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Séries com protagonistas negros de 2017

Por: em 25 de novembro de 2017

Séries com protagonistas negros de 2017

Por: em

Aqui no Brasil, novembro é o mês adotado para falar sobre racismo. A quantidade de pessoas negras estampando capas de revistas, dando entrevistas e sendo convidadas para participar de mesas de discussões sempre aumenta no mês da consciência negra. Mas visibilidade negra apenas em um momento específico não é o bastante para promover uma verdadeira inclusão. A luta contra o racismo deve ser diária e usar todos os mecanismos disponíveis como arma, inclusive o entretenimento.

Séries de TV, além da função básica de divertir e atrair audiência, têm o poder de influenciar comportamentos, incentivar debates, criar novas referências e atingir públicos diversos ao redor do mundo. Criar narrativas protagonizadas por atores negros é uma forma de fazer com que o público passe a enxerga-los como… pessoas.

Bem, isso deveria ser o básico. Mas o comum é que antes que se enxergue uma pessoa, sempre se enxergue um negro – com todos os estereótipos, preconceitos, vulnerabilidades e estatísticas cruéis que essa identidade carrega. Ações afirmativas e legislação adequada são a base de qualquer mudança neste sentido, mas a influência da TV não pode ser ignorada. Por isso, é tão importante o movimento que temos visto de valorização das narrativas centradas em personagens negros no mainstream.

Nos últimos anos, séries como Empire, Scandal, How to Get Away with Murder, Black-ish e Atlanta foram reconhecidas pelo público e pela crítica especializada, registrando não apenas excelentes índices de audiência, como também rendendo indicações e premiações históricas aos artistas e roteiristas envolvidos nas produções.

Confira algumas séries que estrearam em 2017 e foram protagonizadas por atores e atrizes negras.

Star Trek: Discovery

Divulgação CBS

Já em sua versão original, Star Trek trazia a tenente Uhura na tripulação da Enterprise. Uma personagem simbolicamente importante para muitas mulheres negras fãs de ficção científica que encontravam tão pouca representação no gênero. Star Trek: Discovery deu um passo adiante e colocou Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) no centro da narrativa. A questão racial não é tema direto de discussão dentro da série, até porque eles vivem em uma realidade em que o racismo já teria sido superado pela humanidade. Mas os espectadores, que vivem em 2017 e ainda têm muito a evoluir até esse ponto, uma mulher negra protagonizando uma série icônica de sci-fi é um grande passo.

Cara Gente Branca

Divulgação Netflix

Dear White People, por sua vez, chama para si o peso da discussão racial em todos os níveis. Fala de racismo estrutural, resistência, genocídio da população negra, segregação nas universidades, padrões de beleza excludentes, colorismo, relacionamentos interraciais e mais uma série de temas ligados ao movimento negro. É uma comédia que serve mais para fazer o público rever seus conceitos que para rir. Sam White é a principal condutora da história, e quase todos os personagens centrais são negros.

American Gods

Reprodução Starz

Um dos grandes sucessos do ano, American Gods é baseada na obra literária de Neil Gaiman. Na obra original, fica claro que o protagonista, Shadow, é um homem de pele escura, mas Bryan Fuller e Rick Whittle já declararam que não foi um processo simples para a emissora escalar um ator afro-americano para o papel. Felizmente, a diversidade étnica acabou sendo levada em consideração, o que livrou os Deuses Americanos da TV de passarem o mesmo vexame que os Deuses do Egito nos cinemas.

24: Legacy

Divulgaçao Fox

Assim como Star Trek: Discovery, 24: Legacy tinha a responsabilidade de trazer de volta uma série já querida pelo público. Substituir Jack Bauer não parecia uma tarefa fácil, ainda mais para um protagonista negro em uma série que sempre se apoiou nos estereótipos do heroísmo patriota americano. Corey Hawkins até se esforçou, e não dá para negar que a Fox fez um esforço para emplacar o remake (uma estreia na noite do Super Bowl é o que podemos chamar de grande aposta), mas não rolou. A audiência foi ruim, as críticas, piores, e Legacy acabou cancelada em sua primeira temporada mesmo.


Estatisticamente, o caminho a percorrer ainda é longo até a TV se tornar de fato democrática, igualitária e uma ferramenta eficiente de inclusão. Dezenas de séries estrearam em 2017 nos canais abertos, fechados e serviços de streaming, e a quantidade de produções protagonizadas por negros se torna ínfima comparada ao volume total das estreias do ano.

Mas as mudanças já são visíveis. Séries protagonizadas por negros não são mais apenas um nicho de televisão. As narrativas estão cada vez mais diversas, com alternativas aos clássicos cenários de gueto, prisão ou senzala que a dramaturgia nos reservava. Faz parte da consciência negra – seja no seu dia, no seu mês ou em qualquer período do ano – ocupar novos espaços e exigir melhores representações em todas as esferas, inclusive a do entretenimento.


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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