Fica bastante difícil defender o formato de votação do SuperStar, que já em si é bastante complicado, quando a produção não colabora com a gente. Primeiro: quem fez essa divisão em duas partes, utilizou quais critérios? Porque houve uma concentração muito grande de acts que tiveram uma ótima audição e saíram de lá “favoritos” nesse primeiro episódio. Depois, essa cadeira meio 6-Chair-Challenge do X Factor me incomoda bastante. Qual o ponto de deixar os dois vocalistas das bandas ‘em risco’ no cantinho do palco? Só se for pra atrapalhar o julgamento do público sobre a apresentação que está acontecendo, porque qualquer ideia de tensão que isso poderia provocar não funciona, já que os vocalistas fazem a linha polida e se divertem com a apresentação do coleguinha, bem numa vibe dos Knockouts do The Voice (só que lá não se perde metade da apresentação com close na cara do coleguinha).

Em geral, foi uma boa tarde de apresentações e com um resultado justo. As eliminações foram adequadas – ainda tá cedo na temporada pro público começar a fazer cagada – e, em geral, as apresentações foram boas. Quem brilhou muito na audição fez um trabalho ok aqui, e duas ou três bandas que tiveram uma votação/recepção média brilharam mais do que na primeira oportunidade. Fernanda Lima continua maravilhosa, aliás, e Dani Mercury continua montadíssima na missão de ser o Carlinhos Brown falar coisas bonitas mas sem sentido e fazer caras, bocas e passos de dança bizarros sempre que possível.

Negra Cor – Toda Menina Baiana / Sorry

Na maiorias das fases ao vivo de realities musicais por aí, a primeira apresentação da noite (ou tarde, enfim) recebe a maldosa alcunha de death spot, porque geralmente o público já esqueceu do artista lá no fim do programa, encantado por outras apresentações, e a votação é menor. No caso do SuperStar, não tem isso não. É até melhor ser a primeira banda, já que não há com quem o público comparar enquanto a votação rola ao vivo. Negra Cor se aproveitou bem disso e, com uma performance mediana, conseguiu uma votação expressiva que a tirou da maldita Zona de Risco com bastante rapidez. Foi uma apresentação coesa, muito bem arranjada, e é nisso que a banda se apoia. A sacada de colocar a melodia de Sorry foi uma das coisas mais inteligentes que eu já vi em três temporadas desse programa. Os vocais do amigo de Daniela podem funcionar perfeitamente num trio mas na televisão eles acabam saindo fracos, mas a vibe “mistureba” da banda é perfeitamente executada e muito convincente, então não há o que temer pelo menos pelos próximos episódios.

Georgia – Proud Mary

Georgia não seria uma banda/coro de soul e rock se não cantassem Proud Mary. E olha, que performance. Não tinha simpatizado muito com Georgia na primeira audição, mas hoje eles me calaram. As harmonias funcionaram perfeitamente, e os vocais da principal, ainda que, como Sandy pontuou, eventualmente passassem a afinação e beirassem o berro, foram bastante sólidos – o suficiente para coroar a música com a energia que ela precisa. E a glory note em harmonia do final me lembrou bastante a versão que o elenco de Glee fez dessa música, se utilizando do mesmo recurso. Sim, isso é um elogio.

Samba de Donanna – Não Me Deixe Só / Qual É?

Samba de Donanna é o suprassumo da ideia de como essa zona de risco é toda torta. A apresentação foi de média pra ok, a votação foi razoável pros padrões da 2ª fase, mas a Elaine ficou lá sentadíssima metade do programa recebendo close na cara sem propósito nenhum, pra depois não ser nem eliminada. Enfim, mas é aquele ditado: vamo fazer o que? Críticas sobre o formato à parte, a apresentação de Samba de Donanna foi bem interessante, com um gingado legal regido por um arranjo massa. Nada muito surpreendente, mas estamos cedo na competição então não é muito motivo para preocupação. Os vocais dela são consistentes, mas acho que não o suficiente para levar a banda muito mais longe na competição – a não ser é claro, no caso de um wow moment ou qualquer coisa do tipo. Essa votação é irritantemente imprevisível.

Plutão Já Foi Planeta – Você Não É Mais Planeta

Com a audição incrível, fui pesquisar um pouco mais sobre Plutão Já Foi Planeta e acabei esbarrando num EP deles, de onde saíram as duas faixas das apresentações no programa até aqui. Assim como a primeira, Você Não É Mais Planeta é uma faixa indie popzinha mais jogada pro mainstream, e que funciona perfeitamente. Letra e melodia são muito competentes, e carregadas por vocais sólidos como os de Natália, não tem como dar errado. Cada vez mais a banda vai se solidificando e garantindo sua passagem pra final – onde provavelmente vai perder para alguma banda inferior mas com mais apelo.

Melim – Anunciação / Put Your Records On

Engraçado o set ter colocado Plutão e Melim seguidos, porque as bandas são bastante parecidas em alguns aspectos. Sabem qual o melhor recurso, têm popularidade, têm bom palco e são lideradas por mulheres ótimas. Melim enveredou nesse surf pop, que nada mais é que um mainstream distorcido (bem Colbie Caillat mesmo) e por enquanto tem dado certíssimo. O uso quase irrestrito das harmonias é um ótimo recurso, principalmente porque os dois rapazes funcionam menos como backing vocals e mais como vocalistas per se. Hoje, inclusive, parece que ela não estava no melhor dia – a impressão que fiquei era de que a faixa estava aguda demais pra ela – e foi uma oportunidade dos rapazes brilharem também. O medley deu bastante certo, ainda que, por motivos óbvios, Anunciação e o arranjo de percussão tenham funcionado melhor que o trecho em inglês, e Melim tem que ser bastante observada na competição.

Bellamore – Teu Talento

Depois de berrar muito em Come Together, Bellamore voltou pro top 20 quase fora das minhas memórias. Essa história de “música composta por um amigo” sempre me soa bastante suspeita, mas não importa porque: deu certo. A melodia da faixa – que eu não sei se foi composta pelo amigo também – foi uma das melhores da tarde. Como disse Sandy, a percussão eletrônica é quase orgânica, orna muito bem com a #GuitarraPesadona e com os vocais medianos do vocalista. Vocais esses que são minha única preocupação, já que a primeira estrofe foi bem azedinha – o grave dele não é muito consistente – e a apresentação (e os votos) foi engatar lá no refrão. Bellamore é dessas que não brilhou tanto na audição mas sai daqui com uma estrelinha de “cuidado com eles”.

OutroEu – Budapest

Fernanda Lima começou a apresentação da banda dizendo que “o pacote tá completo”. Terei que concordar com ela. OutroEu não fez nada de extraordinário ainda, mas tem alguma coisa na banda que não permite criticá-los enfaticamente. Mais 5 performances dessa e eu não posso prever onde esses garotos vão para (mentira, posso sim: lá na final). A escolha da música foi ótima, caiu como uma luva na voz e na ideia que tínhamos sobre o espírito folk pop da banda, além de favorecer momentos bons vocalmente, principalmente lá pelo fim da canção. Não é como se precisasse de algo extraordinário para OutroEu se firmar na competição, saindo desse Top 20 como um dos favoritos.

Troia – Chuva de Arroz

Troia é uma banda muito ambígua. Apesar da estranheza inicial ao conceito de boyband sertaneja, eles não são de todo ruins. A questão pra mim é que, sendo uma boyband, eles cumprem o quesito básico que é “harmonia”. Porém, individualmente, eles são bem inconstantes, todos, do grave forçado do branquinho aos berros e rasgos de Hugo, pouco se convence nessa farofa. Com esse arranjo eletropop tosquinho que eles provavelmente “ganharam”, não fiquei de todo surpreso que eles foram eliminados – ok que se Dani e Paulo tivessem dado sim, eles não teriam sido aprovados mas com uma das votações mais expressivas. E é essa a graça (?) desse programa.

Pausa para a SuperBanda. Continuo achando um desserviço à cultura nacional esse bloco, mas pelo menos Samanta Schmutz é toda divertosa e fez um trabalho melhor que seus parceiros homens nos programas anteriores. E vamo conversar que Everything is Everything é um hino de primeira.

Turnê – No Meu Lugar / Best Of You

Essa apresentação tinha tudo pra dar certo. Arranjo certinho, apoio do público na audição, personalidade. Mas não deu. E ouso “culpar” a vocalista por isso. Ela estava extremamente nervosa, desafinou horrores, e de um jeito ou de outro o público acaba sentindo isso e se sentindo menos estimulado a votar. Na parte de Best For You ela até recorreu a uma técnica bastante questionável que é BERRAR INCONTROLAVELMENTE. Às vezes dá certo, mas numa apresentação que já tava numa situação complicada, não deu. Menos uma.

POWERTRIP – Another Brick In The Wall / The Happiest Days Of Our Lives