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Show Me a Hero – 1×03 e 1×04 Parte 3 e Parte 4

Por: em 26 de agosto de 2015

Show Me a Hero – 1×03 e 1×04 Parte 3 e Parte 4

Por: em

A cada episódio de Show me a Hero, percebemos que Yonkers é mesmo uma cidade partida. Se de um lado observamos o conflituoso universo político, representado majoritariamente pela parcela branca da sociedade americana, por outro lado observamos o difícil cotidiano do subúrbio, onde a maioria negra divide o espaço da cidade com a população latina e imigrante. Após as determinações do juiz Leonard Sand, o clima político tenso de Yonkers faz com que a popularidade do baby mayor Nick Wasicsko fique bastante abalada.  A terceira parte de Show me a Hero apresenta o jovem prefeito em maus lençóis, sem o apoio da classe média branca de Yonkers, ele busca incansavelmente o apoio de seus pares na câmara e o cumprimento das determinações legais da corte federal americana. Tudo indica que essa postura política de Wasicsko é muito mais uma tentativa de mediar o jogo político do que uma postura consciente em relação às questões sociais da cidade.

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Enquanto na East Yonkers, onde vive a classe média branca, a insatisfação com o governo de Wasicsko aumenta, no lado negro dos conjuntos habitacionais de baixa renda, os conflitos políticos parecem não alcançar o difícil ritmo cotidiano. A realidade de Carmen Febles, dominicana e mãe de três filhos, as dificuldades que Norma O’Neal enfrenta com a cegueira iminente e o descaso em que se encontra Doreen Henderson e seu bebê deixam evidente a ausência de apoio do governo. É nesse contexto que somos apresentados a um universo social com polos desconectados e que, considerando as manifestações da privilegiada parcela branca de Yonkers, pretende continuar assim.You shoudn’t take people with one lifestyle and put them smack in the middle of a place with a different lifestyle”, é assim que Mary Dorman, a principal representante da população abastada, acaba confirmando a verdadeira motivação da insatisfação popular. Além das justificativas econômicas e imobiliárias, o discurso de Mary deixa claro o medo e a ansiedade de manter afastada a violência, o tráfico de drogas e a pobreza.

O clamor popular liderado por Dornan, ganha voz entre os vereadores. O político Hank Spallone, que rejeita veementemente as determinações do juiz Sand, aparece como o principal oponente de Wasicsko e como novo candidato à prefeito de Yonkers. O jovem prefeito que tenta equilibrar a tensão política com o pacífico relacionamento com Nay Noe enfrenta a onda de impopularidade com certo vigor, apesar da nuance fragilizada que deixa entrever em sua vida pessoal. “Justice is not about popularity” e assim Wasicsko inicial a quarta parte da minissérie sendo derrotado pelo oponente e agora popular Spallone. “Show me a hero and I’ll write you a tragedy”, o jovem ex-prefeito paga o preço pelas tentativas de cumprir a lei e salvar a cidade das taxações legais impostas por Sand, nesse momento ainda não podemos saber quem é o herói de Yonkers ou mesmo se há um herói.

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A quarta parte de Show me a Hero é de algumas reviravoltas no cenário político e também na vida da latina Carmen que reencontra seus filhos depois do seu retorno solitário a Nova York, de Billie Rowan, que logo depois de abandonar a escola engravida do seu novo namorado e Doreen que em meio as dificuldades com seu bebê começa a se envolver com drogas. O dialogo entre Norma e sua amiga Pat Williams,  apresenta também um novo posicionamento da parcela negra de Yonkers que, antes alheio às questões das novas casas populares, começa a se envolver nas questões políticas e na luta pela construção dos conjuntos habitacionais populares –  Pat se pergunta: “How come the only people talking about this damn housing thing are white?”. Em suas manifestações lembram que não há justiça, sem paz, mas a postura resistente de Norma em relação às novidades político-sociais não deixam o espectador esquecer a desigualdade social, o não reconhecimento e a marginalização imposta à população negra e pobre nova iorquina. Afinal de contas, porque reivindicar um espaço onde não são bem-vindos?

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Após a determinação da Suprema Corte americana favorável ao inicio imediato das construções e do reconhecimento político de Wasicsko, que é finalista na premiação John F.Kennedy Profile in courage Award, o jovem ex-prefeito considera competir nas próximas eleições e tentar sua reeleição. A quarta parte de Show me a Hero termina com o inicio das obras e também com os ânimos sociais inflamados, já que, se por um lado, a parte marginalizada de Yonkers parece começar a reivindicar seu direito à moradia, a classe média branca prossegue agressiva e insatisfeita com as políticas de integração social.


Natasha Mastrangelo

Historiadora e feminista por natureza. Meio Frances Ha, meio Kat Stratford. Não vive sem queijo, batata e Toddynho.

Rio de Janeiro

Série Favorita: Skins

Não assiste de jeito nenhum: Arrow

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