Spartacus começou ambiciosa, fato!! Um mês antes da estreia oficial foi anunciada a renovação da série para uma segunda temporada, algo bem raro, ainda mais em um canal sem fama no mercado de séries como é o Starz. Quando vazaram os dois primeiros episódios, corri para assistir e escrever as primeiras impressões para o Apaixonados por Séries. Achei fraco, muito fraco e parei no piloto. Hoje, mais de um ano depois, não poderia estar mais errado!!
A verdade é que Spartacus: Blood and Sand é uma série muito boa. É daquelas que melhoram com o tempo. O piloto é fraco, o segundo ok e a partir do terceiro, a série parece resolver os erros cometidos e prender o telespectador episódio após episódio, culminando em uma season finale sensacional, cheia dos elementos famosos da série: sangue, sexo e ousadia. Para falar a verdade, muito do sangue, por vezes demasiado falso, me incomoda, mas muito pouco. No piloto, a série abusou desses recursos, começando com muita câmera lenta, muito sangue falso e já tentando causar com nu frontal feminino. As atuações eram fracas e a história não impressionava. Mas não foram só os roteiristas que aprenderam com os erros e melhoraram absurdamente seu roteiro; a direção e intepretação dos atores evoluíram consideravelmente na maioria dos casos. Depois de assistir a 1ª temporada completa posso falar de boca cheia: Spartacus não é só sangue e sexo. É uma série que sabe contar uma boa história, nos prender em tramas cheias de desconfiança e reviravoltas e colocou o pequeno canal a cabo Starz em evidência pela primeira vez em sua história.
Mas sobre o que é a série? Spartacus, ou Espártaco aqui no Brasil, foi um trácio que após se rebelar contra um poderoso general do exército romano, é levado para ser sacrificado em uma arena de gladiadores. Lá, Spartacus chama a atenção do ambicioso Batiatus, dono de um ludus (escola de gladiadores), por quem é comprado, treinado e se transforma no campeão de Cápua. O mais importante na vida de Spartacus é a grande revolta que ele lidera contra os romanos que ficou conhecida como Terceira Guerra Servil, mas a série, em sua primeira temporada, se preocupa em preparar, e muito bem obrigado, o terreno dos motivos de Spartacus se rebelar. A Guerra Servil será palco para a segunda temporada da séria que deve estrear em 2012, e os motivos da demora explico mais abaixo.
Durante essa primeira temporada vamos conhecendo Spartacus, como ele foi parar em Cápua para se tornar gladiador e toda sua evolução de um simples trácio até o campeão das arenas. Conhecemos toda a trama muito bem feita das ambições de Batiatus e de sua, não menos ambiciosa, esposa Lucretia, que gosta de se aproveitar de amigas mais poderosas, como a romana Ilithya, esposa do general romano que aprisionou Spartacus. Somos levados a lutar junto dele para ganhar a tão sonhada liberdade e poder voltar para os braços da amada esposa Sura, que foi vendida como escrava. O fantástico da série é que ela não para aí. Não tem como não se apaixonar por outros personagens dessa grande teia de poder e sedução. Conhecemos Doctore, o treinador dos gladiadores cujo nome é Oenomaus; o atual vencedor de Cápua, Crixus, inimigo mortal de Spartacus; Naevia, a escrava mais leal de Lucretia que esconde muitos segredos de sua Domina; Barca, outro gladiador, de bom coração, o qual pertence ao pequeno escravo Pietros; Ashur, ex-gladiador que agora serve seu Dominus Batiatus como ajudante nas perigosas empreitadas contra seus inimigos, entre eles Solonius, o magistrado Calavius, Ovidius e muitos outros. Outro personagem que chama atenção é Varro, um novo gladiador, assim como Spartacus, que se transforma em seu melhor amigo e confidente, que está lá para pagar suas dívidas e voltar para a esposa Aurelia.
Com todos esses personagens e os cenários (poucos, é verdade) de Cápua, somos levados a acompanhar a evolução de Spartacus e as tramas de cada peão e rei nesse tabuleiro. Os efeitos especiais são ótimos para uma série de TV e a ambientação foi muito bem feita, mostrando muito bem os jogos políticos da Roma antiga. Cuidados com figurino e fatos históricos foram mantidos (apesar de algumas poucas diferenças). Claro, Spartacus: Blood and Sand abusa de sangue, sexo, nu frontal masculino e feminino, linguajar de baixo calão, mas isso tudo são apenas elementos adicionais em uma história muito bem contada. Como comentei, a atuação dos atores melhorou bastante. Tive certa vergonha alheia da interpretação de Andy Whitfield, astro da série, no piloto. Porém, com o passar dos episódios, Whitfield evoluiu tanto, que se tornou, facilmente, a alma do seriado, conseguindo transparecer muito bem todos os sentimentos e conflitos de sua vida. Lucy Lawless, a eterna Xena, é outra que dá show como Lucretia, que em cena com Viva Bianca, a Ilithya, fica ainda melhor. John Hannah, o Batiatus, é provavelmente o membro mais fraco do elenco, cuja atuação é bastante caricata.
Em Março de 2010 foi anunciado que as gravações da segunda temporada de Spartacus seriam adiadas após a descoberta de um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer sanguíneo, no astro Andy Whitfield. Com isso, o canal Starz tomou uma decisão arriscada que acabou sendo muito bem sucedida: a produção de uma minissérie prequel, ou seja, que contaria histórias anteriores as mostradas na primeira temporada, intitulada Spartacus: Gods of the Arena. Por ser prequel, a trama da minissérie seria contada antes da chegada de Spartacus em Cápua, e o ator poderia remeter-se ao tratamento sem prejudicar as gravações. A minissérie está atualmente em exibição e seus primeiros episódios foram excelentes. Está sendo muito gratificante conhecer a vida anterior dos personagens e os roteiristas estão tendo um cuidado extremo para não existirem conflitos com os fatos já contados.
Já recuperado do linfoma, em Junho do ano passado, Whitfield retornaria para as gravações da 2ª temporada, porém, em Setembro, seu câncer voltou e o ator decidiu se afastar da série. Muito se especulou sobre o futuro de Spartacus: Blood and Sand, ainda mais depois do sucesso estrondoso para o canal Starz. Whitfield deu sua bênção para os roteiristas escalarem outro ator para interpretar Spartacus e mês passado, o ator Liam McIntyre foi escolhido e já está em treinamento para as gravações. Para nós fãs, confesso que será muito difícil ver outro ator no papel de Spartacus, já que Whitfield se tornou a alma do seriado. Ficamos na torcida para que o ator se recupere e que McIntyre faça um ótimo trabalho na continuação dessa série que merece ser assistida.
Se você ainda tinha alguma dúvida, não tenha mais. Se gosta dos elementos que comentei acima, veja Spartacus: Blood and Sand e tenho certeza que não ficará decepcionado.
