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Stitchers

Por: em 3 de junho de 2015

Stitchers

Por: em

Iniciar uma série não costuma ser tarefa fácil. É preciso introduzir tramas e personagens, indicar qual será o tom do show e, acima de tudo, fazer com que o público se interesse por tudo o que lhe foi apresentado, o deixando com um gostinho de quero mais. Nem sempre um piloto consegue cumprir bem esses papéis, mas um começo ruim não quer dizer que não exista esperança. Muitas séries conseguem se recuperar de inícios desastrosos e seguir um caminho de muita dignidade e várias temporadas. Ainda assim, um começo ruim ainda é um começo ruim e é sobre primeiras impressões que falaremos aqui. As minhas em relação a Stitchers não poderiam ser piores, mas vamos com calma.

Stitchers-Kirsten
Stitchers é a mais nova tentativa de ficção científica da ABC Family, criada por Jeffrey Alan Schechter. Acompanha Kirsten (Emma Ishta), uma jovem brilhante com displasia temporal – condição que a faz não ter nenhuma noção de tempo e emoções. A moça acaba sendo recrutada por uma organização secreta do governo para “entrar” na mente de pessoas mortas, acessando suas memórias, e ajudando na resolução de crimes.

A premissa é interessante e, apesar das várias comparações com iZombie, a série consegue estabelecer acontecimentos e narrativas diferentes da história da zumbi. O grande problema reside no fato do episódio não convencer. Tudo soa forçado, artificial e parece acontecer rápido demais e, ainda que as explicações sejam ágeis (podendo deixar os mais distraídos confusos) e as situações se resolvam mais facilmente do que deveriam, o piloto se arrasta. O ritmo é lento e os primeiros minutos são quase uma tortura. Mesmo quando a trama engrenou, me peguei contando os segundos para aquilo acabar.

Stitchers-Cameron e Kirsten

Ainda assim, creio que os personagens sejam o principal problema. Não consegui simpatizar verdadeiramente com nenhum deles e o que vemos é uma coleção de clichês mal interpretados. Kirsten é praticamente um Sheldon Cooper de saias, um pouco mais impulsiva e sem um décimo do carisma do físico, além de incrivelmente antipática. A atriz não convence no papel e sua constante expressão de tédio me deu sono. De qualquer forma, nada se compara a suas caras e bocas na primeira vez que “entra” nas memórias de alguém e ao seu ataque de pânico. A cena foi tão vergonha alheia, que me arrancou risadas.

Como par romântico da moça já ficou claro que está Cameron (Kyle Harris), um neurocientista, extremamente inteligente e cheio de referências nerds. Tinha tudo para ser um ótimo personagem e conquistar o carinho do público, mas lhe falta algo. Em algumas cenas parece travado e forçado e os apelidinhos (nenhum pouco engraçados) que insiste em dar a Kirsten são irritantes. Ainda assim, é o personagem mais simpático da série e o único que conseguiu me interessar minimamente.

Stitchers - Kirsten

Seguindo a linha dos personagens clichês, temos Linus (Ritesh Rajan), que promete ser o nerd metido a engraçadinho e que não leva nada a sério. Sim, todo mundo é meio nerd nessa série! Linus não chegou a me desagradar, apenas não teve espaço suficiente para mostrar a que veio.Há ainda, Camille (Allison Scagliotti) a roommate bitch de Kirsten, que protagonizou a cena mais tosca do episódio.

Nesse caso, nem culpo a atriz, mas sim o roteiro, afinal se alguém te diz que consegue “acessar” as memórias de pessoas mortas você dificilmente acreditaria nisso tão facilmente como a garota. Aliás, algo que me incomodou muito foi a forma como as pessoas supostamente muito inteligentes aceitam com naturalidade e quase não questionam o que acontece ao seu redor. Fechando o time de personagens, temos Maggie (Salli Richardson) como a chefe misteriosa da organização, de quem ainda não se sabe muito, e Quincy Fisher (Damon Dayoub), um detetive que claramente desconfia da protagonista.

Stitchers-A-Stitch-in-Time-12-550x367

De toda forma, nem só de problemas vive Stitchers. A última cena conseguiu chamar a atenção e despertar levemente a curiosidade. O fato das cenas dentro das memórias terem a imagem borrada e pouco nítida é bem interessante,  conseguindo mostrar como lembranças não são totalmente exatas. Os efeitos especiais também são decentes, talvez não os melhores do mundo, mas não incomodam. Além disso, a série escolheu muito bem a cena inicial e conta com ótimas referências; qualquer um que cite “O Senhor dos Anéis” ganha pelo menos um pouco do meu carinho.

Podemos esperar, então, uma série procedural— seguindo o esquema de crime/morto da semana — com uma premissa interessante e um pouco de mistério e ficção científica,  mas que ainda precisa comer muito arroz com feijão para se tornar verdadeiramente interessante.


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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