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Happy Endings

Por: em 17 de abril de 2011

Happy Endings

Por: em

Seria muito bom poder falar bem de Happy Endings. Uma comédia romântica sobre amigos que moram em uma grande cidade dos Estados Unidos: quais as chances de dar errado? Tivemos Friends, temos How I Met Your Mother, não deve ser tão difícil criar uma série assim, certo? Errado. Happy Endings vem pra mostrar tudo que pode dar errado em uma fórmula tão simples como essa.

Dois anos atrás, só um telespectador com muita boa vontade confiaria nas comédias da ABC. Até que a emissora nos brindou com Modern Family, e toda a nossa certeza sobre a incapacidade da ABC de produzir comédias caiu por terra. Desde então, não dá pra dizer que a emissora se redimiu completamente… Há os defensores de Cougar Town, The Middle e até mesmo da mais recente Mr. Sunshine, mas nada que justificasse a crença de que Happy Endings era uma boa aposta.  E digo isso principalmente para uma pessoa: eu.

Tudo apontava para o fracasso. Os nomes envolvidos com o projeto, o adiamento da estreia e até mesmo o horário escolhido para a série: onze horas da noite. Embora o elenco de desconhecidos não fosse nenhuma novidade, um nome com certeza espantava no projeto: Elisha Cuthbert, a linda e inexpressiva filha de Jack Bauer.  Já o criador da série, David Craspe, é o responsável por… Segundo o IMDb, absolutamente nada. Ok, é um pensamento preconceituoso, as pessoas têm que começar por algum lugar. Pois agora só resta dizer que David Craspe não começou muito bem. A série também teve a sua estreia adiada algumas vezes, sendo jogada, sem muito critério, para o final da fall season. O que, convenhamos, nunca é um bom sinal. Por fim, seu horário. Na quarta-feira, dia em que alguns canais exibem suas comédias, Happy Endings só vai ao ar às onze, quando todos os outros canais já exibem programas diferentes. Ou seja: está nos Estados Unidos, vendo tv às onze da noite e quer rir? Tirando o Tivo, sua única opção é Happy Endings. Pensando bem, não lhe resta opção alguma, já que é quase impossível soltar o menor riso com a série.

Mas o que leva Happy Endings a ser tão ruim? Difícil dizer. Talvez seja a fórmula requentada, ou os cortes excessivos que  dão a sensação de que a série é mais longa do que realmente é, ou, quem sabe, a inexpressividade do elenco? Se bem que é difícil chamar de inexpressivo um elenco tão, por tantas vezes, caricato. Penny (Casey Wilson) é tão estereotipada que chega a soar ridícula como uma balzaquiana fora de forma e desprovida de noção. O casal Brad (Damon Wayans Jr.) e Jane (Eliza Coupe, ou seria a Mirella?) talvez representem o que há de mais ridículo em um casal que está junto há anos, vivendo em uma realidade paralela, tomando plâncton e mentindo um para o outro. E o que dizer de Max (Adam Pally)? O cara parece não passar de um Barney inspirado no próprio Neil Patrick Harris que, na vida real, assim como Max, é gay.  Por fim, aquele que deveria ser o cara mais carismático da série, Dave (Zachary Knighton), é a cereja do bolo, protagonizando ao lado de Alex (Elisha Cuthbert) uma das cenas mais constrangedoras de 2011 ao comparar sua ex-noiva ao Predador, fazendo a mesma piada ridícula do tererê no cabelo, que, em 2004, já não tinha a menor graça em Friends e que, em 2007, continuou sem graça em HIMYM.

A única cena da série que parece mostrar algum potencial é a do jantar de aniversário de Penny, quando todos os protagonistas têm, finalmente, a chance de contracenar uma sequência inteira e dar algum resquício de vida (e dignidade) aos seus personagens. Claro, a dignidade recém adquirida não dura muito e tudo vai por água abaixo quando Penny, aparentemente uma adulta de 30 anos com o temperamento de uma menina do ginásio, pega as velas com os números “3” e “0” e enfia no seu bolo de aniversário.

Mas se você chegou até aqui sem ter visto a série, um conselho: assista. É sempre bom ver séries ruins como essa pra nos lembrarmos de quão boas são as que já fazem parte da nossa rotina e que, muitas vezes, acabamos não dando tanto valor. Qualquer série que você assista vai parecer muito melhor quando o piloto de Happy Endings terminar.

Até a foto de divulgação consegue ser ruim.

P.S. Mas faça como eu e assista apenas o primeiro episódio. A ABC exibiu os dois primeiros juntos, mas se você já não gostou do piloto, então não precisa perder mais 20 minutos da sua vida com isso.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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