mais… sexy possível que pertence a outro cluster. Tirando Jonas, é a primeira vez que a série mostra realmente alguém pertencente a outro grupo (no mesmo episódio em que descobrimos que existem milhares, vejam só) e sua interação com Wolfgang durante o “jantar de negócios” foi bem… interessante. Antes dele perceber, ela já notou que ele era um sensate e brincou com isso, fazendo aquele jogo sexual e mental com o jovem, que entrou muito bem na história e conseguiu contornar toda a situação. Como essa nova parceria vai seguir e como Kala vai reagir a isso é algo que tô bem curioso pra ver.
Especialmente agora que ganhamos muito mais informações a respeito da mitologia da série. Graças a Jonas, sabemos que qualquer gênero pode ser um pai/mãe de um cluster e não apenas mulheres, algo bem bacana (e que faz todo sentido dentro da proposta da série) e que o número de grupos tem aumentado de uma maneira alarmante nos últimos tempos, embora a predisposição para o nascimento de um sensate ainda seja uma combinação de fatores genéticos. Não dá pra saber ainda como isso vai afetar de fato a trama, mas certamente alguma diferença fará. E ganhamos também mais perguntas, claro. Se o pai de Jonas tinha 80 filhos, quantos Angélica tem? E esse Raoul, o último conhecido por Jonas e que descobrimos que se envolveu com Lito no passado? Onde ele entrará na trama? Porque certamente não é algo aleatório que foi simplesmente jogado pra dizer que Jonas conhecia outros filhos de Angélica e que Lito teve um caso com um deles. Bem como o tal do Todd, citado por Jonas como o único do primeiro grupo de Angélica que não aceitava bem ser um sensate…
A conversa de Will com Croome no final também é muito elucidativa. Eu fiquei o tempo todo me perguntando até onde dava pra confiar no que ele falava, sobre nem todos na OPB serem pessoas más e sobre existirem pessoas realmente boas que queriam apenas fazer com que a empresa voltasse a seu propósito original (que, segundo o próprio, é seguir a ideia de que homo sapiens e homo sensorius são importantes um pro outro e que é preciso o equilíbrio), mas no momento em que Sussurros aparece e o mata, fica claro de que, por menor que seja, existe alguma verdade no que Croome dizia. Existe uma guerra interna dentro da OPB e Sussurros, como já esperado, parece fazer parte da classe mais radical, que quer a erradicação dos sensates.
É mais um ponto interessante a ser discutido na temporada, que está apenas começando.
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