Ainda estou tentando digerir tudo que senti ao assitir Faith. O episódio definitivamente foi um dos mais emocionais da série, tudo foi muito carregado e os sentimentos transbordaram da tela. O midseason finale de Suits foi uma verdadeira avalanche de emoções para todo o nosso A-Team da Pearson-Specter-Litt e no momento em que você teve certeza que as coisas, de alguma forma, iriam se acertar, PÁ! Mais um tiro que provavelmente vai nos deixar carecas até o retorno da temporada ano que vem… Duvido que qualquer um de vocês estava esperando aquela cena final.
Mas antes de falar disso, vamos destrinchar os episódios e seus acontecimentos. O foco foi todo em Louis, Jessica e principalmente – é claro – Mike e Harvey. Para descobrir qual seria a melhor forma de sair do impasse em que cada um se encontrava, por seus próprios motivos, todos tiraram um dia inteiro para se redescobrir e encontrar o melhor caminho possível. Faith fez todos realizarem novamente que a coisa mais importante na vida não são os honorários ou os negócios fechados, mas sim que o respeito ao ambiente de trabalho, promessas, família, amigos, colegas e a vida em si, estão acima de tudo.
Desde o Piloto, lá em 2011, já sabíamos que um dia o segredo do Mike viria a tona e quando chegasse esse momento, não haveria nada que ele pudesse fazer para reverter a situação. Ele já ficou na iminência disso algumas vezes, quando Jessica descobriu no final da 1ª temporada ou quando Louis ficou sabendo de tudo no ano passado, mas toda situação foi superada por eles pois Mike se provou indispensável dentro do escritório. Nesses primeiros 10 episódios ele pareceu esquecer que tudo aquilo ali – por mais talentoso que fosse – é algo efêmero, que em algum momento ele iria ter que deixar o seu sonho de ser uma ferramenta da lei para trás.
Toda a situação com Claire e a conversa com Trevor na semana passada o fizeram repensar no que ele estava construindo com Rachel, e como sua permanência na Pearson-Specter-Litt colocaria uma pedra em cima de qualquer plano de futuro do casal. Ele então resolve ir atrás da única pessoa do seu passado à quem ele poderia contar suas preocupações e soubesse de toda sua história.
Ah, como eu amo flashbacks! Com Mike vimos como foi o dia em que ele recebeu a notícia da morte dos pais de sua vó e sua compreensível revolta por isso. Nesse cenário havia uma pessoa muito importante na vida dele que ainda não nos havia sido apresentada – o padre Walker (Scott Michael Campbell), que foi essencial durante a sua infância e complicada adolescência – tudo bem que durante as cenas desta última fase eu só conseguia reparar na peruca horrosa que colocaram no Patrick. rs.
Michael o procurou, depois de tantos anos, com da desculpa de falar sobre seu segredo, mas o buraco era muito mais embaixo. Durante a conversa de Mike com Walker, aprendemos que a ferida de ter perdido os pais ainda continua aberta e que seu maior medo em deixar “tudo” que construiu até então é que ao fazê-lo, Rachel pode deixá-lo. Todos estão sucetíveis ao abandono e até agora, querendo ou não, todos à quem Mike amava o deixaram.
O que eu gostei muito dessa nova dinâmica é que, mesmo com todas as justificativas dadas por Mike, o padre em nenhum momento acatou a necessidade de Mike continuar mentindo. Desde sempre Mike ganhou a vida mentindo, correto? Vendendo cola, fazendo provas para outras pessoas e por fim, construindo uma brilhante carreira dentro da Pearson-Specter-Litt – chegando longe demais. Mike já teve a chance de fazer carreira fora da mentira na 4ª temporada, mas ele colocou o incômodo do lado e voltou para os braços de Harvey.
Padre Walker finalmente (aleluia) consegue fazer Mike enxergar que, para viver uma vida plena, ele deveria se despir de todas as mentiras, tanto as que ele contou para outras pessoas quanto as que ele repetidamente disse à si próprio. Nos flashbacks vimos ele se desfazendo das valiosas lembranças dos pais, tentando diminuir a dor que a morte deles ainda causava tanto tempo depois. Ele ainda foi rude com a avó e com Parker, que o tutelava tanto na igreja quanto na escola, ao devolver o uniforme que seus pais batalharam para conseguir (pegando o dinheiro de volta). Ao final, toda a importância de colocar a família acima de tudo foi mostrada com os livros que os pais liam para ele quando criança que ainda eram guardados pelo padre. Nesse momento Mike finalmente jogou sua armadura fora.
A cena foi bem bonita. Aqueles livros na prateleira, persistindo juntos apesar do tempo, representavam a família de Mike e eram tudo o que ele tinha deles agora. Por mais que ele tivesse perdido a esperança de ter uma família – seus pais, avó e o padre, ainda confiavam que ele poderia reencontrar essa crença novamente. Naquele momento a decisão sobre seu futuro com Rachel estava tomada…
Nós também nos fartamos com flashbacks envolvendo a família de Harvey. Eles aconteceram em paralelo as sessões com a Dra. Paula, onde ele esperava conseguir uma resposta sobre o ultimato dado por Forstman em Uninvited Guests: Se demitir ou não, isto é, abrir mão de algo em benefício de alguém. O drama com a traição da sua mãe também envolveu um dilema do tipo. Se Hitting Home vimos ele criança, completamente inocente e alheio ao que estava realmente acontecendo, agora temos ele com a vida da sua família nas mãos.
MUITO legal ter a chance de ver a família Specter e finalmente conhecer o pai de Harvey, Gordon (interpretado pelo ótimo James McCaffrey). Todo o conflito interno dentro de Harvey sobre expor ou não a verdade foi muito bem retrado por Gabriel Macht. Ele, por algum tempo, tentou manter aquilo para si, mas a mentira nunca foi seu forte. Harvey – diferentemente de Mike – sempre foi a definição de sinceridade e só se segurou por se tratar de alguém que amava tanto.
A cena em que o pai o confronta no ring de boxe foi muito intensa. Gordon levou uma porrada, tanto física quanto emocional, ao fazer o filho confessar o caso da mãe com o tio. Culpado, ele resolveu tirar o time de campo, deixando a casa e a família para trás e indo encontrar uma nova família dentro do seu trabalho. E é aí que está toda a questão: no passado Harvey poderia ter aberto mão do orgulho e do medo de se machucar, para ajudar o irmão, o pai e até – eventualmente – se resolver com a mãe. Mas não, ele preferiu passar por cima daquilo, simplesmente porque ele não queria lidar com aquela situação. Agora, com a sentença de Forstman, ele novamente se encontra em divido entre colocar o bem da Pearson-Specter-Litt acima de si próprio.
O flashback também serviu para mostrar o quanto Jessica sempre foi uma parceira de Harvey e que a nossa rainha já foi casada anteriormente. Algo que obviamente terminou pela sua dedicação ao trabalho, o que explica toda sua ligação com as pessoas dentro daqueles corredores acarpetados como entes de sua própria família, algo que ela assegurou que Harvey encontraria caso trabalhasse com ela.
Enquanto isso, Jessica depois de incansavelmente procurar por Harvey para ajudá-la a encontrar uma forma de reverter a votação, se vê apenas com Louis para ajudá-la. Achei muito legal todas as cenas entre os dois e como ele ficou determinado em se fazer eficiente para a chefe. O problema é que Hardman já estava preparado para colocar Louis no bolso ao ameaçar a empresa de Esther, e foi doloroso ver como aquilo afetou o advogado. Como Donna bem disse, se fosse com qualquer outra pessoa, Louis não exitaria em ajudar Jessica. Por se tratar da irmã ele não pestanejou em agir contra tudo o que ele acreditava, tendo como única saida votar contra ela na reunião – mais uma vez o colocando em um paralelo direto com Harvey.
Faith construiu toda situação brilhantemente. Ver Jessica resignada e emocionada dizendo que aceitaria o que fosse decidido e Louis completamente despedaçado por se ver obrigado a ir contra ela, foi algo muito comovente. Quando Harvey entrou naquela sala, para salvar a pátria, dizendo que o que quer que acontecesse eles sempre seriam uma família, meu coração já estava na mão. Ao mostrar que Forstman havia saido da jogada (e a gente sabendo o que ele fez para conseguir aquilo), Harvey desconcertou todo estratagema de Soloff e Hardman – conseguindo reverter a votação em favor da permanência de Jéssica como gestora do escritório. Uma vitória, pelo menos!
Mas o nosso coração – que ainda não estava com buraquinhos o suficiente – foi posto a prova nas últimas cenas. Que cena linda entre Mike e Harvey foi aquela? Ao aceitar a saída do pupilo, Harvey demonstrou que as suas sessões de terapia com a Dra. Paula surtiram efeito sim – Se fosse a um tempo atrás, ele de certo se viraria no Jiraya, falando sobre abandono etc e etc. Ficou o agradecimento pelas experiências grandiosas que culminou em um belo abraço entre uma das melhores duplas de amigos de todos os tempos. Somando à isso, vimos a derradeira conversa entre Harvey e Jessica. Harvey se viu com o poder de protegê-la pela primeira vez e assim o fez, magistralmente. Ninguém se sacrificou mais pela firma do que ela, inclusive qualquer perspectiva de família. Agora basta saber se a saída de Harvey é definitiva ou não…
A surpresa toda veio com o desfecho de Mike. Depois de informar Rachel sobre sua decisão, quando ambos estão se preparando para sair do escritório para viverem uma nova vida, dois homens aparecem e o prendem! WTF!!! Um perigo que sempre rondou o jovem agora parece ter se concretizado para valer!
Acompanhando o episódio no twitter, diversas outras pessoas tiveram a impressão (ou esperanças) de que as motivações podem ser diferentes da que a gente espera: Ele foi preso com o argumento de “Conspiração para fraude”, não por ser uma fraude ao atuar como advogado ilegalmente. Pode ser que Hardman tenha armado alguma coisa para desastabilizar todos depois de perder o seu poder de barganha na votação dos sócios. Eu realmente espero que isso não se configure. Chegar no 11º episódio para ouvirmos alguém dizer que ele não foi cativo por causa daquela fraude e sim de outra…Digo isso pois o recurso acabaria perdendo a força. Quantas vezes é possível levantar essa essa bola sem pontuar?
Ademais, Levando em consideração as palavras dos agentes – “Conspiração para cometer fraude” – isso se tipificaria por duas ou mais pessoas maquinando para perpetrar um ato ilegal, correto? Se o Mike foi preso por isso, em quem mais a bomba vai decair? Como o nome de Mike Ross chegou as autoridades? Certamente é todo esse drama que permeará boa parte dos 6 episódios quando a temporada retornar em 2016.
Uma coisa que podemos depreender desse Summer Finale é que no final de uma guerra, há sempre outra batalha se armando. E é animador ver que Suits consegue deixar a gente sempre interessado para o que está por vir – e eu espero sobreviver até lá!
Confira a promo do episódio 11, que deve ser exibido no final de janeiro:
E vocês? Como ficou a pressão depois desse episódio? Quais vocês acham que serão as repercussões da demissão de Harvey e da prisão de Mike? Será que o jovem realmente vai começar a pagar por seus crimes ou tudo é uma armação de alguém para desestruturar a firma mais uma vez? Fique a vontade para comentar e complementar a resenha!
Observações:
– Acima de tudo, Faith foi um episódio sobre família:
– Mais uma vez todos os atores estiveram de parabéns pelas suas atuações. Aplausos de pé para Gina Torres, Rick Hoffman, Gabriel Macht e Patrick Adams.
– Gente, por se tratar de uma série que se baseia no drama, não creio que Mike foi preso porque alguma pessoa aleatórea começou a suspeitar dele. Alguém entregou o jovem, basta saber quem e qual o motivo que o fez ser preso.
– Como eu disse na resenha, ninguém conspira sozinho. Segundo a legislação americana, isso acontece quando duas ou mais pessoas conspiram concordam ou confederam entre si para cometer um crime contra os Estados Unidos (Título 18, Seção 371 do Código dos Estados Unidos). Será essa uma acusação que vai repercutir sobre todos que acobertaram o segredo de Mike ou é uma outra coisa (espero que não)? Só sei que quero MUITO ver!
– Curiosidade: A lei brasileira não tipifica o crime de conspiração, mas há algo semelhante, o crime de formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal Brasileiro). Há o entendimento de que: “Atos preparatórios não bastam, sendo necessário que o bem tutelado pela lei tenha corrido risco em conseqüência da conduta do agente.” Ou seja, só há crime a partir do momento em que ele é realizado – você pode conspirar a vontade, se não colocar em prática, tá de boas por aqui.
– O momento entre Louis e Jessica foi extremamente necessário. Louis sempre foi subestimado e subjulgado. Na situação em que estava, completamente acuada e quase sem alternativas, dizer que por mais que Louis votasse contra a permanência dela, ele permaneceria sendo da família, provavelmente significou o mundo para ele.
– Hardman mais uma vez apareceu para gente odiar muito. Tenho certeza que ele não deve ter ficado nada feliz com o fato de Forstman ter cortado seu patrocínio, minando sua oportunidade de dar um golpe de Estado no escritório. Certamente ele voltará.
– Soloff teve menos destaque. Mesmo agindo sob uma eventual ameaça, ele foi um babaca. Não acho que sua vida será um jardim de flores depois disso. Ou ele vai se aliar com Jessica ou vai ser perder de vez com Hardman. Mesmo assim, gostei muito da adição de John Pyper-Ferguson.
– Dra. Paula e Gretchen também foram ótimas caras novas, espero ver mais delas também.
– Mesmo orbitando na história do episódio, Donna teve ótimos momentos. Agora ela conheceu a Dra. Paula e a conversa entre as duas foi sensacional.
– O cabelo de Mike jovem adolescente revoltado pode ser comparado ao do Oliver Queen nos Flashbacks em Arrow, né? Horroroso igual! O penteado atual dele até ficou bonito se compararmos! rs.
– Muitos feels na cena em que o Mike se veste como se fosse o seu primeiro dia, se travestindo de tudo o que sua carreira utópica lhe deu e indo novamente de bicicleta para o trabalho.
– Sobre a família de Harvey, tenho a impressão que a mãe dele tá bem viva e vivendo com o tal de Bobby (lembram da conversa dele e o irmão em Not Just a Pretty Face?). Gostaria de continuar vendo essas questões serem trabalhadas.
– E sim, confesso que achei que Harvey sairia do escritório por conta de seus problemas emocionais. Sua demissão para salvar Jessica foi uma grata surpresa, mostrando que – querendo ou não – ele pela primeira vez conseguiu não pensar somente em si.
– Lindo o Harvey reconsiderando a frase em que ele sempre pautou a vida.
– Fantástica a trilha sonora desse episódio, não? Olha só a lista de músicas:
- River – Leon Bridges
Sister Song – Perfume Genius
Poison – Vauts
I Decline – Perfume Genius
When I Go – Keaton Simons
Quotes:
– Padre Walker: “Because sometimes we make choices we’re not old enough to make, and then we regret them.”
– Paula:“Why do you lie?
Harvey: “Because I was a grown man when it happened, and grown men keep their words when they say they’re gonna do something, not give in to weakness.”
Paula: “But it wasn’t weakness that made you break your word. It was love for your father.”
– Jessica: “Louis… Whatever happens, I want you to know Pearson will always consider Litt her partner.”
– Jessica: “I asked Gretchen to find Harvey this morning. I asked the wrong person.”
Donna: “I’ll find him.”
– Padre Walker: “Maybe you should blame yourself.”
Mike: “Right, and maybe I should blame myself for every earthquake or every war.”
Padre Walker: “That’s enough of the vanity, okay, Michael.”
-Paula: “What reason? For me to suggest that maybe she’ll understand that you leaving doesn’t mean that you don’t care about her. It means that you do.”
Harvey: “And what if that’s not why I told you all this? What if you’re wrong?
Paula: “Then I’ll be wrong. And you’ll be able to handle that.”
– Padre: ” Michael, I think you came to see me because when people are in crisis they’re searching for something more, usually something they’ve lost.”
Mike: “I lost my parents, and I’m not getting them back.”
Padre:”No, Michael, you lost your faith.”
-Donna: “In fact, I can tell you what you’re thinking right now.”
Paula:“What is that? You’re thinking two things, actually.”
Donna: “One, this woman would make an excellent therapist. And two Harvey has no idea what he’s missing.”
– Jessica: “Well, it seems Harvey won’t be joining us, so we may as well get started. We’re here because there’s a concern that I no longer have the best interests of the firm at heart but am instead focused on the selfish interests of certain individuals. For those of you who feel that way, there’s not much I could do at this point to change your minds. SoI’ll say I hope it remains my pleasure to serve this firm.”
– Harvey: “Look, let me be clear. The attack on this firm was an attack on me. Daniel blamed me for having to leave this firm, so he was trying to hit me where it hurt the most, namely this firm and my partners and my friends. But that’s over.”
– Mike: “Harvey, you didn’t just give me my dream. You gave me a family. But I’m gonna have a family of my own someday, and I can’t have all of this hanging over their heads.”
– Harvey: “You know, you once asked me why I hired you, and I told you it was because life is like this and I like this.
Mike: “Harvey, please, you can’t convince me”
Harvey: “Let me finish. It was like this not because of the risk we’re taking. It’s because of who you are.”
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