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Supergirl 2×14 – Homecoming

Por: em 3 de março de 2017

Supergirl 2×14 – Homecoming

Por: em

Com Homecoming, Supergirl retomou uma narrativa que há muito tempo já havia sido esquecida. E de certa forma, é tanto quanto decepcionante ver que um tema tão importante para a construção da história da série é esquecido tão facilmente em diversos momentos. Retomar com a história de Jeremiah Danvers e sua família foi um apelo emocional, mas que saiu de uma maneira errada, com uma história apressada, não deram a atenção devida para o personagem que permanecia uma incógnita até esse ponto da série.

Última vez que vimos Jeremiah foi em The Darkest Place, quando o patriarca da família Danvers resgatou Kara do cárcere onde a CADMUS mantinha ela e Mon-El. No entanto a série errou feio quando simplesmente deixou o assunto suspenso no ar durante mais sete episódios até retomar com ele. Talvez seja um reflexo da série vinda do canal CBS que ainda não se adequou a uma maneira linear de contar a história, e em muitos momentos Supergirl parece tomar um rumo procedural em sua narrativa. Foi assim em sua primeira temporada, quando as aparições da trama central, focada em Astra e seu exército buscando a supremacia alienígena na Terra, eram mais recorrentes e davam espaço para episódios semanais que contavam com vilões carismáticos e tentavam narrar um crescimento da heroína. Pois bem, a segunda temporada tenta reparar esse erro, mas ainda não alcançou o status linear em sua história com Arrow e The Flash seguem, basta uma olhada de relance em ambas as séries (não citei Legends of Tomorrow, porque essa ainda não pude assistir), que podemos ver claramente uma história que é construída ao longo da temporada, no entanto, em Supergirl dificilmente acompanhamos essa evolução e quando ela reaparece é somente sete episódios depois.

Nesse quesito a série ainda tem muito o que melhorar, afinal, a condução do episódio acabou sendo apressada e sequer tivemos tempo suficiente para apegarmos ao personagem de Dean Cain, quem vimos aparecer na série pouquíssimas vezes, antes de ele se revelar um verdadeiro cavalo de troia dentro das quatro paredes do DEO. Talvez se a série tivesse aproveitado esse tempo, desde a aparição do personagem para desenvolver sua história e como foi bandear para os lados inimigos, conseguiríamos nos apegar um pouco mais à revolta dos personagens, no entanto, a história contada de uma maneira apressada não nos permitiu fazer isso da maneira correta. É neste ponto que Supergirl precisa aprender a contar sua história, já que estamos lidando com uma trama muito maior que é a CADMUS e obviamente Jeremiah é um personagem importante que compõe todo o arco da agência anti-alienígenas. Com o retorno da CADMUS no episódio Luthors, a trama voltou a ganhar a devida atenção, no entanto, a aparição um tanto conveniente do patriarca Danvers na história ainda merece um desenvolvimento justo para entendermos melhor seu tempo como prisioneiro da organização e como acabou se aliando a eles.

O episódio pegou mais na veia emocional e deixou a lógica e sensatez de lado, mesmo abordando a história de maneira superficial foi devastadora a desilusão que a família Danvers sofre ao descobrir que pai recém recuperado estava trabalhando para os bandidos neste caso. Durante duas temporadas acompanhamos a agonia das irmãs por não saberem o paradeiro do pai, que julgavam ter sido morto durante uma operação. Nos momentos finais da primeira temporada descobrimos da existência da CADMUS bem como o paradeiro de Jeremiah e sempre ficou bem clara a lacuna deixada pelo agente de DEO quando ficou desaparecido. Quem mais sofreu com essa derrota foi Alex, que confiava cegamente no pai – e quem pode julgá-la por isso – para logo após descobrir que este já não era mais um dos mocinhos. Apesar de tudo isso é notável o esforço do roteiro em tentar pintar Jeremiah como uma espécie de vilão/herói incompreendido que está tomando atitudes drásticas em nome de algo maior.

Cá estamos ultrapassando a marca da metade da temporada, restando apenas oito episódios para a série concluir seu arco com a Cadmus, desenvolver a trama de Mon-El e porque está sendo perseguido por aqueles dois alienígenas, sem falar na clássica preparação de terreno para a próxima temporada e devemos contar com o episódio de crossover que virá daqui duas semanas, ainda assim Supergirl parece despreocupada em dar um desenvolvimento para sua narrativa que caminhe para seus momentos finais sem ter que apressar tudo desnecessariamente. Com a menção à família de Mon-El somada à ameaça de Jeremiah que sabe do passado do daxamita, pode ser que aí exista uma história para finalmente ganhar destaque nas próximas semanas, já que até então tivemos pequenas destaques aqui e ali, mas nada que justificasse um desenvolvimento por completo. Se Mon-El for de fato príncipe de Daxam e um dos que mantiveram um governo tão rigoroso é fácil ver o porquê Kara não aceitaria tão bem o namorado sabendo dessa parte da vida dele quando estava em seu planeta natal.

O relacionamento de Kara e Mon-El é outro ponto que merece uma devida atenção, uma coisa na qual todos podemos concordar é que um deslize do roteiro e tudo isso pode ser levado para uma discussão muito diferente da que eu venho levado aqui como uma pessoa que apoia o casal. Afinal, as personalidades discrepantes entre ambos personagens podem ser encaradas como algo que motive os dois a alcançar novas conquistas, ou pode simplesmente ser vista como algo muito errado. Embora exista um pouco de inocência em determinadas atitudes do príncipe de Daxam, ele conviveu tempo suficiente com Kara para saber que ela é dona de si mesma e heroína da sua própria história. E, embora por um lado podemos enxergar certo retrocesso numa série com um apelo feminista tão forte, podemos também ver por outro lado construção de uma história onde o homem aprenda a lidar como ser um parceiro e nem toda garota é uma donzela pedindo para ser salva. Aos poucos, Mon-El descobre que para ficar com Kara não é necessário bailes ou desfiles para objetificá-la e simplesmente aprender a ser seu parceiro.

Supergirl segue com sua abordagem forte e em um episódio que serviu como excelente artifício emocional pecou pelo seu roteiro apressado sem dar uma atenção maior para a trama que nos interessa de fato, de certa forma desperdiçamos um episódio inteiro semana passada com um arco de dia dos namorados, que se saiu muito bem como um alivio cômico para a temporada, porém perdemos valiosos minutos que poderiam ter sido usados para desenvolver essa história melhor. Mas vocês sabem como é, tudo questão de logística.

Observações

  • Lilian Luthor tem a faca – um míssil carregado com radiação da visão de calor de Kara como combustível para fazê-lo funcionar – e o queijo – lista com os nomes de todos os alienígenas registrados no governo – na mão. Podemos esperar coisa boa disso? Dificilmente.
  • Mon-El mandou bem quando viu que tinha algo errado com o retorno de Jeremiah, mas acusar o sogro durante a primeira reunião de família após anos, not cool man.
  • Jeremiah e Eliza Danvers também estão nos quadrinhos, introduzidos em 2016, Superman/Wonderwoman #29, quando adotam Kara após Supergirl perder seus poderes. Ambos são agentes do DEO.
  • Todos amando Maggie e Alex, mas ninguém tá vendo Winn finalmente se dando bem nessa jogada.
  • E leitores queridos, a partir de semana que vem já não sou eu mais que assumo as reviews de Supergirl. Por inúmeras razões vou ter que deixar os textos por um tempo e agora ficarão por conta da Carol, que também escreve sobre Legends Of Tomorrow e Crazy Ex-Girlfriend. Foi ótimo comentar com vocês os episódios semana após semana aqui.


Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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