Confesso que nunca fui fã do humor britânico, cheio de excentricidade, humor negro exagerado, ironia e a arte de colocar personagens em situações embaraçosas o tempo todo, algo que várias comédias americanas vem fazendo hoje em dia. Quando fiquei sabendo de Friday Night Dinner só resolvi assistir por Tamsin Greig, conhecida atualmente pela série Episodes do Showtime, e por incrível que pareça, a personagem que mais gosto na nova empreitada de Matt LeBlanc. Hoje, depois de ter visto o piloto, não me arrependo, e mesmo a série não sendo nada brilhante, sabe fazer rir.
Friday Night Dinner é a nova série do canal inglês Channel 4, que após o término de The Inbetweeners (produzida pelo canal E4, mas também exibida no Channel 4), precisava de uma nova comédia para emplacar com outras séries famosas como The IT Crowd e Peep Show. A história é sobre a família Goodman, que mesmo sendo judaica, não segue fielmente nenhum das tradições da religião, a não ser pela famosa janta de sexta-feira à noite. É quando os irmãos Adam e Jonny seguem para a casa dos pais para ter uma deliciosa e hilária refeição. Não encontrei nenhuma nota oficial sobre isso, mas alguns críticos dizem que o piloto exibido era originalmente para ir ao ar como o segundo episódio, por isso algumas coisas não ficaram bem explicadas. Caso seja verdade, reforçaria o fato de que em nenhum momento nesse piloto foi dito algo sobre judaísmo, nem muita coisa sobre a forma de vida dos garotos.
Adam e Jonny adoram provocar e pregar peças um ao outro. Adam é o mais velho, tentando uma carreira de músico, mas que não está indo nada bem. Seu pai vive perguntando sobre garotas, mas Adam não sabe o que responder, porque sua vida sentimental também não vai para frente. Jonny tem uma carreira mais bem sucedida como corretor de seguros, mas vive sendo questionado sobre sua namorada Alison, a qual ele nunca apresentou a ninguém. Os dois até gostam de visitar os pais toda sexta feira, mas adorariam se as visitas fossem simplesmente jantar e ir embora, o que é impossível quando se tem pais como Jackie e Martin.
A mãe é entusiasmada, adora cozinhar e assistir seu programa favorito MasterChef. Implica com o marido todo o tempo e tenta deixar os filhos confortáveis em casa, além de querer passar mais tempo com eles. Já Martin, não faz por menos, usa seu problema de audição para fingir não escutar a esposa e é realmente excêntrico, comendo coisas do lixo e não entendendo nada do universo juvenil atual como um simples high five. Além disso, temos o vizinho Jim, um cara bem estranho que vive andando com seu cachorro Wilson, do qual ele mesmo morre de medo, e inventa qualquer desculpa para ir a casa dos Goodman, porque visivelmente tem uma queda por Jackie.
Cada episódio mostra uma sexta feira da vida dos Goodman com a visita dos filhos para o jantar. Para a primeira temporada foram encomendados 6 episódios, como de costume das séries inglesas. A aposta foi alta, sem nem mesmo testarem a audiência do piloto antes de encomendarem a temporada completa. Porém, foram bem recebidos com 2,2 milhões de telespectadores em seu primeiro episódio. A série é divertida, não posso mentir, e até os momentos embaraçosos e de vergonha alheia foram bem feitos. As situações as quais a família é exposta são muito engraçadas, mas como comentei, a série não tem nenhum elemento que difere mesmo de qualquer outra sitcom inglesa.
Quanto aos atores, novamente Tamsin Greig fez bonito e está hilária como a mãe Jackie, uma personagem muito mais divertida do que a séria Beverly de Episodes. Paul Ritter é o pai Martin, um ator não muito conhecido mas que não deixa por menos e está estranhamente engraçado. O nome mais famoso é Simon Bird, um dos atores principais de The Inbetweeners que faz o irmão Adam. Já Jonny é interpretado por Tom Rosenthal, outro ator novato. O que eu não esperava era que os pais se saíssem personagens bem mais interessantes que os filhos, cujos atores não estiveram tão bem assim. Mark Heap está genial como o vizinho Jim, e o ator deve ser conhecido pelos fãs da série Lark Rise to Candleford.
No geral, apesar de algumas piadas sem graça, Friday Night Dinner tem sim potencial com seus atores e situações embaraçosas impossíveis de não rir. Vale a pena assistir o piloto para ter uma noção básica do humor da série. Eu com certeza verei o segundo episódio, até porque é muito complicado julgar uma comédia assim de cara. Com melhoras, não duvido que encontre minha nova tradição com Friday Night Dinner.
