Eis que finalmente chega o esperadíssimo episódio de Sense8 com cenas da parada Gay de São Paulo! E não foi qualquer episódio, Isolated above, Connected below foi um dos melhores episódios dessa temporada, que só na sua primeira metade, já se mostrou bem superior à anterior.
A rave da Riley no episódio passado que me perdoe, mas o grande evento deste ano só podia mesmo acontecer em solo brasileiro. Lito teve a homossexualidade exposta de forma clandestina ao ver sua intimidade vazada na internet, e apesar dos comentários e das consequências terem atingido a sua vida como uma avalanche, ele nunca tinha tido a chance de falar sobre o assunto. Lito tornou-se um ícone gay, convidado para um dos maiores eventos do gênero no mundo, sem ter sequer se posicionado como um homem gay. E é importante entender que levantar uma bandeira, seja ela qual for, não é obrigação de ninguém. Lito, ou qualquer pessoa, tinha o direito de permanecer calado se assim desejasse. Às vezes apenas ser o que você é, já é um ato de resistência política, e carregar esse fardo não é uma tarefa fácil.
Por isso foi tão emblemático e tão bonito vê-lo fazer seu discurso de aceitação com alegria, orgulho, e rodeado de pessoas que o amavam e admiravam. Lito pegou o peso que foi jogado sobre suas costas e transformou em asas que o libertaram de uma prisão em que ele se manteve durante a vida inteira. Foi um momento de celebrar, de se conectar com seus semelhantes – e não me refiro apenas ao grupo, mas a toda a comunidade LGBT, que também é, de certa forma, um arquipélago de indivíduos isolados na superfície e conectados no fundo. É claro que a luta de Lito está apenas começando, mas dar este primeiro passo foi um ato de coragem que muda completamente quem ele é aos olhos do mundo.
Outro ponto alto do episódio foi o encontro de Riley e Hoy. Mais uma vez fica claro que ela e Will encabeçam a maioria dos plots envolvendo o desenvolvimento da trama principal, enquanto os outros personagens estão mais focados em plots individuais ou auxiliando uns aos outros com suas habilidades. O lado bom é que a DJ ganhou contornos mais solares nesta segunda temporada. Se antes era difícil aguentar tanta apatia e sofrimento, agora já dá pra se divertir vendo as suas interações com os novos sensates, como Puck e Hoy. Especialmente o segundo, que é um personagem adorável, com uma história interessantíssima e deu diversas respostas sobre a rede de contatos e sobre a conexão que existe entre os membros daquela espécie.
Nomi já começou a aproveitar os benefícios da sua morte eletrônica voltando para o antigo flat e aceitando o convite para ser madrinha de casamento da irmã, mesmo contra a vontade do resto da família. Ela é acusada de narcisismo e de tentar sempre roubar a atenção para si, mas essa é uma percepção que em geral se tem de qualquer pessoa fora do padrão. Um casal cisgênero heterossexual andando de mãos dadas na rua não é percebido com estranhamento, mas um casal homoafetivo fazendo exatamente a mesma coisa recebe uma enxurrada de reprovações e até agressões. Nomi não é narcisista. Ela está apenas existindo e lutando pela própria sobrevivência.
Para completar o clima positivo do episódio, vimos o amor se manifestando de muitas formas. O início do namoro de Capheus – e a descoberta de que sua mãe também encontrou um novo parceiro, depois de tanto tempo e apesar da sua doença. A primeira vez de Kala e Wolfgang, que inundou tudo na piscina e na minha casa… mas que veio seguida de um balde de água fria com as relutâncias da indiana. Isolated above, Connected below foi um daqueles episódios que você assiste com um sorriso no rosto o tempo todo, e só no final jogou a realidade de volta na nossa cara com a revelação de que Angelica foi responsável pela morte de Raoul.
Algumas observações:
– Já imaginava que Lila era perigosíssima, mas aquele massacre me pegou de surpresa mesmo.
– Vou ficar com saudade do catioríneo da Sun.
– Capheus conhece o mundo todo pela sua consciência, enfrenta super vilões, mas fica chocado mesmo é com o funcionamento da cafeteira.
– Já repararam que em Sense8, assim como nas fanfics lacradoras do Facebook, toda grande cena termina com “e todos aplaudiram”?
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